Pr. José Vidigal Queirós
“Senhor, quem habitará no teu santuário? Quem poderá morar no teu santo
monte? Aquele que é íntegro em sua conduta e pratica o que é justo, que de
coração fala a verdade e não usa a língua para difamar, que nenhum mal faz ao
seu semelhante e não lança calúnia contra o seu próximo, que rejeita quem
merece desprezo, mas honra os que temem ao Senhor, que mantém a sua palavra,
mesmo quando sai prejudicado, que não empresta o seu dinheiro visando lucro nem
aceita suborno contra o inocente. Quem assim procede nunca será abalado!”
(NVI, Salmos 15.1-5).
Introdução
Integridade, segundo as
Escrituras, significa inteireza,
completude, ou ainda, perfeição.
Portanto, perfeito ou íntegro é o homem completo,
isto é, aquele que, pesado na balança divina, não é achado em falta. Embora
pecador, seu coração é reto e seu caráter retrata o padrão ético da excelência. É neste sentido que Davi responde à
questão que ele mesmo levanta a Deus: “Quem,
Senhor, habitará no teu tabernáculo?” Podemos reformular esta pergunta nos
seguintes termos: Qual o perfil do homem que Deus aceita como hóspede de honra?
Neste salmo, o rei Davi enumera
valores éticos que ele julgava ser os ideais de Deus para o homem piedoso. Para
ele, o padrão ético do piedoso é a integridade. Ele acreditava que o caráter de um homem íntegro é medido pela excelência
de sua conduta. Neste salmo, encontramos cinco valores éticos que definem o
perfil de um homem íntegro:
1. Prática da justiça – “pratica o que é justo” (v. 2)
JUSTIÇA – “Qualidade que leva os cristãos a agirem corretamente, de
acordo com os mandamentos de Deus” (DBA). Portanto, justiça é o parâmetro pelo qual Deus mede nossa conduta.
Por isso, justo é aquele que não tem pendências com a lei, cujas mãos estão
lavadas na inocência. JUSTIÇA é o valor ético de maior relevância do reino de
Deus (Mt 5. 20; 6.33). Praticamos a justiça quando nossos atos primam pela
prevalência do direito e da dignidade humana, mesmo quando
corremos risco de vida (Mt 5.10; 1Pe 3.14).
2. Compromisso com a verdade – “de coração fala a verdade” (v. 2)
A verdade é o meio mais eficaz de se promover a justiça – “O que diz a verdade manifesta a justiça...”
(Pv 12.17). Eis a razão pela qual a “língua mentirosa” e a “testemunha falsa
que profere mentiras” estão na lista das sete maiores abominações (Pv
6.16-19). A verdade é o parâmetro aferidor da autenticidade de nossa adoração.
Foi isso que declarou Jesus: “Mas vem a
hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e
em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores” (Jo
4.23-24). A verdade é o recurso mais eficaz que usamos em defesa da honra – “Porque nada podemos contra a verdade, senão
em favor da própria verdade” (2Co 13.8). A verdade é um dos componentes da
“armadura de Deus” que usamos na luta contra as forças espirituais do mal (Ef
6.14).
3. Respeito à dignidade humana – “não usa a língua para difamar... não lança
calúnia contra o seu próximo” (v. 3).
Difamação e calúnia constituem-se
no assassínio do caráter. Por esta
razão, os íntegros erguem-se como protetores da reputação dos que andam em
retidão; são inimigos de quem usa a língua para destruir a reputação dos outros.
A maledicência é a arma diabólica mais poderosa para destruir a paz e a unidade
na igreja. Dizem que “Pessoas importantes
discutem ideias. Pessoas comuns falam de coisas simples. Pessoas medíocres
falam de pessoas”.
4. Honra – “mantém a sua palavra” (v.4)
Para os
homens de palavra, sua honra vale mais que a própria vida; e é por isso que
cumprem a palavra custe o que custar. A palavra empenhada constitui-se numa
obrigação moral. É uma promessa que compromete a honra. Não manter a palavra constitui-se um ato de perfídia (faltar à fé
jurada) que faz do pérfido uma pessoa infame, destituída de honra e crédito. Não
cumprir a palavra é enganar os homens e mentir a Deus. Para os homens de palavra,
a honra não tem preço; é um bem moral de valor inestimável. Na balança da
decisão, os homens de palavra optam pela preservação de sua honra, mesmo com
risco da própria vida.
Em um dos
filmes épicos que assisti, onde os principais personagens eram cavaleiros
medievais, há uma cena em que um menino, dialogando com seu pai, fez uma
pergunta intrigante: “Papai, o que é
honra?” O pai, surpreso com a pergunta, vasculhou sua mente em busca de uma
resposta e, orgulhoso do filho, olhou-o nos olhos e respondeu: “Meu filho, honra é algo que se tem ou não
tem; é algo que ninguém pede, ninguém dá e ninguém pode tomar”. Não
satisfeito, o filho fez outra pergunta: “Como
vou saber que tenho honra?” Perplexo com a atitude do filho, de tão tenra
idade, respondeu: “Meu filho, você só
saberá quando se tornar um homem”. Inquieto com a resposta do pai, o garoto
fez outra pergunta: “Todo homem tem
honra?” Depois de pensar durante alguns segundos, o pai respondeu: “Um homem deixa ter honra quando ele mesmo a
destrói”. O filho foi mais além: “E
como um homem destrói sua própria honra?”. Olhando fixamente seu filho, orgulhoso daquele tão pequeno homem, ele respondeu: “Quando
um homem não cumpre sua palavra”.
5. Escrúpulo – “não empresta seu dinheiro com usura e não aceita suborno” (v.5)
O que é escrúpulo? Afirmamos que escrúpulo é a virtude que preserva a retidão de
caráter de um homem correto em tudo que faz. Escrúpulo é o avesso da trapaça. O
trapaceiro é um indivíduo destituído de pudor que ilude os incautos, fazendo
uso da mentira e da fraude, a fim de satisfazer sua ambição desenfreada de
lucro. Escrúpulo é a virtude de onde flui a força que impede um homem de
elevado senso moral envolver-se em negócio sujo.
Conclusão
Vivemos dias difíceis em meio a
uma sociedade libertina, onde os valores morais de maior relevância foram
relativizados. Muitos de nós, que se dizem cristãos, são motivos de nossa
vergonha. Quão triste
deve ser o ato
de sermos revistados por nossa consciência
e achados em
falta . A honestidade
nos pede que sejamos confrontados com a
verdade, para que
sejam examinados os nossos atos e avaliado o nosso
caráter.
Jamais nos esqueçamos de que o
caráter de um homem íntegro é medido pela excelência de sua conduta.
Portanto, a integridade de um homem manifesta-se pela sua prática da justiça,
pelo seu compromisso com a verdade, pelo seu respeito à dignidade humana, por
sua honra ilibada e pela honestidade em tudo que faz. O cristão que assim
procede habitará no tabernáculo celeste. Deus seja louvado.
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