Pr. José
Vidigal Queirós
Introdução
O estudo sobre a exaltação de
Cristo envolve dois temas dos mais importantes da doutrina cristã: a
ressurreição e a ascensão de Cristo. A ressurreição é o ápice da doutrina
cristã e a razão principal da existência do Cristianismo como religião. A
verdade central Cristianismo confessa que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, o
qual, para salvar a humanidade e livrar a criação da maldição do pecado, se
encarnou, morreu e ressuscitou dentre os mortos e foi exaltado nos céus,
estando assentado à destra de Deus. Vejamos o que as Escrituras têm a dizer
sobre os fatos mais significativos da obra de Cristo.
1. A ressurreição de Jesus (1Co 15.12-19)
Por ressurreição compreende-se o ato
de ressurgir ou ressuscitar após a morte. A afirmação bíblica de que Jesus
ressuscitou dentre os mortos significa exatamente que ele, corporalmente,
retornou à vida depois de morto. A ressurreição é o fato do qual depende tudo
que a fé cristã expressa. Sem a realidade da ressurreição, o apóstolo Paulo nos
mostra várias conseqüências trágicas para nós: a) a pregação apostólica é vã
(v. 14); b) a nossa fé em Cristo é inútil (v. 14); c) todos os apóstolos são
falsas testemunhas (v. 15); c) todos os homens ainda permanecem em seus pecados
e estão perdidos (v. 17); d) todos os que morreram crendo em Cristo pereceram
(v.18); e) todos os crentes em Cristo são os mais infelizes de todos os homens
(v.19). Mas, em tom de triunfo, Paulo nos alegra ao afirmar: “Mas na realidade Cristo foi
ressuscitado dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem” (1Co
15.20).
A veracidade da ressurreição é
comprovada pelas Escrituras da seguinte forma. Primeiro, para que houvesse
ressurreição era necessária comprovação da realidade da morte e isto é
evidenciado pelo fato de que o centurião e os soldados confirmaram que Jesus
estava morto (Mc 15.45; Jo 19.33). Segundo, a escolta de soldados responsável
pela guarda do sepulcro testemunhou da ressurreição de Jesus (Mt 28.1-11).
Terceiro, Cristo apareceu aos seus discípulos e eles puderam constatar o fato
ao tocá-lo e comer com ele (Lc 24.36-43). Quarto, Jesus apareceu a todos os
seus discípulos no cenáculo e exigiu que Tomé o apalpasse os locais das feridas
no seu corpo oriundas de sua crucificação (Jo 20.26-28).
A ressurreição de Jesus é uma
realidade na qual está alicerçada toda a nossa esperança de vida eterna da qual
o próprio Jesus falou nos seus ensinos e na proclamação do evangelho do reino
de Deus. Mas quais os resultados benéficos que a ressurreição de Jesus trouxe a
todos nós, os que nele cremos? Podemos, dentre outros, destacar os seguintes:
a) A
ressurreição de Jesus atesta sua divindade. É isto que Paulo ensina ao
dizer que “Cristo foi designado Filho de Deus com poder, segundo o espírito da
santidade, pela ressurreição dos mortos” (Rm 1.4).
b) A
ressurreição de Jesus assegura a aceitação de sua obra. “O qual foi
entregue por causa das nossas transgressões, e ressuscitou por causa da nossa
justificação” (Rm 4.25). Isto significa que, se Cristo não tivesse
ressuscitado, sua morte teria sido vã e nenhum pecador seria justificado. A
ressurreição é a prova de que a morte expiatória de Cristo foi aceita por Deus
como resgate pago pelos pecadores. Uma vez pago o resgate, Deus ressuscitou
Jesus dentre os mortos.
c) A
ressurreição fez de Jesus nosso Sumo Sacerdote. Depois da ressurreição,
Jesus se tornou o Intercessor, Governador e Protetor do seu Povo (1Tm 2.5, 6;
Rm 8.34; Ef 1.20-22; Rm 5.9-10).
d) A
ressurreição de Jesus proporcionou muitas bênçãos adicionais. Dentre estas,
a salvação e a dádiva do Espírito Santo (At 5.31; 3.26; 1Pe 1.3; Jo 16.7; At
2.33). Sua ressurreição é a maior garantia de que nossos corpos ressurgirão
dentre os mortos (Rm 8.11; 1Co 15.20-23).
2. A ascensão de Jesus (At 1.9-11)
Uma vez ressuscitado dentre os
mortos, Jesus não teria mais que permanecer com os mortais da terra, mas
retornar ao lugar de onde viera: o céu. As Escrituras dão testemunho do fato
relatando que os discípulos de Jesus o viram ser elevado às alturas.
Mateus e João não narram a ascensão
de Jesus. Marcos a menciona em apenas um versículo (Mc 16.19). Lucas, em seu
evangelho, declara: “Então os levou fora, até Betânia; e levantando as mãos, os abençoou. E aconteceu que, enquanto os
abençoava, apartou-se deles; e foi elevado ao céu” (Lc 24.50-51).
O mesmo autor, em seu livro de Atos
dos Apóstolos, narra o fato com mais detalhes: “Tendo ele dito estas coisas, foi levado para
cima, enquanto eles olhavam, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos. Estando eles com os olhos fitos no
céu, enquanto ele subia, eis que junto deles apareceram dois varões vestidos de
branco, os quais lhes disseram:
Varões galileus, por que ficais aí olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre
vós foi elevado para o céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir”
(At 1.9-11).
Ao ascender aos céus, Cristo foi
exaltado como declarou Pedro, explicando o significado do evento do
derramamento do Espírito Santo, no dia de Pentecostes: “De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou
isto que vós agora vedes e ouvis” (At 2.33).
Vários termos são usados para
descrever a exaltação de Jesus. O autor de Hebreus diz que ele foi “coroado de
glória e de honra” (Hb 2.9). Referindo-se à glória da ressurreição, Paulo faz
menção do “corpo de sua glória” (Fp 3.21). Cristo foi exaltado por Deus de
forma soberana e recebeu um “nome que
está acima de todo nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus,
e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus
Pai” (Fp 2.9-11).
Mas o que aconteceu como resultado
desta exaltação de Cristo? Podemos destacar alguns resultados: a) Ele se tornou
um objeto de adoração para toda a humanidade (1Co 1.2); b) Ele entrou para o
seu ministério sacerdotal no céu (Hb 4.14; 5.1-10; 6.20; 7.21; 8.1-6; 9.24); c)
Ele concedeu dons e pessoas para o exercício de ministérios específicos (Ef
4.8-13).
Conclusão
A história da salvação não encerra
com a morte expiatória de Cristo. Os escritores do Novo Testamento apontam dois
fatos de grande relevância para a fé cristã: a ressurreição, a ascensão e a
exaltação de Jesus. Estes três fatos, mais do que importantes, foram
indispensáveis para o cumprimento do eterno desígnio de Deus.
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