25 de janeiro de 2016

O PLANO PEDAGÓGICO DE DEUS PARA O LAR

Texto Bíblico: Dt 6.1-9

Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou o SENHOR, teu Deus, se te ensinassem, para que os cumprisses na terra a que passas para a possuir; para que temas ao SENHOR, teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida; e que teus dias sejam prolongados. Ouve, pois, ó Israel, e atenta em os cumprires, para que bem te suceda, e muito te multipliques na terra que mana leite e mel, como te disse o SENHOR, Deus de teus pais. Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.


Introdução

A família é uma instituição divina e, por isso, Deus é o fundamento da vida familiar e a sua Palavra é o manual de regência do lar. O texto supra citado revela que Deus designou a família como a instituição responsável por fazer de cada indivíduo uma pessoa temente a Deus. A razão disso é que Deus, em sua aliança com Abraão, prometeu que através dele e de sua descendência haveria de abençoar todas as famílias da terra (Gn 12.1-3; 22.15-18). Como filhos de Abraão segundo a fé (Gl 3.6-9), todos os cristãos são os canais da bênção prometida a todas as famílias da terra.
Servir a Deus é o propósito de existência de todo ser humano e a família é o ambiente que Deus preparou para que isso aconteça. Todo indivíduo é aquilo que as estruturas da família produziram nele; e o lar é o ambiente onde sua personalidade é forjada. A família é uma instituição pedagógica divina designada para habilitar cada ser humano a ter um relacionamento ajustado com o seu Criador.
A necessidade do ensino bíblico no lar justifica-se pelo fato de que todo comportamento é resultado de um processo pedagógico de aprendizagem. Para isso, Deus definiu uma estratégia para que a família cumpra o seu papel educativo no plano de Deus. Trata-se, portanto, do plano pedagógico divino que consiste dos seguintes elementos:

1. A fonte do ensino a Palavra de Deus – “mandamentos, estatutos e juízos” (v. 1).

2. O propósito do ensino – o temor e a obediência a Deus – “... para que temas ao Senhor teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos, que eu te ordeno...” (v. 2).

3. Os aprendizes todos da família – “tu, teu filho e o filho de teu filho” (v. 2).

4. O conteúdo do ensino – a dedicação total da vida a Deus – “Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças” v. 5).

5. Os responsáveis pelo ensino – os pais – “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás aos teus filhos” (v. 7).

6. O ambiente propício – no lar e em qualquer lugar – “e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te (v. 7).

7. Os resultados esperados – as bênçãos de Deus – “para que bem te suceda e muito te multipliques” (v. 3).


Conclusão

A ignorância sobre Deus e seus desígnios tem sido a causa primária de vidas que se perdem, de casamentos desfeitos e de lares desmoronados. O plano pedagógico de Deus é a única alternativa que a família dispõe para evitar essa tragédia. Portanto, conheça a palavra de Deus e ensine-a seus filhos. Todo pai de família foi designado por Deus como sacerdote do lar e como mestre do seu filho. Portanto, se você, o chefe de sua família, não assumir esta função, saiba que o diabo se encarregará de prover um substituto em seu lugar. O resultado disso já sabemos qual será. Portanto, faça do seu lar a melhor escola do mundo e desfrute com sua família dos resultados maravilhosos, que são as bênçãos prometidas por Deus a todos os que adotam o plano pedagógico divino.




20 de janeiro de 2016

OS FALSOS E OS VERDADEIROS CRISTÃOS



TEXTO: Tiago 2.1-26


A fé sem obras é morta

Fé e Obras

 “Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso? Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta.  Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé. Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios creem e tremem. Queres, pois, ficar certo, ó homem insensato, de que a fé sem as obras é inoperante? Não foi por obras que Abraão, o nosso pai, foi justificado, quando ofereceu sobre o altar o próprio filho, Isaque? Vês como a fé operava juntamente com as suas obras; com efeito, foi pelas obras que a fé se consumou, e se cumpriu a Escritura, a qual diz: Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça; e: Foi chamado amigo de Deus. Verificais que uma pessoa é justificada por obras e não por fé somente. De igual modo, não foi também justificada por obras a meretriz Raabe, quando acolheu os emissários e os fez partir por outro caminho? Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta”. (Tg 2.14-26).


Introdução
Esta passagem bíblica é o âmago da Epístola de Tiago, cujo tema está diretamente relacionado à prática das obras como critério de legitimação da fé. Ele propugna a ideia de que somente através da prática de boas obras é que uma pessoa pode ser identificada como um verdadeiro crente.  Caso contrário, sua fé é espúria, inútil. Muitos cristãos cometem o erro fatal de acreditar que estão salvos por terem sido batizados após sua pública profissão de fé em Jesus. Não nossas palavras, mas nossos atos comprovam a legitimidade da fé que professamos. A verdade central desta passagem é a seguinte: a prática ou a omissão das obras identificam, respectivamente, os verdadeiros e os falsos cristãos. Como demonstração desta verdade, Tiago aponta detalhes que nos habilitam a fazermos a distinção entre os falsos e os verdadeiros cristãos.

1.   Características dos falsos cristãos (v. 14-19)
      
      1.1. A primeira é a hipocrisia de seu caráter (v. 14-17).

Tais pessoas nunca praticam aquilo que dizem. Afirmam com veemência “eu creio!” – e até são sinceras ao afirmarem isso – mas são omissas no que diz respeito às obras. “Qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo? (2.14). Esta é a questão fundamental levantada por Tiago. A resposta, embora implícita, não pode ser outra, senão: Nunca! Isso é impossível.
Mesmo afirmando veementemente que creem, os omissos manifestam sua hipocrisia por meio de sua falsa piedade. Ao ver pessoas pobres (até mesmo irmãos) desprovidos dos recursos básicos para sobrevivência – “carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano” (2.15) – tais pessoas, esforçando-se por parecer bondosas, dizem com cortesia: “Ide em paz” (palavra de bênção), “aquecei-vos e fartai-vos” (palavra de consolo), mas se eximem da responsabilidade de suprirem os necessitados, estando no seu alcance fazê-lo (2.16). Tais pessoas são testemunhas audazes de sua fé morta (2.17).

Princípio a ser aplicado: - Uma forma de vida que nada custa não vale nada.

1.2. A segunda característica do falso cristão reside no engano de sua falsa crença (v. 18-19).

Nos versículos 18 e 19, Tiago pressupõe a possibilidade de uma crença falsa predominar no seio da igreja. Suas palavras de argumentação nos levam a perceber que esta concepção errada é fatal para a vida eclesiástica. A razão disso é o possível surgimento de um antagonismo doutrinário divisor de opiniões entre extremistas defensores da fé, por um lado, e radicais defensores das obras, por outro. Eles já estão ativos em nossos dias. O que foi uma possiblidade no passado remoto hoje é realidade.
Sendo ambos irredutíveis, deixam-se levar por aquilo que os dominam: a carne. A rivalidade se estabelece quando alguém, fazendo uso das Escrituras, diz: “Tu tens fé, eu tenho obras” (2.18). Pronto, o conflito já se estabeleceu no campo da soteriologia: a doutrina da justificação. Agora, novos e diferentes conceitos serão atribuídos tanto à “fé” (como sendo de fonte divina) como também às “obras” (como sendo de fonte humana). Os ânimos são excitados e a polêmica prossegue: “... mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, mostrarei a minha fé” (2.18).
Segundo Tiago, a atitude dos adeptos da “fé sem obras” torna-os semelhantes aos demônios. “Crês tu que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios creem e tremem” (2.19). Ao levantar esta questão, Tiago não contempla o pecador perdido, necessitado de uma legítima conversão. Ele está se referindo a pessoas que professaram sua fé em Cristo (2.1), mas não deram nenhuma evidência de que são realmente regenerados. Tiago entende que tais pessoas são crentes de religião sem compromisso, de uma fé irresponsável. Crentes deste tipo têm algo em comum os demônios: ambos “creem”; mas apenas em um aspecto são distintos: os demônios “tremem” (2.19). Fé sem obras é passaporte para o inferno.
Desvios doutrinários só surgem quando emergem de uma interpretação eixegética e não exegética. O conflito aqui é semelhante ao antagonismo inconciliável entre calvinismo e arminianismo. Quando uma doutrina é mal interpretada na igreja, os danos são terríveis e o pior deles é a divisão, a facção que rompe a comunhão, excita o ódio dos radicais e a rebeldia dos insubmissos. Sentimentos e emoções exacerbados ocupam o lugar do bom senso e da razão, e o amor é substituído pela intolerância, culminando no ódio. Pela quebra da unidade, como resultado do conflito, duas novas “igrejas” emergirão dando origem a duas novas “denominações”: a igreja da fé e a igreja das obras. Cada uma delas, acreditando ser a detentora exclusiva da verdade, irá propugnar sua doutrina, visando ganhar novos prosélitos. Apenas uma coisa em comum ainda irão preservar: ambas vão usar a mesma Bíblia.
Uma vez que as Escrituras não se contradizem e a regra fundamental da Hermenêutica reza que a Escritura é interpretada pela Escritura, deduzimos que a teologia de Paulo da justificação pela fé (salvadora) sem as obras não é incompatível com a tese de Tiago, de que as obras dão legitimidade à fé (salvadora). Uma teologia (a de Tiago) complementa a outra (a de Paulo). São como duas faces de uma mesma moeda. O paradoxo é explicado pelo fato de que Paulo se refere ao pecador fora de Cristo, em seu estado de impiedade, antes da regeneração, enquanto Tiago se reporta ao pecador convertido, após a regeneração. Significa dizer que, embora sejamos salvos pela soberana graça divina, por meio da fé que nos é concedida como dom de Deus (Ef 2.8), e não por meio das obras para que ninguém se glorie (Ef 2.9), tal salvação implica, logicamente, num resultado imediato: a prática das “boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10). Assim, a visão de Paulo se harmoniza com a visão de Tiago.

Princípio a ser aplicado: A fé justifica a vida e as obras justificam a fé.

2.  Características dos verdadeiros cristãos (v. 20-26)

2.1.    A submissão e obediência a Deus (v. 21-23).
Dando prosseguimento a seus argumentos, Tiago apresenta dois exemplos de crentes verdadeiros, um homem e uma mulher, Abraão e Raabe. Ele descreve Abraão com o perfil de uma pessoa que manifesta verdadeira fé, citando a maior prova de submissão e obediência a Deus que um pecador pode dar: o sacrifício de seu próprio filho. Nos versículos 20 a 23, Tiago declara que pela atitude de Abraão, “a fé operava juntamente com as suas obras; com efeito foi com as obras que a fé se consumou” (2.22), dando cumprimento à Escritura que afirma: “Abraão creu em Deus e isto lhe foi imputado para justiça” (2.23). A exemplo de Abraão, os atos de obediência dos verdadeiros crentes justificam sua fé. Portanto, aprovados pela fé, são reputados como justos aos olhos de Deus.

2.2.    Uma vida transformada (v. 25)

Verdadeiros cristãos seguem o exemplo de Raabe. Ela era uma cananeia habitante de Jericó. Os cananeus eram descendentes de Canaã sobre quem Noé, seu avô, lançara uma terrível maldição (Gn 9.24-27). Raabe já tivera conhecimento de quem eram os hebreus e de como o seu Deus havia tratado os egípcios e os povos que se levantaram como inimigos dos hebreus. Ela sabia que o Rio Jordão se abriu para dar passagem a mais de meio milhão de homens armados para invadir sua cidade e destruir seu povo. O testemunho que ela deu aos dois espias é realmente impressionante: Bem sei que o Senhor vos deu esta terra, e que o pavor de vós caiu sobre nós, e que todos os moradores da terra se derretem diante de vós. Porque temos ouvido que o Senhor secou as águas do Mar Vermelho diante de vós, quando saístes do Egito, e também o que fizestes aos dois reis dos amorreus, Siom e Ogue, que estavam além de Jordão, os quais destruístes totalmente. Quando ouvimos isso, derreteram-se os nossos corações, e em ninguém mais há ânimo algum, por causa da vossa presença; porque o Senhor vosso Deus é Deus em cima no céu e embaixo na terra(Josué 2.9-11).
Sua única alternativa era refugiar-se no Deus de Israel. Portanto, num ato de verdadeira fé, ela apostou sua vida em Deus. Movida pela fé e pela esperança de compartilhar da bênção derramada sobre os hebreus, ela arriscou sua própria vida, protegendo os espiões enviados por Josué à cidade de Jericó. Fez isso como ato de abnegação, de verdadeiro altruísmo, pelo dever de obediência que sua fé em Deus lhe impunha.
Altruísmo é uma atitude de abnegação. O altruísta reconhece que o fim da conduta humana é o bem do outro e não o do seu próprio ser. O cristão altruísta sempre age motivado pelo senso do dever a cumprir, reconhecendo que as boas obras são uma imposição da fé em obediência a Deus. Por isso, as obras justificam (legitimam) a fé.
Há outro lado da vida de Raabe: a transformação completa de sua vida. Ao receber a promessa de abrigo e amparo para ela e toda a sua família, Raabe encontrou em Israel, o povo santo de Deus, um futuro melhor e uma vida totalmente transformada. Seu passado haveria de ser apagado da memória de todos que a conheceram como prostituta e a viram na miséria. Por causa de sua fé, seu passado infame foi sepultado pelo perdão de Deus no vale do esquecimento e ela se tornou uma mulher santa, tão santa quanto as mulheres israelitas. O perdão de Deus e sua santidade de vida deram-lhe uma nova reputação.
O melhor de tudo, em sua história de vida, é que Raabe se casou com alguém da família sacerdotal de Arão e seu nome aparece na lista dos ancestrais de Jesus, o nosso Salvador. Veja o que a Escritura diz: “... a Arão nasceu Aminadabe; a Aminadabe nasceu Nasom; a Nasom nasceu Salmom; a Salmom nasceu, de Raabe, Booz; a Booz nasceu, de Rute, Obede; a Obede nasceu Jessé; e a Jessé nasceu o rei Davi...” (Mt 1.4-6).

Princípio a ser aplicado: as obras testificam da fé de pecadores verdadeiramente convertidos.

Conclusão

Certos tipos de árvores produzem certos tipos de frutos. Assim também é nossa fé. Se estamos em busca de verdadeiros crentes, devemos procurar pessoas cujas obras proclamam a fé que professam ter; pessoas cujos atos são coerentes com suas palavras. O princípio que rege a carta de Tiago descreve a religião como pragmática. Sem as boas obras, nos diz Tiago, a fé dos que dizem ser crentes é inútil. Para ele, tais pessoas estão espiritualmente mortas. Elas e os demônios têm algo em comum: ambos creem; em apenas num aspecto são distintos: os demônios estremecem.
Tiago nunca acreditou que somos salvos pelas obras. Não há absolutamente nada que possamos dizer ou fazer que acrescente algo ao que Jesus já fez na cruz. Portando ele nos ensina que podemos reconhecer a fé salvadora por meio das obras que ela produz na vida dos que creem. Tiago nos desafia a examinarmos nossa consciência e avaliarmos os nossos atos para que nossa fé seja julgada e nossa identidade reconhecida. Sejamos cristãos autênticos, cujas obras testifiquem a veracidade da fé que professamos.