Introdução
Todos
nós temos alguma fragilidade que pode ser o meio pelo qual venhamos a cair
moral e espiritualmente. Assim como Pedro, o discípulo que a quem Jesus entregou as chaves do reino dos céus. Dentre os discípulos de Jesus, ninguém era tão próximo
do Mestre e o admirava tanto quanto Pedro. Ele foi o mais entusiasmado galileu
que esteve com Jesus. Para ele, Jesus era o centro de todas as suas atenções,
de seus sentimentos mais nobres e de suas emoções mais fortes. Mas,
lamentavelmente, ele o negou; o que para ele foi uma demonstração de fraqueza
que o levou ao mais profundo sentimento de vergonha.
Lucas
nos relata (Lc 22.54-62) que, quando Jesus foi preso e levado para o pátio da
casa do sacerdote, Pedro o seguia de longe. Por causa do intenso frio da noite,
ele entrou no pátio e aproximou-se de uma fogueira onde havia várias pessoas se
aquecendo. Foi aí que ele teve a mais triste de suas experiências. Por medo de
ser levado à morte, juntamente com seu Mestre, ele o negou três vezes. Naquela
mesma noite, algumas horas atrás, quando Jesus denunciou a existência de um
traidor no meio deles, Pedro fanfarronou: “Ainda que seja necessário morrer
contigo, eu nunca te negarei” (Mt 26.35). A resposta imediata de Jesus ele
jamais haveria de esquecer: “Hoje mesmo, antes que o galo cante, tu me terás
negado três vezes”.
Próximo
a fogueira, ele foi abordado por três pessoas que o denunciaram como seguidor
de Cristo. Ele o negou, veementemente por três vezes. Na terceira vez, diz Mateus, que ele começou “a praguejar e a jurar, dizendo: Não conheço esse homem. E imediatamente o
galo cantou”. Lucas dá um
detalhe: “Virando-se
o Senhor, olhou para Pedro; e Pedro lembrou-se da palavra do Senhor, como lhe
havia dito: Hoje, antes que o galo cante, três vezes me negarás. E havendo
saído, chorou amargamente” (Lc 22.61). O olhar penetrante de Jesus foi como a fisgada de um arpão na
alma de Pedro. Sua consciência foi esmagada pela vergonha de admitir ser um
covarde. Naquela madrugada, não havia mais nada a fazer além de fugir daquele
local, embrenhar-se na escuridão da noite, e derramar copiosamente as lágrimas da culpa, durante
toda a madrugada.
O
exemplo de Pedro nos revela quão triste deve ser o ato de sermos revistados por
nossa consciência e achados em
falta. A voz de Deus nos pede que paremos no pátio da
verdade, para que sejam examinados os nossos atos e nossa lealdade a Jesus seja
testada. Digo isto porque a negação a
Jesus resulta de um processo de queda espiritual. O fracasso de Pedro nos
serve de lição. Dois fatores foram marcantes nesta experiência trágica que
dilacerou a alma do homem tão frágil que amava sinceramente a Jesus, mas não teve
coragem de prová-lo. Estes dois fatores são a dor da queda e as lições
aprendidas.
1.
A dor da queda
Três
sinais identificam a dor que Pedro sentiu por ter negado a Jesus. O primeiro
foi o canto do galo que ecoou no silêncio da noite, como um alarme assustador,
que despertou sua consciência, para acusa-lo de sua vergonhosa queda. O segundo
foi o olhar penetrante de Jesus que, como voz do silêncio, cruzou o espaço para trazer a
triste mensagem: “você fracassou; está reprovado”. O terceiro foram as lágrimas
do desabafo que fizeram eclodir os soluços incontroláveis daquele homem, cuja alma
foi traspassada por três sentimentos horríveis: O peso esmagador de sua
consciência culpada; a vergonha humilhante por descobrir que era covarde; e a
desonra por ter cometido um ato de perfídia (Pérfido é o que mente à fé jurada, Dicionário Aurélio).
Quantas
vezes, movidos pelo ímpeto da emoção, em um momento de êxtase espiritual, já
fizemos o mesmo diante da multidão de adoradores, propagando com aparente bravura
a falsa coragem de estarmos dispostos a morrer por Jesus. Embora a coragem seja
uma das mais nobres atitudes que Deus espera de nós, como exigiu de Josué, ela
jamais se manifesta por meio de belas palavras proferidas no discurso de um
covarde entusiasmado.
Coragem
é a força que nos move ao cumprimento do dever, mesmo quando morremos de medo. Este foi o modelo de coragem que Jesus demonstrou. Na
mesma noite em que foi traído por Judas Iscariotes, no Getsemani onde foi preso,
Jesus chamou os três discípulos mais íntimos – Pedro, Tiago e João – e, como
nos revela Marcos, “... começou a
sentir-se tomado de pavor e de angústia.
E lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e
vigiai” (Mc 14.33-34). Que exemplo de honestidade! Que exemplo de
transparência e autenticidade! Quanta franqueza! Apesar do medo que aterrorizava
sua alma angustiada, Jesus se deixou levar, para cumprir o dever que o Pai lhe
deu: morrer numa cruz, a mais vergonhosa
e dolorosa de todas as espécies de morte.
2.
As lições da queda
Que
lições podemos aprender com o exemplo de Pedro? A maioria de nós é tão frágil como
ele era e pode cair vergonhosamente como ele caiu. Negar a Jesus é o pior e
mais covarde ato que um crente pode cometer. Muitos o negam tanto pela vergonha
de assumir publicamente sua identidade como seguidor de Jesus, como também pela
omissão do testemunho público de sua fé naquele a quem, um dia, declarou como Senhor.
James Crane[1] afirma que crentes que enveredam pelo caminho da negação percorrem cinco etapas. A primeira, quando demonstram ter demasiada confiança em si mesmo (Lc 22.33). A segunda, quando descuidam da oração (Lc 22.31-32). A terceira, quando utilizam as armas da carne em defesa da causa do Senhor (Jo 18.10). A quarta, quando seguem Jesus de longe (Lc 22.54). A quinta, quando abandonam a companhia dos irmãos.
James Crane[1] afirma que crentes que enveredam pelo caminho da negação percorrem cinco etapas. A primeira, quando demonstram ter demasiada confiança em si mesmo (Lc 22.33). A segunda, quando descuidam da oração (Lc 22.31-32). A terceira, quando utilizam as armas da carne em defesa da causa do Senhor (Jo 18.10). A quarta, quando seguem Jesus de longe (Lc 22.54). A quinta, quando abandonam a companhia dos irmãos.
Conclusão
Amados,
quão frágeis são aqueles que julgam que podem vencer o pecado sem a ajuda de
Deus. A confiança em si mesmo, o descuido da oração e o uso das armas da carne
constituem-se na insígnia do fracasso daqueles que percorrem o caminho da
negação a Cristo. A voz de Deus nos chama a que nos defrontemos com a verdade, para que nossa lealdade a
Jesus seja testada. Convido você a dirigir-se humildemente ao Senhor Jesus, o
verdadeiro Corajoso, e fazer uma confissão honesta de sua fragilidade, na esperança
de que Ele lhe dê a força que transcende o medo, para assumir corajosamente diante
de todos, sua identidade como discípulo de Jesus e jamais tenha de passar pela
mesma experiência de Pedro, no choro da madrugada.
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