21 de outubro de 2013

A VIDA DE JESUS - ESTUDO IV - SEUS OBJETIVOS DE VIDA



Pr. José Vidigal Queirós 




Introdução
A vida de uma pessoa só tem real significado e importância quando é orientada por objetivos previamente definidos. As grandes realizações nascem de homens que têm grandes ideias e grandes ideais. Assim foi com Jesus que, antes de começar seu ministério, tinha consciência de quais os fins para os quais Deus, o Pai, o enviou ao mundo. Jesus viveu e morreu em função do cumprimento do eterno desígnio de Deus. Em busca da concretização do desígnio divino, Jesus definiu três objetivos fundamentais em função dos quais haveria de viver e morrer: a restauração espiritual de Israel, o estabelecimento do reino de Deus no mundo e o preparo de discípulos para o exercício da missão divina no mundo.

1. A restauração espiritual de Israel

O primeiro referencial de Jesus para o alcance do seu grande objetivo de vida foi a busca dos remanescentes do povo de Deus, uma vez que a sua geração contemporânea “adúltera e pecadora” (Mc 8.38) já atingira o limite da tolerância divina – Ó geração incrédula! até quando estarei convosco? até quando vos hei de suportar?...” (Mc 9.19), estava perdida e destinada ao juízo de Deus – “Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito que elas se teriam arrependido com pano de saco e cinza. E, contudo, vos digo: no Dia do Juízo, haverá menos rigor para Tiro e Sidom do que para vós outras. Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura, até ao céu? Descerás até ao inferno; porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se fizeram, teria ela permanecido até ao dia de hoje. Digo-vos, porém, que menos rigor haverá, no Dia do Juízo, para com a terra de Sodoma do que para contigo” (Mt 11.20-24).
Mesmo neste estado grave em que o povo de Deus se encontrava, Jesus acreditava que havia um remanescente que deveria ser trazida ao reino. Com este intuito ele confessou: “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt 15.24). Esta foi a razão pela qual, ao orientar os seus discípulos sobre o trabalho missionário inicial, Jesus ordenou-lhes, dizendo: “... procurai as ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt 10.6).
A dedicação de sua vida e ministério à restauração de Israel foi motivada pelo intenso amor pelo seu povo. Ao avistar as multidões de pobres e famintos que o seguiam, “compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9.6). Em seu ministério na Galileia, vendo as multidões de coxos, aleijados, cegos, mudos e muitos outros enfermos, ele os curou e, dirigindo-se aos seus discípulos, declarou: “Tenho compaixão desta gente, porque há três dias que permanece comigo e não tem o que comer; e não quero despedi-la em jejum, para que não desfaleça pelo caminho” (Mt 15.32).
O chamado dos remanescentes ocorria pela pregação do “evangelho do reino” (Mt 4.23). Ele sabia de antemão que nem todos os chamados haveriam de ser escolhidos para o reino, pois muitos deles não cumpriam as exigências que ele impunha: fé e arrependimento. Por isso, ele declarou: “... muitos são chamados, mas poucos escolhidos” (Mt 20.16; 22.14). Durante toda a sua vida, Jesus se dedicou à colheita dos remanescentes de Israel para que, através deles, constituísse sua igreja, a qual haveria de se tornar a agência de promoção do reino de Deus no mundo.

2. O estabelecimento do reino de Deus a partir de Israel
Depois que João foi preso, “veio Jesus para a Galileia, pregando o evangelho do reino de Deus e dizendo: O tempo está cumprido, o reino de Deus está próximo, arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1.14-15).
Sua pregação do “Evangelho do Reinoera acompanhada de sinais que manifestavam o poder ativo e redentor de Deus no estabelecimento do seu reino no mundo. Os milagres, principalmente os exorcismos, comprovavam que o reino estava presente no mundo pela atuação do Messias (Mt. 12:22-29). Satanás, que mantinha cativos os homens e tornara-se “o príncipe deste mundo”, estava agora sob o domínio do Messias e seureino” estava sendo saqueado (Mt. 12:28-29).
Durante a tentação no deserto, Satanás havia oferecido “a glória destes reinos” a Jesus, mas na condição de que a ele Jesus se sujeitasse (Lc. 4:5-8). Satanás estava disposto a “negociarsuaautoridade” com Jesus, a quem ele encarava como um invasor celestial, antes que seu reino fosse totalmente saqueado.
Jesus tinha consciência de que sua vinda ao mundo traria consequentemente a ruína definitiva de Satanás, removendo-o do comando dos reinos das nações, ao declarar: “Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo” (Jo 12.31). Ao ser acusado pelos judeus e interrogado por Pilatos sobre sua pretensão de estabelecer um reino no mundo, Jesus respondeu: Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo (Jo 18.37). Mesmo assim, ele não pretendia que seu reino fosse uma monarquia política. Esta foi a razão pela qual Jesus se defendeu da acusação nos seguintes termos: “O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; entretanto o meu reino não é daqui” (Jo 18.36).
Não há nenhuma dúvida de que Jesus viveu e morreu focado no reino de Deus.

3. O preparo de seus discípulos para a missão no mundo
Jesus sempre esteve ciente de que não devia fazer tudo sozinho; principalmente, no que diz respeito ao futuro de sua nação. Portanto, desde o início de seu ministério cuidou em fazer uma seleção de discípulos a quem haveria de treinar para a missão que, posteriormente, haveria de se realizar até os confins da terra.
Seus primeiros discípulos eram galileus – “Caminhando junto ao mar da Galileia, viu os irmãos Simão e André, que lançavam a rede ao mar, porque eram pescadores. Disse-lhes Jesus: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco consertando as redes. E logo os chamou. Deixando eles no barco a seu pai Zebedeu com os empregados, seguiram após Jesus” (Mc 1.16-17).
Transformar pescadores de peixes em “pescadores de homens” é uma tarefa que demandaria tempo, esforço, conhecimento e experiência. Os anos que se seguiram (três anos) foi o tempo que Jesus gastou para treinar os seus discípulos. Ainda no primeiro ano de ministério, Jesus completou a seleção de doze dentre os seus primeiros seguidores, formando seis duplas: “Simão, por sobrenome Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o Zelote, e Judas Iscariotes, que foi quem o traiu” (Mt 10.2-4).
Tanto Jesus como os seus discípulos empreenderam várias viagens missionárias durante o processo de treinamento. Era necessário que, antes de entregar a eles a responsabilidade de “fazer discípulos de todas as nações”, seus discípulos tivessem a experiência não só da proclamação do evangelho, mas também do embate contra os poderes do mal. Por isso, “deu-lhes Jesus autoridade sobre espíritos imundos para os expelir e para curar toda sorte de doenças e enfermidades” (Mt 10.1). Então, os enviou dando as seguintes instruções: “Não tomeis rumo aos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos; mas, de preferência, procurai as ovelhas perdidas da casa de Israel; e, à medida que seguirdes, pregai que está próximo o reino dos céus. Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios...” (Mt 10.5-8).
Durante os três anos que durou o seu ministério, Jesus se dedicou prioritariamente ao preparo dos seus discípulos e, no encerramento, orou por eles declarando a Deus: “Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer” (Jo 17.4); e enfatizou: “Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo” (Jo 17.18).

Conclusão
Tudo que Jesus propunha a fazer de sua vida ele realizou. Seus objetivos foram todos alcançados: conquistou remanescentes dentre os seus patrícios, implantou o reino de Deus e preparou discípulos a quem entregou a missão de promover o seu reino no mundo.




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