9 de outubro de 2013

A VOZ DO INFINITO

Pr. José Vidigal Queirós

        O homem vive no mundo sob uma ameaça que o assusta: a morte; e um desejo que o frustra: viver eternamente. Por um lado, ele foge do inevitável; por outro, ele busca o impossível. Entre o inevitável e o impossível, o homem disputa com a natureza seu direito de existir, até que chega à fronteira dos seus limites. Então, contemplando o vazio do infinito, fixa os olhos no além, em direção do transcendental, e clama com ansiedade:
     - HÁ ALGUÉM, AÍ? POR FAVOR, RESPONDA! HÁ ALGUÉM, AÍ? ALGUÉM ESTÁ ME OUVINDO?!
          Como resposta, ele ouve somente o eco de sua própria voz e o silêncio do infinito. De tanto clamar sem ouvir nenhuma resposta, a ansiedade apodera-se de seu ser. Seus olhos umedecem e sua fronte se curva deprimida ante o sentimento do fracasso. Sente um terrível vazio interior. O seu desejo maior é transpor a fronteira de sua existência terrena para descobrir onde possa viver para sempre. Mas, seu sonho de existência interminável começa a transformar-se no maior de todos os seus pesadelos: morte. Então, movido pelo ímpeto da ansiedade e da vontade de viver, ergue novamente a cabeça, olha novamente na direção do infinito e, na esperança de que alguém “do lado de lá” possa ouvi-lo, tenta novamente, gritando cada vez mais alto:
   - HÁ ALGUÉM, AÍ?!... POR FAVOR!!!... POR FAVOR, ME AJUDEM!!!... TIREM-ME DAQUI!!!...
       Abafando seus gemidos, o silêncio detona seu coração e faz explodir em seu peito o sentimento de fracasso. A angústia e o desespero invadem sua alma. Ansioso, olha para trás e contempla seu passado. Conclui que não pode voltar em busca de outro caminho e descobre que a jornada da vida é uma ida sem volta. Está preso no universo, confinado às dimensões do tempo, do espaço e das circunstâncias; e a morte, temível e inevitável, vem em seu encalço.
        Encurralado, sente-se invadido pelo medo e, impotente e quebrantado, rende-se ao inevitável. Não há ninguém ao redor. A solidão é sua única companheira e as lágrimas, seu único consolo. Reconhece que buscava o impossível e só achou o inevitável. O tempo acabou e a hora mais temida chegou. Admite que a resignação é sua única saída.
        Sua mente o atormenta com questões para as quais não tem resposta: Por que vim a existir? Por que a morte é meu destino? Qual é o segredo da vida e da morte? Por que a vida está indo embora sem que eu possa retê-la? Por que?!!... Por que?!!...
        Não podendo se conter, as lágrimas continuam a desabar por sua face como cascata. Sente-se como um bebê indefeso abandonado pela mãe. Sua angústia cresce e o abate mais ainda. Então, já em desespero, solta seu último grito, seu último apelo:
      - Há alguém no Universo que transcenda os meus limites? Há alguém que possa me garantir a liberdade e o direito de existir? Se há, responda, fale comigo!
    Subitamente, como um raio em dia de tempestade, uma voz procedente do transcendental, mais veloz do que a luz, atravessa o vazio do infinito, pervade seu espírito e estronda no recôndito de sua alma, trazendo a resposta que tanto desejava: "EU POSSO!"
       O impacto produzido pela voz do infinito causa no homem um abalo estarrecedor. Seu coração pulsa disparado e o ar se torna escasso nos seus pulmões. Com as forças que ainda lhe restam, o homem se ergue e, num misto de temor, gratidão e esperança, pergunta com voz trêmula e entrecortada:
         - Quem... é... você?
         - DEUS!!!... Eu sou o Eterno! O tempo não me limita. Eu sou o infinito! O espaço não pode conter-me. Eu sou o inefável, pois um nome não me define e conceitos não me explicam. Eu sou o Absoluto! A razão não me conhece e a ciência não me explica. Eu sou a Plenitude da Perfeição! Eu sou o único Deus, o Inigualável, o Deus abscôndito, mas imanente! Não há outro igual nem diferente de mim. Eu sou o Supremo Bem, a expressão excelsa do amor, a essência da vontade última de todo homem. Eu sou a gênese do Universo e a essência da vida. Eu sou o princípio, o meio e o fim de todas as coisas. Sou teu Criador; sou a razão e o propósito de tua existência. Só eu posso te libertar da prisão do tempo, do espaço e das circunstâncias aos quais o pecado te confinou.
      Quando a voz do infinito se calou, o homem, com a mais profunda reverência, indagou com humildade:
        - Supremo Criador! Onde habitas? Onde estavas antes de teres criado o universo?
     - Eu não estava em nenhum lugar. Eu mesmo sou o meu próprio lugar. Nada me restringe.
     - Meu Soberano, que darei a Ti em troca da existência eterna fora daqui, em um mundo melhor?
       - NADA! Nada há que tenhas que não seja meu. Tudo que existe é minha propriedade; e eu, eu somente, defino o destino de tudo e de todos. Quero apenas que confies em mim; que me ames e te entregues a mim. Se me amares, confiares em mim e te entregares totalmente a mim, então, compartilharei a minha glória contigo.
      Esta foi a resposta daquele que preenche não só o vazio do infinito, mas também o vazio da alma de todo homem. Então, o homem, radiante de alegria, pleno de satisfação e, acima de tudo, transbordante de fé, se entrega sem reservas.
    - Senhor, eu me rendo. Tens, agora, meu coração, minha fé, meu amor, minha obediência, tudo que tenho e tudo que sou. Saí de ti e para ti retorno.
       Então, abriu-se o portal da eternidade e o homem entrou na mansão de Deus.

Pr. José Vidigal Queirós

2 comentários:

  1. Pastor, belíssimo artigo. Sucesso total nesse novo trabalho. Um abraço. Ana Martins

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  2. Anônimo22:36:00

    Muito bom!
    Ayslan Azevedo

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