11 de outubro de 2013

TEONTOLOGIA - CAPÍTULO III - A COGNOSCIBILIDADE DE DEUS

 Pr. José Vidigal Queirós
Introdução
Ao se tratar de Deus, a primeira pergunta que logicamente nos vem à mente é: Podemos conhecer Deus? A questão é necessária porque de nada nos serviria a existência de um Deus desconhecido. A resposta a tal questão é apresentada por Francisco Lacueva[1] da seguinte forma:
a)  Sim, porque nossa razão pode demonstrar sua existência.
b) Sim, porque em nossa mente há uma capacidade inata que nos faz intuir sua existência.
c)  Sim, mas só na medida em que Ele mesmo se revela a nós.
d) Não.
Partindo da ideia de que Deus pode ser conhecido, questionamos: Como tal conhecimento pode chegar até nós? Em outras palavras, como podemos saber que Deus é realmente aquilo que cremos que ele seja? A igreja postula que, embora Deus seja incompreensível, ele pode ser conhecido e que este conhecimento é necessário: (a)  à salvação (Jo 17.3); (b) à verdadeira adoração (Jo 4.22-24); (c) a uma relação correta com Deus (Os 6.6); (d) à repressão à impiedade (Os 4.1-6). As Escrituras, mesmo afirmando que Deus pode ser conhecido, sugerem pelo questionamento que:
a) Deus não pode ser sondado: “Porventura, desvendarás os arcanos de Deus ou penetrarás até a perfeição do Todo-Poderoso?” (Jó 11.7; 1Co 2.11).
b) O homem depende totalmente do Espírito de Deus - “o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus... e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1Co 2.14) e levanta a questão: “Pois quem conheceu a mente do Senhor...?” (1Co 2.16).
O que Paulo pretende deixar claro é que o homem depende do Espírito de Deus para que lhe possa interpretar o sentido real de tudo que conhece de Deus e não compreende. Concluímos, portanto, que Deus pode ser conhecido, mas não compreendido.
1.1.    Deus, um ser inconcebível
Ao se afirmar que Deus pode ser conhecido não se pretende com isso dizer que podemos saber tudo o que é verdadeiro com respeito a Deus. Também não está em vista a ideia de que Deus pode ser concebido, isto é, não podemos formar uma imagem mental de Deus. “Conceber é pensar. Portanto, uma concepção é um pensamento, e não necessariamente uma imagem. Dizer, pois, que Deus é inconcebível, na linguagem popular, é simplesmente dizer que ele é inimaginável...” [2]. Em outras palavras, qualquer ideia humana de Deus sempre haverá de portar alguma distorção da realidade do ser divino.
1.2.    Deus, um ser incompreensível
No que se refere à cognoscibilidade de Deus, reconhecemos que, embora Deus possa ser conhecido, no entanto, não podemos compreendê-lo. Conhecer Deus é requisito fundamental para a salvação – "E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (Jo 17.3). Os tradicionalmente reconhecidos como pais da igreja "falavam do Deus invisível como um Ser não gerado, indenominável, eterno, incompreensível, imutável" [3]. Os escolásticos sustentavam que "não sabemos o que Deus é em seu Ser essencial, mas podemos saber algo da sua natureza, daquilo que ele é para nós, como ele se revela em seus atributos divinos" [4].
O que significa compreender? “Compreender é ter um completo e exaustivo conhecimento de um objeto. É entender sua natureza e suas relações. Não podemos compreender a energia, especialmente a energia vital. Vemos seus efeitos, mas não podemos entender sua natureza ou modo em que ela age. Seria estranho que conhecêssemos mais de Deus do que de nós mesmos, ou dos objetos mais familiares do sentido”.[5]
Não se pode compreender o que não se conhece, mas também nem tudo que se conhece pode ser compreendido. A exemplo disso, temos a vida. Ela é um mistério para o homem; é algo que possuimos, mas que transcende nossa compreensão de existência. Nós conhecemos e comprovamos a sua realidade, mas ninguém consegue explicar racionalmente sua consistência, nem mantê-la sob o controle de quem a possui.
Conhecimento, diz Hodge, “é a percepção da verdade. Tudo o que a mente percebe, intuitiva ou racionalmente, ser verídico, isso ela conhece”. Com respeito ao que está fora de nós, quando nossas ideias ou convicções acerca disso correspondem ao que a coisa realmente é, então a conhecemos.
1.3.    Nosso conhecimento de Deus é parcial e inadequado
Para explicar o sentido da parcialidade do nosso conhecimento de Deus, Hodge diz: “Há infinitamente mais em Deus do que podemos saber; e o que conhecemos, conhecemos imperfeitamente [...]. Sabemos que ele age; mas não sabemos como ele o faz, nem a relação que sua atividade tem com o tempo ou com as coisas fora dele”.[6]
Na tentativa de nos esclarecer essa verdade, o apóstolo Paulo, diante da perplexidade humana, ao questionar os atos e a vontade soberana de Deus, pergunta a cada um de nós: “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim?” (Rm 9.20). Buscando provar que o pecado danificou a natureza humana, obscurecendo sua percepção espiritual, Paulo testifica de sua própria incapacidade de conhecer a si mesmo, ao declarar: “Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto” (Rm 7.15). Se o homem, por mais espiritual que seja, não sabe explicar o mistério do pecado na vida do regenerado, como poderá compreender Deus?
2.       Teorias racionais sobre a cognoscibilidade de Deus
2.1.    Modos básicos de se conhecer[7]
Tomamos conhecimento das coisas pelos seguintes meios:
a)  Percepção dos sentidos (empirismo);
b) Razão (capacidade inata, alicerçada nos poderes mentais) que transcende a percepção dos sentidos;
c) Intuição, com base nas ideias inatas e nos poderes espirituais do homem, capaz de ficar sabendo das coisas acima da percepção dos sentidos e da razão;
d) Experiências místicas, que envolvem o conhecimento através de poderes espirituais.
A revelação é uma subcategoria das experiências místicas. Em primeiro lugar, temos as visões dos profetas; em segundo lugar, a concretização dessas visões em forma escrita, depois esses escritos se tornam livros sagrados. É evidente que a revelação divina não pode chegar até o homem sem estar maculada por problemas, debilidades e erros por omissão, mesmo porque o ser humano não compreenderia uma revelação completa, conforme Deus a entende.
2.2.    A teoria do conhecimento inato
Existe em nossa mente uma capacidade inata para intuir Deus? Os grandes filósofos, teólogos e apologistas de todos os tempos têm reconhecido no homem uma intuição ou capacidade congênita, afincada no inconsciente, de pressentir a Deus como uma realidade suprema na qual “vivemos e nos movemos” (At. 17:28). É no passo do inconsciente, através do “coração entenebrecido” de Romanos 1:21, à consciência do homem caído, onde a ideia de Deus se perverte.
Calvino a chama de “um certo sentimento da divindade... por instinto natural”. Também compara tal intuição a uma semente ou “ideia congênita” como a chamaram os primeiros escritores eclesiásticos. Sem dúvida, este inatismo (doutrina que admite a existência de ideias inatas), eleva-se à ideia consciente e demonstrável, nos leva ao falso argumento ontológico ou demonstração a priori da existência de Deus. O método com que Descartes pretendeu provar que a ideia de Deus é congênita é falso. Ele disse que “Nossa mente possui uma ideia clara e distinta do infinito: esta ideia não pode proceder da mesma mente finita; logo foi implantada por Deus”. A isto respondemos que a mente humana não chega ao conceito de infinito por intuição deste, senão por uma abstração mental mediante a qual despoja o limitado de seus limites, fabricando-se assim, mediante uma negação, um conceito positivo aproximado do ilimitado.
Chafer advoga que as verdades intuitivas devem ser testadas por certos fatores. As verdades intuitivas são caracterizadas pelos seguintes aspectos: a) universais – comuns a todos os homens que, consciente ou inconscientemente, agem sobre elas; b) necessárias – elas são operadas na constituição de toda pessoa normal; c) auto-evidentes e autodeterminativas – não estão sujeitas a quaisquer outras verdades para a cognição delas. [8]
O conhecimento inato resulta da constituição humana como ser sensitivo, racional e moral. Tal conhecimento não é adquirido pelo processo de aprendizagem nem se fundamenta na experiência. O conhecimento inato consiste na percepção que a alma humana tem da veracidade das coisas sem que haja necessidade de provas. Isto não quer dizer que todo ser humano, ao nascer, já tenha conhecimento em exercício consciente das verdades intuitivas. O conhecimento inato, segundo Hodge, opõe-se ao empirismo, à aprendizagem por instrução e ao processo de reflexão. A fonte do conhecimento inato é a nossa natureza. Isto significa que a mente humana é capaz de perceber que certas coisas são verdadeiras sem necessidade de prova e instrução.
Todas as nossas percepções intuitivas são de domínio de nossa estrutura psicofísica, isto é, dos sentidos, do entendimento e de nossa natureza moral. Aqui cabe uma pergunta: Deus pode ser percebido por esses elementos de nossa constituição psicossomática? Seja qual for a resposta, podemos afirmar com segurança que a existência de Deus independe de ele ser ou não percebido pelo homem. Isto significa que a realidade de Deus independe tanto de nossa percepção como de nossa imaginação. A crença intuitiva em Deus não está associada nem à imaginação, nem à percepção sensorial. Situa-se no âmbito da experiência mística, dos poderes do espírito. Ela consiste na convicção interior (espiritual) inexplicável e injustificável da realidade da pessoa de Deus de quem o homem reconhece sua dependência e perante o qual sente-se responsável.
2.3.    A teoria do conhecimento universal
A universalidade do conhecimento de Deus é uma proposição tanto bíblica como histórica. As Escrituras propõem um conhecimento universal de Deus por meio da revelação divina através da natureza (Rm 1.19-21). Mesmo distorcida, a ideia de Deus, no mundo pagão, tem abrangência universal. Ela consiste na crença em um Ser Supremo que manipula os poderes da natureza e do universo como um todo, impondo temor no homem, o qual reconhece que está sujeito ao seu governo moral. A história tem registrado que o sentimento e a prática religiosa do ser humano tanto é universal quanto racional ou social. A ideia de Deus está impregnada na mente e na cultura de todos os povos, em todo o mundo.
2.4.    Racionalismo
Segundo Hodge [9], “por racionalismo entende-se o sistema ou teoria que atribui à razão autoridade indevida em questões de religião”. Entende-se como razão a capacidade cognitiva da mente humana para refletir, analisar, comparar, julgar e inferir sobre o objeto do conhecimento. Há duas correntes do racionalismo: a teísta e a deísta.
O racionalismo teísta (doutrina que admite a existência de Deus como pessoa e causa do universo) admite a existência de um Ser Supremo pessoal que transcende o universo. O racionalismo deísta é uma doutrina filosófica que, embora rejeitando toda espécie de revelação divina e a autoridade de qualquer igreja, aceita a ideia da existência de Deus, mas destituído de atributos morais e intelectuais e que poderá ou não ter influído na criação do universo.
2.4.1. Uma controvérsia com o racionalismo deísta
Segundo o racionalismo deísta, não há qualquer revelação divina sobrenatural. Na concepção dos deístas, Deus, tendo criado o mundo, dotou as criaturas de seus atributos e propriedades, tornando a criação consistente com a sua natureza. Não há qualquer interferência de natureza moral de Deus na criação, em todo o percurso do tempo e da história.
A falácia desta teoria consiste nos seguintes fatos:
a) Contradiz o testemunho de nossa natureza moral. Se somos criaturas de Deus dotadas pelo próprio Deus de consciência moral, então Deus tem atributos morais e é pessoal. Desta forma, relaciona-se com o homem.
b)  A concepção racional de Deus como Ser Supremo implica na ideia de Legislador e Governante que controla o universo e interfere nos atos livres humanos.
c) As Escrituras testemunham dos atos milagrosos de Deus que ainda fazem parte da experiência cristã no mundo atual.
2.4.2. Argumentos racionais que refutam o racionalismo [10]
a) O racionalismo fundamenta-se num falso princípio. Não é necessário ao exercício racional da fé que entendamos a verdade para nela crer. O assentimento à verdade fundamenta-se na evidência. Cremos em algumas coisas com base no testemunho de nossos sentidos ou no testemunho de outras pessoas. Por que não poderíamos crer no testemunho de Deus?
b) O racionalismo presume que a inteligência humana é a medida de toda verdade. Essa é uma presunção louca do homem. Se uma criança crê naquilo que não pode entender, baseada no testemunho de seus pais, seguramente o homem pode crer no que não pode compreender baseado no testemunho de Deus.
c) Se não pode haver fé racional, se temos de receber como verdadeiro apenas o que conhecemos e compreendemos, então o mundo inteiro está reduzido à miséria. Ele perde tudo o que sustenta, beatifica e enobrece a vida.
d) Os pobres não podem ser racionalistas. Se for preciso entender aquilo em que cremos, mesmo com base nos princípios dos racionalistas, então somente os filósofos podem ser religiosos.
e) Fé implica conhecimento. E, se devemos entender a fim de conhecer, então fé e conhecimento são igualmente impossíveis. A verdade é que podemos crer naquilo que racionalmente não podemos compreender.
2.5.    Agnosticismo
À pergunta: “podemos conhecer a Deus?” O agnosticismo responde categoricamente: NÃO!... Immanuel Kant, de uma maneira mais técnica e radical, propugnou o agnosticismo ao pretender que a natureza íntima das coisas, o NÚMENO (concebível) é transcendente, ou seja, incognoscível, enquanto que só os FENÔMENOS (aparências), experimentais sensorialmente, são objeto autêntico do puro conhecer. Segundo Kant, estes fenômenos são captados dentro de nossas intuições puras do tempo e do espaço e encaixados por nossa razão nas diversas categorias, que são produto de nossa mente.[11]
É bem verdade que só podemos conhecer a realidade das coisas através dos fenômenos, mas estes fenômenos são causados pelo próprio objeto. Da mesma forma, não é de esperar que Deus tenha se revelado, superando as deficiências e limitações humanas por meio das manifestações sobrenaturais (teofanias e milagres) para que pudéssemos conhecê-lo naquilo que necessitamos, de acordo com a nossa capacidade racional e percepção espiritual? Como o homem espiritualmente cego (2Co 4.4) pode perceber espiritualmente Deus sem que o próprio Deus, por meio do seu Espírito, remova o véu (revelar) da obscuridade? É tarefa do Espírito Santo convencer (racionalmente) o homem, não só da culpa do pecado, mas também da realidade de um Ser Supremo, que é Legislador e Juiz Universal sobre tudo e todos, que julga e condena o homem com justiça (Jo 16.8-11).
A negação da possibilidade do homem conhecer a Deus geralmente se fundamenta nos supostos limites da faculdade cognitiva humana. Os agnósticos declaram unanimemente que qualquer coisa que está fora dos fenômenos naturais não se pode conhecer. Hume, embora não tenha negado a existência de Deus, afirmava que "não temos um verdadeiro conhecimento dos seus atributos. Todas as ideias dele são, e só podem ser, antropomórficas". [12] Segundo Berkhof, outras formas de expressão do agnosticismo são:
a) O homem só tem conhecimento mediante analogia.  Conhecemos somente aquilo que tem alguma analogia com a nossa natureza ou com a nossa experiência.
b) O homem só conhece aquilo que ele pode captar em sua inteireza. Isto significa que o homem não pode compreender a Deus, que é infinito, não pode ter um exaustivo conhecimento dele. Portanto, Deus não pode ser conhecido.
c) Todos os predicados de Deus são negativos e, portanto, não fornecem conhecimento real. Hamilton declara que o Absoluto e o Infinito só podem ser concebidos como uma negação imaginável; o que de fato significa que não podemos ter delas absolutamente nenhuma concepção.
d) Todo nosso conhecimento é relativo ao sujeito que exerce o conhecimento. Diz-se que conhecemos os objetos não como eles são objetivamente, mas como eles são em sua relação com os nossos sentidos e faculdades.
2.6.    A Igreja Romana
O Concílio Vaticano I definiu que a razão humana pode, por suas próprias forças, conhecer com certeza a Deus pelas obras da criação de tal modo que a Revelação Especial não é absolutamente necessária, ainda que sem ela não se poderia, na presente condição humana, obter pleno êxito; ou que todos poderiam chegar a conhecer o conjunto de verdades divinas não misteriosas, sem obstáculos, com firme certeza e sem mescla de erro.
2.7.    Resposta da teologia reformada
Berkhof, referindo-se à teologia reformada, assim se expressa:
A teologia reformada sustenta que Deus pode ser conhecido, mas que ao homem é impossível ter um exaustivo e perfeito conhecimento de Deus, de modo algum. Ter esse conhecimento de Deus seria o mesmo que compreendê-lo, e isto está completamente fora de questão [...] Ademais o homem não pode dar uma definição de Deus no sentido exato da palavra, mas apenas uma descrição parcial [...] Ao mesmo tempo, sustenta-se que o homem pode obter um conhecimento de Deus perfeitamente adequado à realização do propósito divino na vida do homem. Contudo, o verdadeiro conhecimento de Deus só pode ser adquirido graças à auto-revelação divina, e somente pelo homem que aceita isso com fé semelhante à de uma criança. [13]
3.       Natureza do conhecimento pela revelação [14]
a) Esse conhecimento, sempre será mediado por intermédio de Cristo, pois ele é o Logos, a revelação e o revelador de Deus (Jo 1.18; 1Co 1.30).
b) Trata-se do conhecimento sobre o Pai, e assim inclui aquilo que ele faz por nós, na qualidade de nosso Pai.
c) Na qualidade de filhos que estão sendo conduzidos à glória (Hb 2.10) chegaremos a desfrutar da íntima associação com o Pai, por meio do Filho; e, quando sua natureza e glória nos forem infundidas (Ef 3.19) então nós mesmos seremos demonstrações vivas do que Deus é e do que ele faz. Veremos Deus espelhado em nós.
d) Todo desenvolvimento espiritual será aquilatado (aprimorado) pela extensão em que chegaremos a conhecer a Deus.
e) Esse conhecimento, nos lugares celestiais, terá sua fruição na forma de visão beatífica, o que consistirá não meramente da contemplação de Deus, mas também, de serem os remidos iluminados a fim de participarem de sua natureza e de seus atributos.
4.       A auto-revelação divina
Ao se tratar de Deus como objeto de estudo, não é possível conhecê-lo pelos caminhos percorridos pelas ciências naturais, pois Deus, como ser transcendente, extrapola as fronteiras de toda ciência humana. Por esta razão, a auto-revelação divina, mais que necessária, é indispensável para o conhecimento de Deus. Qual o conceito teológico de revelação? Thiessen nos propõe, de forma muito clara, o seguinte conceito: “é o ato de Deus pelo qual ele se mostra ou comunica verdade à mente; pelo qual ele torna manifesto às suas criaturas aquilo que não pode ser conhecido de nenhuma outra maneira”. [15]
As Escrituras propõem três formas pelas quais Deus se revelou: por meio da criação, por meio da história e por meio de Cristo. A revelação de Deus em Cristo também é reconhecida como a revelação especial de Deus. Alguns dos teólogos mais influentes do século XX, ao falarem da revelação, apresentam pontos de vista divergente do tradicional. Karl Barth reconhece que o homem perdeu completamente a imagem original de Deus. Mas Emil Brunner afirma que essa perda diz respeito ao seu conteúdo, mas quanto à sua forma, a imagem de Deus ainda foi preservada no homem. Isto torna a revelação não só necessária, mas também possível.
O apóstolo Paulo, em 1Co 2.11, declara a impossibilidade do homem conhecer a Deus sozinho: "Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus". Ele afirma que o Espírito Santo (e somente ele) perscruta todas as coisas; até mesmo as profundezas de Deus e as revela ao homem (1Co 2.10).
4.1.    A necessidade da auto-revelação
A revelação sobrenatural foi necessária como meio de o homem, como ser pessoal e inteligente, ter respostas às questões que o inquietam e definem o rumo de sua vida e sua existência. Hodge levanta as seguintes questões: O que pode a razão decidir quanto ao destino da alma após a morte? Pode alguém ser capaz de fazer-se santo e feliz aqui e garantir seu próprio bem-estar no futuro eterno?
O saber científico não tem respostas. Pelo contrário, apesar do progresso da ciência, o homem, cada vez mais, se desumaniza e se degenera na tentativa de usufruir de tudo que lhe dá prazer, porque a morte é inevitável e frustra as tentativas de vida perpétua no mundo. O homem vive no mundo sob uma ameaça que o assusta, a morte, e um desejo que o frustra: viver eternamente. Por um lado, ele foge do inevitável; por outro, ele busca o impossível. Entre o inevitável e o impossível, o homem disputa com a natureza seu direito de existir, até que chega à fronteira dos seus limites. Daí em diante, ele depende totalmente da revelação de Deus.
Isto nos leva a entender que a necessidade da revelação pode ser entendida a partir da sua causa, do seu propósito e das circunstâncias ou condições humanas que demandam uma manifestação da pessoa de Deus. A causa e o propósito têm origem exclusiva em Deus, enquanto que as circunstâncias ou condições estão relacionadas ao homem.
4.2.    As causas da revelação
As Escrituras nos fazem conhecer duas causas:
a) A natureza transcendental de Deus - Deus, embora preencha o universo, estende-se para além de suas dimensões. Ele é um ser que está fora dos limites do tempo e do espaço; e não pode ser percebido pelos sentidos humanos (Ex 33.20; Jo 1.18; 1Tm 6.16).
b) A relação de Deus com a criação – o universo e o homem criados por Deus não foram abandonados à própria sorte. O ato divino na criação foi intencional, isto é, tudo que foi criado tem sua razão de existir. Deus, que sustenta todas as coisas, tem uma relação com sua criação, da qual o homem é seu legítimo representante e o que por ela é responsável perante Deus (Gn 1.27-30).
4.3.    O propósito da revelação
O propósito da criação está relacionado à necessidade que o homem tem de conhecer seu Criador e sua vontade soberana. Todas as coisas foram criadas para um determinado fim (Pv 16.4). O universo e o homem foram criados para a glória de Deus. Deus é soberano e exerce sua autoridade sobre tudo e todos. Ele tem definido um padrão moral de conduta para o homem e direciona sua vida e existência (Pv 16.1-33).
4.4.    As condições que demandam a revelação
Duas são as condições que demandam a revelação divina:
a) A finitude do homem“sendo os seres humanos finitos e Deus, infinito, não podemos conhecer a Deus, a menos que ele se revele para nós, ou seja, a menos que ele se manifeste aos humanos de tal forma que estes possam conhecê-lo e ter comunhão com ele”.[16]
b) O estado de alienação do homem no pecado os poderes de percepção espiritual do homem foram embotados por Satanás (2Co 4.4). Em seu estado natural, o homem não tem condições favoráveis ao entendimento das coisas espirituais, nem ao conhecimento da pessoa divina (1Co 2.14). Por esta razão, o homem depende do Espírito de Deus como agente revelador (1Co 2.10-12).
4.5.    As Escrituras como o registro da revelação
Hodge[17] aponta sete argumentos para o reconhecimento das Escrituras como registro da revelação divina:
a) Os autores sagrados reivindicam ser os mensageiros de Deus, testemunhando de sua experiência como receptores da mensagem de Deus.
b) A Bíblia não contém coisa alguma inconsistente com a reivindicação de seus autores e a verdade solidamente autenticada.
a) A Bíblia revela verdades da mais elevada ordem, em nenhum outro lugar feito conhecidas. Verdades que satisfazem às mais urgentes necessidades de nossa natureza; que resolve os problemas que a razão jamais foi capaz de resolver.
b) Os vários livros que compõem as Escrituras foram escritos por pessoas diferentes, em lugares e épocas diferentes e, no entanto, formam um todo orgânico, o produto de uma única mente.
c) Deus dá testemunho da autoridade das Escrituras por meio de sinais, prodígios e milagres. Os eventos do Novo Testamento foram preditos no Velho Testamento. O cumprimento de profecias não admite nenhuma solução racional, a não ser que a Bíblia é obra de Deus.
d) A Bíblia sempre foi e ainda é um poder no mundo. Ela tem determinado o curso da história. É a única garantia da ordem social, da virtude, dos direitos humanos e da liberdade.
e) A Bíblia fez conhecidos a pessoa, os atos e as obras de Cristo como a mais clara revelação de Deus já feita ao homem.
4.6.    Aspectos da revelação através das Escrituras [18]
a) A revelação divina é variada em seus temas.
b) A revelação divina é parcial; limita-se ao que está escrito e tem validade canônica (Dt 29.29).
c) A revelação divina é completa com relação aos fatos revelados: Cristo, a plenitude da divindade (Cl 2.9); nele se completa a obra da salvação (Cl 2.10).
d) A revelação divina é progressiva.
e) A revelação divina é primariamente para a salvação (2Tm 3.15; 1Jo 5.9-12).
f)  A revelação divina é final (Jd 3).
g) A revelação divina é infinitamente exata. “Toda a Escritura é inspirada por Deus” e é a Palavra escrita de Deus.
5.       A revelação geral de Deus
As Escrituras nos testificam que há duas formas específicas pelas quais Deus, ao longo da história, tem se revelado: por meio da natureza e através de seu Filho Jesus Cristo. No que respeito à natureza, as Sagradas Escrituras nos declara:
a) Salmos 19:1: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos”.
b) Atos 14:17: “contudo, não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu chuvas e estações frutíferas, enchendo o vosso coração de fartura e de alegria”.
c) Rm 1.19-20: “porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis”.
No versículo 20, Paulo diz: “os atributos invisíveis de Deus, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade se entendem e claramente se vêem pelas coisas que foram criadas, de modo que eles são inescusáveis”. Isto significa que a natureza existente testifica da realidade do ser de Deus de tal forma que é possível qualquer ser humano normal ter uma percepção clara de Deus (“... se entendem e claramente se vêem..."). Mas, apesar de obter tal conhecimento, o coração corrompido do homem natural, aceitar as coisas que de Deus se conhece (1Co. 2:14).
As Escrituras também deixam claro que até mesmo através da História Deus se revelou. A ação histórica de Deus, não só em sua relação com Israel como também em relação às demais nações, é testificada com destaque por toda a Bíblia. Reis e nações são exaltados ou abatidos por Deus que se identifica como Legislador e Juiz nos céus e na terra. Nações e impérios mundiais foram alvo da ação poderosa de Deus: Egito (Ex 9.13-17; Jr 46.14-26); Assíria (Is 10.12-19; Ez 31.1-4; Na 3.1-7); Babilônia (Jr 50.1-10; 51.1-4); Medo-Pérsia (Is 44.24-45.7; Dn 8.1-8, 15-21); Império Romano (Dn 7.7, 23). Todo o Antigo Testamento compõe um registro da relação entre Deus e Israel e suas implicações com as demais nações do seu contexto histórico e geográfico.
5.1.    A eficácia da revelação geral
De acordo com a teologia natural (corrente teológica que formula uma doutrina da revelação divina através da natureza, da história e da personalidade humana), “é possível ao homem chegar a um conhecimento genuíno de Deus, baseando-se apenas na razão, sem um compromisso de fé anterior com as crenças do cristianismo e sem nenhuma dependência de alguma autoridade especial, tais como uma instituição (a igreja) ou um documento (a Bíblia). A razão aqui refere-se à capacidade humana de descobrir, compreender, interpretar e analisar a verdade”.[19]
Franklin Ferreira, abordando o tema da revelação divina, reporta-se à teologia natural de Tomás de Aquino como um dos fundamentos mais sólidos da teologia da Igreja Católica Romana usada para comprovar a existência de Deus e descobrir algo sobre seus atributos, a partir dos fatos e evidências observados na criação. Ele expõe o pensamento de Tomás de Aquino em sua teologia natural, apontando as doutrinas da natureza e da graça como dois conhecimentos (o natural e o revelado) e dois métodos para conhecer e saber (a razão e a fé). Ele depõe que “no nível inferior, o ser humano pode obter um conhecimento básico de Deus pelo estudo da natureza e dos argumentos filosóficos” [20] e expõe os cinco caminhos, ou provas da existência de Deus que Tomás de Aquino propôs e que são os seguintes:
1) Caminho da mutação – o mundo não é estático. Nele, tudo o que se move é movido por outro ser. Por sua vez, esse outro ser, para que se mova, também necessita ser movido por um outro [...]. Portanto, se não houvesse um “Primeiro Motor” cairíamos num processo indefinido. Logo, precisamos de um Primeiro Ser movente que não seja movido por nenhum outro. Com base em Rm 1.20, ele afirmava que este “Primeiro Motor” é Deus.
2) Caminho da causalidade eficiente – todas as coisas existentes no mundo não possuem em si mesmas a causa eficiente de suas existências e devem ser consideradas como efeitos de alguma coisa. Logo, é necessário admitir a existência de uma Primeira Causa eficiente, responsável pela sucessão de efeitos. Essa Primeira Causa é Deus.
3) Caminho da contingência – todo ser contingente do mesmo modo que existe pode deixar de existir. Ora, se todas as coisas que existem podem deixar de ser, então, alguma vez nada existiu. Mas, se assim fosse, também agora nada existiria, pois aquilo que não existe somente começa a existir em função de algo que já existia. É preciso admitir-se, então, que á um “Ser” que sempre existiu, um “Ser” absolutamente necessário, que não tenha fora de si a causa da existência, mas pelo contrário, que seja a causa da necessidade de todos os seres contingentes. Esse “Ser Necessário” é Deus.
4) Caminho dos graus de perfeição – pode-se afirmar a existência de graus diversos de perfeição em relação à qualidade de todas as coisas existentes. Assim, afirmamos que tal ser é melhor que outro, mais belo, ou mais poderoso ou mais verdadeiro. Ora, se algo possui em maior ou menor grau determinada qualidade positiva, isso nos faz supor que deve existir um ser que detém o máximo desta qualidade, ao nível da perfeição. Devemos admitir, então, que existe um ser com o máximo de obndade, de beleza, de poder, de verdade, sendo, portanto um “Ser Perfeito”. Esse “Ser Perfeito” é Deus.
5) Caminho do finalismo – tudo que existe na criação cumpre uma função, um objetivo, uma finalidade, semelhante à flecha lançada pelo arqueiro – há uma ordem na criação. Devemos admitir, então, que existem algum ser inteligente que dirige tudo o que faz parte da criação para cumpra seu objetivo. Esse “Ser Ordenador” é Deus[21]. 
É bem verdade que a natureza revela “os atributos invisíveis de Deus, o seu eterno poder como também a sua própria divindade” (Rm 1.20); mas tal revelação não é suficiente para levar o homem a conhecer os desígnios de Deus, no tocante ao plano da salvação. O propósito da revelação natural consiste apenas em conscientizar o homem da culpa do pecado, do seu estado de degeneração espiritual e moral e de sua inevitável condenação (Rm 1.20-32). É exatamente esta situação que justifica e demanda a evangelização que consiste na tarefa de fazer o mundo conhecer os grandiosos atos redentores de Deus e os meios e recursos por ele providos para a salvação do homem.
 
5.2.    A revelação especial de Deus
Enquanto o Velho Testamento dá ênfase à revelação geral de Deus através da História, o Novo Testamento concentra a manifestação da pessoa e dos atos de Deus em Jesus, o Messias. Tal revelação é luz para Israel que deve ser compartilhada com todas as nações (Lc 2.25-32; Mt 28.19-20; At 1.8). Com respeito à revelação de Deus em Cristo, a Bíblia diz:
a) João 1:18: “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou”.
b) Hebreus 1:1-2: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo”.
c) João 12:45: “E quem me vê a mim vê aquele que me enviou”.
d) Jo 14.9-11: “Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras. Crede-me que estou no Pai, e o Pai, em mim; crede ao menos por causa das mesmas obras”.
A revelação de Deus em Cristo é comunicada por meio da encarnação do Logos Divino (Jo 1.1-3,14) interagindo no mundo, buscando reconciliá-lo consigo mesmo (2Co 5.19). Em Cristo, o Deus Eterno, criador e sustentador do universo manifestou sua natureza em toda a sua plenitude (Cl 1.15-17; 2.9), falando aos homens e realizando o plano da redenção (Hb 1.1-3). Desta forma, Cristo é o centro da História e da revelação. Nele Deus revelou sua existência, sua natureza e sua vontade. Em Cristo, todas as promessas de Deus têm seu “Se” e seu “Amém” (2Co 1.20): sua afirmação e sua confirmação seladas e definidas; tanto que o Espírito Santo se limitará a ensinar e recordar o que Cristo revelou sem pretender incrementar “novas revelações” (Jo 14.26).
O homem espiritual tem a mente de Cristo (1Co 2:15-16) e nunca agirá irracionalmente. O “culto racional” (lógico, que faz sentido), do qual Paulo fala, consiste na consagração total do homem; e a renovação da sua mente o levará a “experimentar” (conhecer pela experiência de vida espiritual) a vontade de Deus. Fé e razão andam juntas na vida espiritual. As Escrituras estabelecem como condição para a salvação do homem “o conhecer a Deus” (Jo. 17:3), sendo que tal conhecimento é adquirido por meio da fé, mas assimilado pela razão humana. Portanto, para se crer, é preciso ouvir (Rm. 10:14-17).
5.3.    O pensamento do autor de Hebreus
Segundo Hb. 11:1, fé é a convicção interior tanto da realidade invisível como da realidade futura. O futuro só se concretiza na medida em que é concebido pela fé. Disse Agostinho: “Fé é crer naquilo que não se vê; e a recompensa dessa fé é ver o que se crê”. Portanto, o conhecimento do invisível adquire-se pela fé, mas a compreensão da realidade invisível se efetua através da razão, isto é, de uma mente renovada (Ef. 1:15-17; 4:13). Por meio da fé é possível o homem trazer ao mundo visível algo que, por meio da ciência, ele não consegue tornar concreto. Nisto se baseia a realidade dos milagres e a resposta das orações (Mt. 21:22). Pela fé, o invisível torna-se visível, o impossível torna-se possível e a realidade pode ser alterada (Hb. 11:11, 22, 30-33).
A Bíblia promete que Deus sempre será achado por aqueles que o buscam (Jr. 29:13; Is. 55:6a). Aquele que busca a Deus certamente crê nele. Qualquer relacionamento que o homem queira manter com Deus só o poderá conseguir por meio da fé (Hb. 11:6). Portanto, o conhecimento real de Deus só pode ser adquirido pelo homem por meio da fé, mas, para isso, sua razão necessita da luz da revelação de Deus.





[1] FRANCISCO LACUEVA. op. cit. p. 13.


[2] HODGE, op. cit. p. 253.


[3] BERKHOF, L. op. cit. p. 29.


[4] BERKHOF, op. cit. p. 29.


[5] HODGE, op. cit. p. 253.


[6] HODGE, op. cit. p. 254.


[7] Transcrito da obra de CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de bíblica, teologia e filosofia. Vol. 5. pp. 701 a 702.


[8] CHAFER, op. cit. p. 161.


[9] HODGE, op. cit. p. 26)


[10] HODGE, op. cit. pp. 31 e 32.


[11] FRANCISCO LACUEVA, op. cit. p. 17.


[12] BERKHOF, op. cit. p. 30.


[13] BERKHOF, op. cit. p. 32.


[14] CHAMPLIN, R. N. op. cit. pp. 703 e704.


[15] THIESSEN, Henry C. Palestras em teologia sistemática, 1997, p. 10.


[16] ECRICKSON, Millard. Introdução à teologia sistemática, 1997, p. 41.


[17] HODGE, C. op. cit. pp. 28 a 30.


[18] Transcrito da obra de CHAFER, L. S. Teologia sistemática, vol 1 e 2, pp. 97 e 98.


[19] ERICSON, Millard. op. cit., p. 44.


[20] FERREIRA, Franklin. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2007, p. 58.


[21] FERREIRA, Franklin. Op. cit. pp 58, 59.


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