Pr. José Vidigal Queirós
A história da igreja foi honrada por homens extraordinários que, por seu senso de vocação e compromisso com Deus, engajaram-se em diversas lutas por mudanças necessárias em seu contexto histórico, realizando feitos extraordinários, que ficaram como legado para as gerações posteriores. À proporção que caminhamos para o fim dos tempos, em um mundo onde os valores tradicionais mais elevados são relativizados, percebemos a rarefação de homens de Deus de elevada estatura espiritual e moral, que, através de seus nobres planos e projetos, deram origem a grandes realizações.
A história da igreja foi honrada por homens extraordinários que, por seu senso de vocação e compromisso com Deus, engajaram-se em diversas lutas por mudanças necessárias em seu contexto histórico, realizando feitos extraordinários, que ficaram como legado para as gerações posteriores. À proporção que caminhamos para o fim dos tempos, em um mundo onde os valores tradicionais mais elevados são relativizados, percebemos a rarefação de homens de Deus de elevada estatura espiritual e moral, que, através de seus nobres planos e projetos, deram origem a grandes realizações.
Evocando, solene e reverentemente,
dentre as reminiscências da profecia, as palavras de Isaías, destacamos a
passagem registrada no capítulo 32, versículo 8 do seu precioso livro, que diz:
“O
nobre projeta coisas nobres e na sua nobreza perseverará”.
Projetar é planejar; e planejar é
um modo de pensar no futuro antes que ele aconteça. “Planejar é mover-se do
agora para o então, daquilo que as coisas são para aquilo que queremos que elas
sejam”, disse Edward Dayton, em seu livro COMO APROVEITAR AO MÁXIMO O SEU TEMPO
E POTENCIAL. Planejamento é o instrumento mais eficaz que nos dá o poder de
transformar um sonho em realidade e elevar nosso senso de otimismo.
Planejar é definir hoje o caminho
que nos conduzirá ao amanhã. Embora Deus
seja o Senhor da História, do tempo e da eternidade, ele nos permite fazer
planos. O sábio Salomão escreveu no seu livro de Provérbios: “O coração do homem pode fazer planos...”
(Pv 16.1).
Deus não nos fez autômatos, mas
seres inteligentes, criativos, com capacidade para pensar e decidir. A grandeza
e a nobreza de nosso ministério dependem respectivamente da grandeza e da
nobreza dos nossos planos. Significa também dizer que as realizações em nosso
ministério vão depender diretamente de nossos planos. Ministro sem planos
realiza ministério sem frutos. Quando o profeta Isaías disse que “o nobre
projeta coisas nobres...” ele definiu para nós três grandes princípios que nos
nortearão na vida e no ministério:
1.
AS GRANDES
REALIZAÇÕES NASCEM DE HOMENS QUE TÊM GRANDES IDEIAS
1.1. Ideias são
sonhos que emergem da vontade de criar
O homem que não pensa não é
competente para produzir; e o homem que não produz é inútil para Deus. Somos
chamados a pensar, não em qualquer coisa, mas “nas coisas que são de cima”. Somos chamados para produzir frutos, “frutos que permaneçam para sempre”.
Deus precisa de homens que estejam dispostos a agir, mas que antes estejam
também dispostos a pensar. Um homem sem ideias é um homem que não cria.
1.2. Ideias são
as imagens da razão que retratam o futuro
O homem que não tem uma visão do
futuro não pode ter alvos de fé; e se não tem alvos de fé, caminha em direção
do nada. O grande teólogo Agostinho disse: “Fé
é crer naquilo que não se vê; e a recompensa dessa fé é ver o que se crê”.
Segundo a Epístola aos
Hebreus, podemos afirmar com segurança que fé é a capacidade que temos de ver o
futuro na certeza de tomarmos posse do esperado. O homem só espera enquanto crê
e só crê enquanto pensa; pois o homem sem ideias não crê em nada. O apóstolo Tomé é o
maior exemplo disso. Ele não esperou, porque não creu; e não creu, porque não
pensou. Por esta razão, é que ele não estava habilitado ainda para o exercício
do ministério apostólico. O homem sem ideias é um homem vazio, sem rumo certo,
sem fruto, e o seu destino é o mergulho no abismo do esquecimento.
1.3. Ideias são
os poderes criativos do espírito que definem os caminhos do homem
Eis a maior razão para termos, como
disse o apóstolo Paulo, a “mente de
Cristo” e da necessidade de pensarmos “nas
coisas que são de cima e não nas que são daqui da terra”. Foi por esta
razão também que disse o sábio Salomão:
“Todos os caminhos do homem são puros aos seus próprios olhos, mas o Senhor
pesa os motivos”. E, em seguida, recomendou: “Confia ao Senhor as tuas obras (fruto das idéias) e os teus desígnios
serão estabelecidos”. E concluiu, dizendo o seguinte: “O coração do homem propõe o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os
passos” (Pv 16.2, 3, 9). As grandes realizações nascem de homens que têm
grandes ideias; idéias tais que são oriundas de uma comunhão com o Pai, de uma
obediência ao Filho e de uma submissão plena ao Espírito Santo.
2.
AS GRANDES
IDEIAS NASCEM DE HOMENS QUE TÊM GRANDES IDEAIS
Ter ideias sem ter ideais é como
possuir sementes sem ter onde plantá-las. Ideias sem ideais são inúteis. Como
as sementes, elas secam, apodrecem e se perdem no tempo. A respeito dos ideais,
há três coisas importantes que precisamos enfocar:
2.1. O homem de
grandes ideais não se perde na mediocridade do efêmero, mas se transporta para
a imensidão do eterno
Quando Deus vocaciona um homem, Ele
lhe propõe os ideais de seu ministério. Todos os seus ideais estarão definidos
numa perspectiva escatológica que contempla a eternidade. Precisamos ter
ideias, mas elas só devem ser produzidas quando tivermos conhecimento claro dos
ideais propostos por Deus. Deus tem um propósito e um plano e nos chama para
executá-lo. O sucesso deste plano está associado à concretização dos ideais
do nosso ministério. A vocação de um homem que não conhece os ideais do seu
ministério é suspeita e digna de questionamento.
Aquele que desenvolve seu
ministério numa perspectiva do efêmero e limitado pelo trivial é incompetente
para promover o reino de Deus. Nosso Mestre que disse: “Vinde após mim e eu vos farei pescadores de homens”, também disse: “buscai primeiro o reino de Deus e a sua
justiça e todas as outras coisas vos serão acrescentadas”.
2.2. O homem de
grandes ideais não se prende à realização do imediato, mas se empenha na
construção do futuro
Viver em função do agora é morrer
para o amanhã. Não devemos nos esquecer que todo futuro será um hoje e o hoje
será passado. Vivemos na dimensão do tempo, mas somos filhos do Pai da Eternidade,
que habita num perpétuo agora e que vê o nosso futuro já consumado.
Ideal é o futuro projetado. Ter um
ideal é ter um destino. O ideal é o horizonte de quem caminha na direção do
amanhã. Aqueles que se limitam a gastar sua existência na contemplação do agora
eternizam sua inutilidade. Somos chamados por Deus a plantar hoje em função de
um colheita no amanhã. O que é urgente e imediato para Deus é a nossa ação; os
resultados e a recompensa virão depois: “Trabalhai
não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna”,
disse Jesus.
2.3. O homem de
grandes ideais não se fecha no casulo do ego, mas entrega-se ao sacrifício no
altar do altruísmo.
Chega de mercenários, de pastores
que promovem seu próprio reino, tendo como pretexto o reino de Deus! Dizendo-se
chamados por Deus, buscam a glória de homens. “Estes são manchas em vossas festas de fraternidade, banqueteando-se
juntos sem qualquer recato, pastores que se apascentam a si mesmos. São nuvens
sem água, levadas pelos ventos; árvores em plena estação dos frutos, destes
desprovidas e desarraigadas, duplamente mortas. São ondas furiosas do mar,
espumando suas próprias sujidades; estrelas errantes para as quais tem sido
reservada a negridão das trevas, para sempre” (Judas 12-13).
Não somos chamados por Deus para a
glória de homens; tampouco, somos chamados por homens para a glória de Deus.
Assim sendo, a glória de nosso ministério não está naquilo que fazemos com a
participação de Deus, mas naquilo que Deus faz com a nossa participação.
Nossa participação no projeto de
Deus nos honra, mas exige de nós renúncia, sacrifício e altruísmo. Nosso
ministério é serviço prestado a Deus em favor dos homens. Somos ministros de
Deus, mas também, benfeitores da humanidade. Morremos para nós mesmos, a fim de
que outros vivam e vivam eternamente.
“Em
verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer,
fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto. Quem ama a sua vida
perdê-la-á, e quem, neste mundo, aborrece a sua vida, guarda-la-á para a vida
eterna” (Jo 12.24-25). Portanto, as grandes idéias nascem de homens
que têm grandes ideais.
3.
O HOMEM QUE
TEM GRANDES IDEAIS É UM HOMEM DE GRANDE VISÃO
O homem vocacionado por Deus tem um
caminho e um propósito de vida. Ele sabe para onde vai, porque tem grandes
ideais e uma grande visão. Sonhos e visões são a linguagem do Espírito Santo
para o nosso tempo: “E acontecerá, nos
últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne.
Os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões
e os vossos velhos sonharão sonhos”.
Todo grande ministério é realizado
por homens que têm ampla visão. O homem que Deus chama precisa ter três visões: primeiro, uma
visão clara de quem o chama. Segundo, uma visão clara do propósito de sua
chamada. Terceiro, uma visão do serviço ao qual deverá dedicar-se. O exemplo
mais concreto disto é o apóstolo Paulo. Ele teve uma visão clara de quem o
chamara: “Eu sou Jesus a quem tu
persegues”, foi o que ele ouviu quando foi chamado para o ministério. O
propósito de sua chamada ficou claro para ele quando Jesus lhe disse: “Eu te apareci por isso, para te fazer
ministro e testemunha...” Ele conheceu com clareza o que ia fazer e onde
fazer, pois Jesus lhe declarou: “Eu te
livrarei deste povo e dos gentios aos quais te envio, para lhes abrir os olhos
e das trevas os converteres à luz e do poder de Satanás a Deus” (At 26.15-18).
Todo obreiro sem visão torna-se um ativista infrutífero que desenvolve um
ministério medíocre, cujo fracasso é marcado normalmente pela esterilidade ou
pela deserção.
Todo ministério bem sucedido é
fruto da perseverança de homens que têm visão. Sem visão do futuro não há fé; sem fé não há esperança
e sem esperança não há perseverança. A glória é o troféu dos vencedores e a
vitória é a recompensa dos que perseveram.
No final do seu ministério Paulo
fez um apelo a Timóteo: “Lembra-te de
Jesus cristo, ressuscitado dentre os mortos...” Em outras palavras, o velho
soldado de Cristo pede: “Timóteo, sob hipótese nenhuma, não perca Jesus de
vista”. Muitos companheiros de Paulo já haviam desertado e o fizeram por terem
perdido a visão ou por não havê-la concebido. Entre estes ele menciona Himeneu,
Alexandre, Fileto e Demas. Ao testemunhar de sua experiência de conversão e
chamada para o ministério, Paulo, no final de sua narrativa, concluiu dizendo: “Pelo que, ó rei Agripa, não fui
desobediente à visão celestial”. Ele havia descoberto que o segredo para
o sucesso no ministério era não perder a visão.
Qual o segredo da perseverança? O
que fazer para não perdermos a visão? Em Fp 3.13-14, Paulo dá a resposta: “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo
alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e
avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio
da soberana vocação de Deus em
Cristo Jesus ”.
Com base nestas palavras de Paulo, podemos
afirmar que há três condições para que se mantenha a visão do ministério: 1) Sepultar as lembranças do passado.
Devemos esquecer o passado, primeiro, porque os que se lembram do que devem
esquecer sempre se esquecem do que devem lembrar; segundo, porque os que vivem
de recordações não planejam seu futuro. 2) Enfrentar
no presente os grandes desafios. Os que fogem dos desafios eternizam seu
fracasso e perdem seu galardão. O Pr. Oliveira de Araújo disse: “As nossas
dificuldades não são maiores do que as possibilidades de Deus”. 3) Marchar na direção do alvo de Deus,
porque os projetos humanos se acabam, mas o de Deus é eterno. Homens que têm
grandes ideais são homens que têm grande visão.
Deus conclama esta geração de
homens a atentar para as palavras de Isaías: “O nobre projeta coisas nobres e na sua nobreza perseverará”. Os
homens de grandes realizações são homens que têm grandes ideias. Os homens que
têm grandes ideias tem também grandes ideais. Os homens que têm grandes ideais
têm também uma grande visão; e os homens que têm uma grande visão são capazes
de chegar ao seu porto destino, para receberem de Deus o seu precioso galardão.
Que assim seja convosco.
Pr. José Vidigal Queirós
Nenhum comentário:
Postar um comentário