LIDERANÇA CRISTÃ

ESTUDO N° 02

O PERFIL DO LÍDER CRISTÃO

 

 

 INTRODUÇÃO

          O líder cristão é uma pessoa escolhida por Deus. Ao falarmos em escolhido por Deus, estamos querendo dizer que todo líder cristão precisa ter certeza de que sua tarefa foi designada por Deus e que Deus está nela. É necessário, portanto, que aqueles que têm a responsabilidade de escolherem o líder sintam também que esta é uma escolha de Deus.

          O fato de haver rápidas desistências depois de um período curto no cargo mostra a nossa falibilidade a esse respeito. Por esta razão, é necessário que aquele que haverá de ser escolhido tenha de antemão a consciência de que são necessárias algumas características que devem ser inerentes à sua pessoa.

 

1.       CRITÉRIOS DIVINOS PARA A SELEÇÃO DE UM LÍDER (Js 1.1-9)

1.1.     Predisposição para ouvir a Deus (v. 1)

          Deus podia falar com Josué, porque ele estava predisposto a ouvir a Deus. Precisamos manter aberto o canal de comunicação com Deus por meio da oração e da meditação na palavra de Deus.

 

1.2.     A visão de um propósito definido por Deus (v. 2)

          Muitas vezes projetamos metas como líderes e pedimos que Deus  as abençoe. A Bíblia diz que podemos fazer planos, mas esses planos precisam ser submetidos a uma avaliação segundo os critérios divinos a fim de que tenham sucesso (Pv 16.3).

 

1.3.     Confiança na lealdade de Deus (v. 3)

          Deus é fiel às promessas que faz. “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo dei, como eu disse a Moisés”. Esta foi a promessa que Deus fez a Israel, comunicando-a por meio de Moisés, a qual haveria de cumprida por intermédio de Josué.

          Nem sempre somos bem sucedidos em nossos empreendimentos. Oramos, oramos e fracassamos e temos a sensação de que Deus nos abandonou. Não podemos esperar lealdade de Deus sobre algo que ele não prometeu. Orar por metas que nós traçamos não obriga Deus a cumpri-las. Quando Deus nos chama para uma obra devemos ter certeza de que ele será leal conosco e de que ele mesmo estará agindo por meio de nós (Ef 4.6).

 

1.4.     Certeza do apoio divino (v. 5)

          Deus não abandona os seus servos fiéis. Paulo diz que a fidelidade de Deus a nós permanece mesmo quando somos infiéis (2Tm 2.13). Deus é imutável; nele não há sombra de mudanças, nem de variação (Tg 1.17). É na imutabilidade de Deus que reside nossa segurança.

 

1.5.     Força de vontade e entusiasmo (v. 6)

          Deus nunca nos enganou, dizendo que a tarefa seria fácil. Por isso, ele sempre usou critérios de padrão elevado e fez altas exigências para a escolha de um líder. Coragem e ânimo são elementos exclusivos da natureza e da imperfeição humana; são nossa motivação para chegarmos ao fim da missão, cujo sucesso dependerá em parte de nosso esforço pessoal.

 

     1.6.     Acreditar no sucesso da missão (v. 6)

          Deus não chama pessoas para fracassar. Todo líder cristão, apesar dos erros que comete, precisa acreditar no sucesso da missão para a qual Deus lhe chamou. Duvidar do sucesso significa acusar Deus de traição. Paulo garante que, quando agimos com determinação na obra do Senhor, jamais fracassaremos (1Co 15.58).

 

1.7.     Agir segundo a palavra de Deus (v. 7-8)

          Os caminhos de Deus são diferentes dos caminhos do homem. Os alvos de Deus não são conquistados pelos métodos e estratégias humanas. O líder que está a serviço de Deus precisa conhecer profundamente: Deus, seus desígnios e sua direção. Não há outra forma de conseguirmos isso, senão por meio da meditação na Palavra de Deus. A obediência às leis de Deus é o segredo do sucesso.

 

2.       QUALIDADES PESSOAIS NECESSÁRIAS AO LÍDER

          Tomemos como referencial para o nosso estudo a pessoa de Neemias. Os 2 primeiros capítulos do livro de Neemias, nos fornecem algumas informações que descrevem suas qualidades pessoais que contribuíram para o seu sucesso como líder. Vejamos aquelas que mais se destacam.

 

2.1.     Sensibilidade (Ne 1.1-4)

          Neemias era um homem sensível às necessidades do povo de Deus. Ele era capaz de sentir e compreender a dor e o sofrimento das pessoas pelas quais ele se propunha a trabalhar para mudar sua realidade. Foi sua sensibilidade a força motivadora de sua ação em favor do seu povo. Não consegue esconder a tristeza estampada no seu rosto. Ao ser interrogado pelo rei Artaxerxes pelas razões de sua tristeza ele respondeu: "Como não me estaria triste o rosto se a cidade, onde estão os sepulcros de meus pais, está assolada e tem as portas consumidas pelo fogo?" (Ne 2.1-3).

2.2.     Espiritualidade (Ne 1.4-11)

          A espiritualidade de Neemias manifestava-se por algumas atitudes em relação a Deus:

a)   Um homem de fé – ele confiava plenamente na pessoa de Deus a quem ele, em jejuns, se dirigiu em oração e súplicas na esperança de contar com a providência de Deus para fazer algo pelo seu povo.

b)   Um homem humilde de coração – fez confissão de pecados pelo seu povo, incluindo não só a si próprio como também sua própria família (Ne 1.5-7).

c)   Um homem de espírito voluntário para servir a Deus – ele reconhecia que o problema do seu povo não seria solucionado somente por meio da oração. Ele compreendeu que tinha que agir. Sentiu-se responsável por tomar a iniciativa e entregou-se a Deus para o serviço (Ne 1.11).

 

2.3.     Determinação (Ne 2.11-18)

          Neemias decidiu ser instrumento de Deus. "Através da oração ele teve nova perspectiva do problema, foi levado a estabelecer suas prioridades e recebeu um novo sentido de propósito"[1]. Ele foi a Jerusalém, levando alguns homens consigo, para examinar a situação. Depois de uma longa caminhada noturna pela cidade, em meio aos escombros, falou aos homens: "Estais vendo a miséria em que estamos, Jerusalém assolada, e as suas portas, queimadas; vinde, pois, reedifiquemos os muros de Jerusalém e deixemos de ser opróbrio". Então, disseram: "Disponhamo-nos e edifiquemos. E fortaleceram as mãos para a boa obra" (Ne 2.17-18).

 

 

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[1] BARBER, Cyril J. Neemias e a dinâmica da liderança eficaz. São Paulo: Vida. 2001, pp. 22, 23.