Pr. José Vidigal Queirós
Introdução
No que se refere ao propósito da
vinda de Jesus ao mundo, ele deixou bem claro que: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a
sua vida em resgate de muitos” (Mt 20.28; Mc 10.45). A morte de Cristo é o
âmago do evangelho. Os escritores dos quatro evangelhos são unânimes em
concluir suas narrativas, dando ênfase à morte e ressurreição do Senhor Jesus. Mas
qual teriam sido as razões pelas quais eles consideraram a morte de Cristo a
obra de maior destaque?
Dentre outras causas, a morte de
Jesus ocupa lugar de maior destaque nos evangelhos pelas seguintes razões. Em
primeiro lugar, é a principal razão da encarnação (Mc 10.45; Hb 9.26). Em
segundo lugar, ela é essencial para a nossa salvação, pois sem o sacrifício de
sua vida não haveria jamais remissão de pecados (Hb 9.22-26). Considerando
estes fatos, a abordagem que faremos ao tema deste estudo tem como objetivo
central explicitar o significado e a extensão da morte de Jesus, o Filho de
Deus.
1. A morte de Cristo foi um sacrifício vicário
Por morte vicária queremos dizer
morte de alguém em lugar de um condenado. Significa dizer que a morte de Jesus foi um sacrifício de
expiação. De outra forma, podemos dizer que a morte de Jesus foi vicária. O profeta Isaías parece nos dar
a verdade central ao declarar que Deus fará da vida do seu Servo (Cristo) uma
oferta pelo pecado (Is 53.10).
Expiar significa remir a culpa, cumprindo pena. No caso
de Jesus, ele remiu nossa culpa cumprindo em nosso lugar a pena dos nossos
pecados; e, por isso, sua morte foi um sacrifício
vicário. Ele foi o nosso substituto
ao sofrer em nosso lugar o juízo divino, isto é, a sentença que pesava sobre
nós caiu sobre ele. “Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por
causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e
pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como
ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele
a iniquidade de todos nós” (Is
53.5-6).
O apóstolo Paulo ensinou aos
crentes da Igreja em Corinto: “Cristo
morreu pelos nossos pecados“ (1Co 15.3); “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que
nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co 5.21). Aos romanos ele ensinou: “Mas Deus prova o seu amor para conosco pelo
fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8).
Todas estas passagens nos revelam com clareza que a morte de Cristo foi um
sacrifício vicário pelo qual, ele, mesmo sendo justo, pagou a pena de morte em
lugar dos verdadeiros culpados.
2.
A
morte de Cristo satisfez a lei e a justiça de Deus
A Bíblia nos ensina enfática e
claramente que Deus é santo. Como santidade é o atributo por excelência do ser
de Deus, é justo que ele receba algum tipo de satisfação para remover o ultraje do pecado que maculou a honra
divina. A satisfação a que nos referimos diz respeito à justiça divina.
Esta justiça consiste na
excelência moral que exige a justa distribuição de recompensas e castigos, onde
a obediência será recompensada e o pecado será punido. Assim sendo, a punição do pecado que Jesus
sofreu em nosso lugar é uma satisfação penal que traz os benefícios da graça
divina a todos os pecadores. Mais que a justiça, a morte de Cristo satisfez às
exigências da lei de Deus que impõe a pena de morte a todos os pecadores – “O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito
de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus” (Rm 3.23).
Este versículo nos revela que a
morte é a justa e única retribuição divina da qual os pecadores são dignos. Uma
vez que Cristo cumpriu a lei de Deus sem ter pecado, ele foi perfeitamente
justo perante Deus e, assim, conquistou o mérito da vida eterna e a transfere,
por meio do seu sacrifício, como benefício a todos os pecadores que nele creem.
Por ter Cristo cumprido a lei de Deus sua morte satisfez plenamente a justiça
divina.
O apóstolo Paulo, tentando
explicar como Cristo satisfez a justiça de Deus, escreveu em Rm 3.23-26 o
seguinte: “Porque todos pecaram e destituídos estão
da glória de Deus; Sendo
justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para
demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a
paciência de Deus; para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja
justo e justificador daquele que tem fé em Jesus”.
3.
A
morte de Cristo foi um resgate pago a Deus
Resgate significa o pagamento de
um preço para livrar alguém que esteja aprisionado. Neste sentido, Jesus
declarou a razão de seu sacrifício nos seguintes termos: “... o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e
para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mt 20.28). Tudo que o homem tem
de maior valor ele já perdeu: a vida; portanto, nada lhe resta de valor que
seja oferecido como resgate de sua alma. Eis a razão pela qual a vida de Jesus
foi oferecida a Deus como pagamento da dívida que cada pecador tem para com
Deus, mas acha-se impossibilitado de quitá-la.
Os escritores do Novo Testamento
falam da morte de Cristo como sendo uma obra de redenção (Lc 1.68; 2.38; Hb 9.12). Descrevendo a obra redentora de
Cristo, o apóstolo Paulo declarou: “Porque
fostes comprados por preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo” (1Co
6.20; cf 1Co 7.22-23). O apóstolo Pedro acrescenta: “... sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que
fostes resgatados da vossa vã maneira de viver, que por tradição recebestes dos
vossos pais, mas com precioso sangue, como de um cordeiro sem defeito e sem
mancha, o sangue de Cristo” (1Pe 1.18-19). Como consequência
do resgate pago por Cristo, cada resgatado passa a ser, por direito, “propriedade peculiar” (1Pe 2.9) do
Senhor que o libertou, isto é, um “escravo
de Cristo” (1Co 7.22-23).
Conclusão
O pecado foi a pior das tragédias
que se abateu sobre a raça humana. Não só a honra de Deus foi ferida, mas
também sua santidade. Por esta razão, Deus aplica sua justiça, retribuindo ao
homem com uma sentença de morte. Movido pelo amor que tem por suas criaturas, o
próprio Deus enviou o seu Filho ao mundo para, por meio dele, salvar os
pecadores. Portanto, tendo cumprido a lei e satisfeito a justiça de Deus,
Cristo morreu em nosso lugar como resgate de nossas almas.
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