Pr. José Vidigal Queirós
Introdução
A concepção que o homem tem de
Deus depende dos atributos que ele reconhece como inerentes ao ser de Deus.
Embora restrita pela linguagem humana, a revelação divina registrada nas
Escrituras nos dá uma visão real da concretude do ser divino e um perfil de seu
caráter como pessoa. Mesmo assim, quaisquer que sejam os termos usados para
descrever o ser de Deus, nenhuma definição pode exaurir completamente a ideia
da realidade divina. Apesar disso, os filósofos atreveram-se a dar uma
definição de Deus pela qual Deus é descrito como “um ser auto-existente em quem
a base da realidade do mundo é encontrada”. [1]
Embora as Escrituras não nos
forneçam um conceito explícito de Deus, várias declarações bíblicas expressam
verdades insofismáveis atribuídas ao ser, aos atos e a conduta de Deus. Onde a
Bíblia fala de Deus, ela se expressa em termos antropomórficos e antropopáticos
(do grego antropos = homem + pathos = paixão; antropopatia = atribuição dos sentimentos humanos aos deuses,
animais ou objetos). Portanto, somente por meio de seus atributos podemos ter,
mesmo de forma limitada, uma concepção real e correta de Deus.
Por atributo divino entendemos
toda perfeição característica de Deus que a Bíblia nos apresenta como
pertencente ao ser divino e capaz de se manifestar a suas criaturas. Estas
perfeições são características qualitativas inerentes à própria essência de
Deus, que conjuntamente constituem a plenitude do ser divino e que descrevem
sua pessoa no que se refere ao que ele é, o que realiza e como se comporta em
sua relação com suas criaturas. Neste
ponto temos que ter cuidado com os seguintes extremos:
a) O Nominalismo – nominalismo, no presente
contexto, refere-se ao sistema filosófico segundo o qual as perfeições que a
Bíblia atribui a Deus são meros nomes ou meras etiquetas de referência, as
quais não correspondem a nenhuma realidade que caracteriza Deus.
b) O Conceptualismo – o conceptualismo
afirma que não se trata de meras etiquetas, mas se conforma em dizer que tais
atributos são distintas expressões conceituais de uma só realidade divina. Tais
expressões, por terem distintos conceitos entre si, formulam os possíveis e
diferentes conceitos do mesmo Deus único e verdadeiro. Os adeptos desta
corrente de pensamento ilustram tal pensamento da seguinte forma: "assim
como o mesmo sol abranda a cera e endurece o barro, podemos dizer que Deus é
uma uniforme e indistinta realidade que só admite variação no modo de
concebê-lo sem variedade alguma que afete ao ser de Deus".
c) O Realismo Exagerado – segundo o qual as
perfeições divinas seriam realidades diversas que, todas juntas, formariam a
essência de Deus.
Contra todos estes erros, guiados
pela mesma Palavra de Deus, afirmamos que os atributos divinos são perfeições
distintas entre si, mas de tal maneira afincadas na plenitude única e infinita
do ser de Deus, que cada uma delas participa da infinita plenitude desse Ser
Divino e nenhuma pode existir nem atuar em oposição entre si nem em separação
das demais.
2.
Modos
de determinar os atributos de Deus
No intento de construir uma
Teologia Natural, a Teologia Escolástica Medieval propôs três vias para
determinar os atributos de Deus:
a) A Via da
Causalidade – pela qual todas as perfeições puras que se encontram nos
seres criados hão de ser atribuídas também a Deus, pois o que se encontra em
"efeito total" há de encontrar-se na "causa". Assim, tem de
haver também em Deus: vida, inteligência, vontade própria, autogoverno, etc.,
porque as mesmas existem no homem criado.
b) A Via da
Negação – pela qual tais perfeições são atribuídas a Deus sem as limitações
e imperfeições que tais qualidades comportam nos seres criados. Por exemplo,
nossa vida é efêmera, o que em Deus NÃO pode ser; nossa inteligência necessita
do raciocínio, o que NÃO pode dar-se em Deus, que tudo conhece em um só golpe
de vista, etc.
c) A Via da
Eminência – pela qual todas as perfeições puras que se encontram nos seres
criados devem encontrar-se em Deus de uma maneira substantiva (não acidental) e
em grau infinito.
3. Classificação
dos atributos de Deus
Classificar os atributos divinos
satisfatoriamente é quase tão difícil como encontrar uma definição do ser
divino. Há classificações para todos os gostos: absolutos e relativos, naturais
e morais, imanentes e transcendentes, comunicáveis e incomunicáveis. Nenhuma
destas classificações parece satisfatória e traz muita reflexão. Na espera de
outra melhor propomos a seguinte: ônticos,
morais e operativos.
Com efeito, se Deus fez o homem
à sua imagem e semelhança, podemos rastrear a imagem de Deus através do ser
humano. Esta imagem, segundo o Gênesis, consiste em três elementos principais:
superioridade (liberdade dominadora), inteligência e retidão. Daí que o homem
tenha sua peculiar Ontologia, Psicologia e Ética. Aplicando-o a Deus, podemos
investigar em sua palavra três classes de perfeições que nos digam: que é Deus;
que faz Deus em sua intimidade e como Deus se comporta. Assim teremos:
- Que é Deus? (Atributos Ônticos): um, espírito, infinito, auto-existente, imutável.
- Que faz Deus? (Atributos Operativos): Deus pensa (verdade), Deus quer (amor), Deus pode (poder)
- Como Deus age? (Atributos Morais): com bondade, com santidade, com justiça.
4. Atributos
Ônticos (o que Deus é)
4.1.
Deus
é um
Os filósofos distinguem três
classes de unidade:
a) Unidade
Predicamental (gradual) ou Numérica – é aquela que corresponde a um ser
como "um" entre muitos da mesma classe; é o "um" de todas
as coisas. Deus carece desta unidade porque Ele é um ser completamente
diferente dos demais; por isso, não pode ser um de uma série.
b) Unidade
Transcendental ou Essencial – é aquela pela qual um ser está integrado em
si mesmo e diferenciável de qualquer outro. Quanto mais perfeito é um ser, mais
perfeitamente integrado se encontra. Deus é a perfeição da unidade de
integração pela pura e simples perfeição do seu ser, no qual se fixam
substantiva e infinitamente seus atributos. Ele é inigualável em integridade,
portanto, é único.
c) Unidade de
Singularidade ou Unicidade – é aquela pela qual um ser é algo único em sua
espécie. Ou seja, o ser sozinho forma uma espécie, não havendo outro nem igual
nem diferente.
Para compreendermos melhor,
façamos o seguinte raciocínio: existem várias espécies de seres e, em cada
espécie, há vários seres como, por exemplo, a espécie animal composta de vários
tipos de animais tanto semelhantes como diferentes; a espécie vegetal composta
de vários tipos de vegetais, etc. Mas a "espécie divina" é composta
de apenas um ser: Deus. Neste sentido, dizemos que nosso Deus é único. A
unicidade de Deus é confirmada pela Bíblia. O monoteísmo é doutrina fundamental
das Escrituras, tanto no Velho Testamento (Dt. 6:4; 32:32; Is. 44:6) como
também no Novo (Jo. 5:44; 17:3; 1Co 8:4; Ef. 4:6; 1Tm. 1:17; 2:5; 6:15).
Que é um espírito? Para
entendermos o que é um espírito e, no caso presente, em que consiste a natureza
de Deus, como atributo constitutivo da essência metafísica de Deus, é preciso
determinar o sentido do vocábulo, que tem três significados principais:
- "Fantasma" – a alma dos mortos, como em Lc. 24:37-39;
- "Vento", "ar" ou "fôlego da vida" (Jo. 3:3-8; Gn. 2:7; Ez. 37:5-10);
- "Natureza imaterial" que, embora sendo pessoa de concreta existência, não tem composição material e que, em consequência disso, não pode ser vista a olho nu (Jo. 4:24; 1:18; 5:37).
Os vocábulos "ruach",
em hebraico, e "pneuma", em grego, servem para expressar qualquer dos
três sentidos citados. Aqui os tomamos unicamente no terceiro deles. Dizer que
Deus é Espírito (Jo. 4:24) significa, pois:
- Que em sua consistência não há matéria, nem figura corpórea; que não admite em si extensão nem composição e que, portanto, é imortal (incorruptível) e invisível (Rm. 1:20; Cl. 1:15; 1Tm 1:17);
- Que Deus é pessoa, isto é, alguém que se conhece a si mesmo e pode por-se em comunhão com um "tu" e que, embora tenha contato com o mundo material, encontra-se na instância do sobrenatural.
Por não ter matéria em sua
constituição, não contam em Deus partículas que possam desintegrar-se e,
portanto, ele é incorruptível
(aphthártos, em grego), isto é, não pode se decompor nem deixar de existir; é inextenso (não tem extensão, não pode
ser medido) e, consequentemente, é isento das leis e propriedades da matéria,
não é perceptível sensorialmente e, portanto, para revelar-se precisou
transfigurar-se (teofania).
De sua natureza incorruptível
deriva sua imortalidade (não pode ser
extinto). Tal imortalidade não só é natural
(propriedade de sua natureza) como também essencial
(de sua consistência espiritual). Nosso espírito, por ter sido criado (origem
de existência) e para continuar existindo, dependerá sempre da existência e da
ação sustentadora de Deus. Por esta razão, nossa imortalidade é condicional e só é real por causa da
imortalidade de Deus. Eis a razão pela qual Paulo declara que Deus é o “único
que tem imortalidade” (1Tm 6.16).
4.3.
Deus
é infinito
Infinito, segundo sua etimologia,
equivale a "sem limites". Infinito significa, pois, "não
limitado". Há duas classes de infinito:
a) Potencial ou Matemático, cujo limite se retira indefinidamente como, por exemplo, o quociente obtido pela divisão de 10 por 3 (10/3 = 3,333333...).
b) Real ou Metafísico que rompe todas as formas de limitação pelas quais um ser se caracteriza como finito.
a) Potencial ou Matemático, cujo limite se retira indefinidamente como, por exemplo, o quociente obtido pela divisão de 10 por 3 (10/3 = 3,333333...).
b) Real ou Metafísico que rompe todas as formas de limitação pelas quais um ser se caracteriza como finito.
Um ser pode estar limitado de
três maneiras: pela relatividade de sua própria natureza; pelo espaço que
ocupa; pelo tempo de sua existência. Nenhum destes limites afeta o ser de Deus.
No entanto, há dois atributos de Deus que derivam de sua infinitude: (a) Deus é
Imenso,
sem espaço que o contenha (1Rs. 8:27; At. 7:48-50; At 17.24); (b) Deus é Eterno,
sem tempo de existência que possa ser contado (Sl 90.2,4; 2Pe 3:8).
Precisamente porque Deus é um ser
infinitamente perfeito, nenhum intelecto limitado pode compreender-lhe, isto é,
abarcar em um conceito limitado o Ser sem limites (Jó 11:7-9; Rm. 11:33). A
infinitude de Deus tanto é qualitativa,
e não quantitativa, como também intensiva,
não extensiva. A falha do Panteísmo propugnado por Baruc Spinoza consiste
em que ele confundiu a intensidade
qualitativa do Ser de Deus com a extensão
quantitativa dos seres e, por esta razão, identificou o mundo com Deus. [3]
A infinitude de Deus pode ser expressa pela ideia de “potencial
ilimitado”, no sentido de que não há fronteiras para o conhecimento de Deus nem limites para o
seu poder. Em outras palavras, o
conhecimento de toda realidade (existência concreta ou potencialidade de
existência) é de pleno domínio de Deus; e nenhum fator externo ao ser de Deus
bloqueará qualquer ato divino oriundo da vontade soberana de Deus. Sendo Deus
um Espírito Infinito, ele transcende todos os limites que o espaço impõe e as estimativas
de tempo que se possa imaginar.
Assim sendo, questionamos: Onde
Deus habita? Segundo as Escrituras, a resposta é: nos céus. Céus é uma
expressão que identifica tudo que não é a terra e que a cerca; isto é, toda a
imensidão do “cosmos” tanto visível (universo físico) como invisível (universo
espiritual). Quando Jesus, como o Logos
divino encarnado, disse: “Eu desci dos céus”, não fez referência a um possível
distanciamento geográfico, mas à uma outra dimensão de existência; de uma
realidade que, mesmo sendo invisível, pervade o universo físico, enchendo-o por
dentro e por fora.
A infinitude de Deus também implica uma imensidão. Imenso é a fórmula "in +
menso" que significa "sem medida". Portanto, na imensidão de
Deus comporta a sua ONIPRESENÇA. Podemos
perguntar: "Onde estava Deus antes que existisse o mundo?" Podemos
também responder a esta pergunta da seguinte forma:
a) A
palavra "antes" parece implicar que houve um "antes" quando
não existia o tempo; mas na eternidade não cabe um "antes" nem um
"depois".
b) "Antes"
que o mundo existisse, Deus não estava "em nenhuma parte", porque ele
mesmo era "seu próprio lugar", se é que temos de explicar tal
argumento de algum modo inteligível.
Assim como a imensidão de Deus diz respeito ao espaço, a eternidade refere-se ao tempo. Podemos definir a eternidade como
"um infindável presente que dura para sempre". No idioma hebraico não
há presente; e com muita razão, porque o presente não existe para nós como algo
indivisível. Nós dizemos: "como o tempo passa!" Sem dúvida, não é o
tempo que passa; nós é que passamos com o desgaste do existir. E não há lógica
quando dizemos: "tenho cinquenta anos", quando na verdade esses
cinquenta anos já não os temos, porque os temos gastado com o passar de nossa
existência.
Ao contrário, a eternidade de
Deus é um "perpétuo e pleno presente" que abarca, sobrepassa e
coexiste com todos os tempos. Ante a impossibilidade de expressar adequadamente
na linguagem humana a eternidade de Deus, a Bíblia Hebraica diz que Deus é
"desde o século até o século" (Sl. 90:2). O Novo Testamento em grego
o apresenta como "Aquele que é, e que era e que há de vir" (Ap. 1:8).
Ver também: Jd. 25; Pv. 8:22 e segs.; 1Co 2:7; Ef 1:4; 3:21; 1Tm 1:17; 6:16; Ap
15:8.
4.4.
Deus
é um ser auto-existente
Deus é um ser absoluto. Ele é
reconhecido como livre quanto a condição, limitação ou restrição. Nisto
consiste a existência autônoma de Deus. Como diz Berkhof, “Ele é a causa sui”
(a sua própria causa). Em outras palavras, Deus é absolutamente livre e
independente.
O atributo da auto-existência de
Deus deriva do nome yahweh pelo qual Ele quis ser invocado por seu povo (Êx.
3.14-15). Em sua revelação a Moisés, Deus se identificou como “EU SOU O QUE
SOU” (em hebraico, ‘eyeh ‘asher ‘eyeh). “Eu Sou” (‘eyeh) é usado no versículo
14 como o sujeito da frase “me enviou a vós outros”. Em seguida, no versículo
15, Deus se apresenta como YAHWEH em lugar da expressão ‘eyeh com o mesmo
significado, pois a mesma frase anterior é citada novamente. O nome Yahweh designa a realidade eterna e
soberana da pessoa de Deus que se autossustenta e autodetermina.
No Novo Testamento, o atributo da
existência autônoma de Deus é afirmado através da declaração de Jesus em Jo
5.26: “Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho
ter vida em si mesmo”.
4.5.
Deus
é imutável
Este é um atributo de Deus que
deriva de sua auto-existência. “É a perfeição pela qual não há mudança nele,
não somente em seu ser, mas também em suas perfeições, em seus propósitos e em
suas promessas” (Berkhof). Deus é imune a todo acréscimo ou diminuição, a todo
desenvolvimento ou decadência; não sofre alterações. Da perfeição absoluta de
Deus deduz-se que é impossível que haja em seu ser mudança progressiva ou
regressiva.
Algumas passagens das Escrituras testificam da imutabilidade
de Deus:
a) Êxodo 3:14: “Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE
SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós
outros”.
b) Salmos 102:26-28: “Em tempos remotos, lançaste
os fundamentos da terra; e os céus são obra das tuas mãos. Eles perecerão, mas
tu permaneces; todos eles envelhecerão como uma veste, como roupa os mudarás, e
serão mudados. Tu, porém, és sempre o mesmo, e os teus anos jamais terão
fim”...
c) Isaías 48:12: “Dá-me ouvidos, ó Jacó, e tu, ó
Israel, a quem chamei; eu sou o mesmo, sou o primeiro e também o último”.
d) Malaquias 3:6: “Porque eu, o SENHOR, não mudo;
por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos”.
e) Romanos 1:23: “... e mudaram a glória do Deus
incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves,
quadrúpedes e répteis”.
f) Hebreus 13:8: “Jesus Cristo, ontem e hoje, é o
mesmo e o será para sempre”.
g) Tiago 1:17: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito
são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou
sombra de mudança”.
Wayne Grudem atribui a Deus
emoções e sentimentos. Ele afirma que “Deus é imutável no seu ser, nas suas
perfeições, nos seus propósitos e nas suas promessas; porém, Deus age e sente
emoções, e age e sente de modos diversos diante de situações diferentes”.[4]
Isto significa que a imutabilidade de Deus não restringe sua diversidade nos motivos e na forma pelos
quais Deus age. Deus não muda, mas diversifica seus atos e sua forma de agir em
relação aos atos livres humanos. Herman Bavinck, referindo-se à importância da
imutabilidade de Deus se expressa da seguinte forma:
A doutrina da imutabilidade de Deus é da mais alta
importância para a religião. O contraste entre ser e vir a ser assinala entre o
Criador e a criatura. Toda criatura está continuamente vindo a ser. É mutável,
vive em constante azáfama, busca repouso e satisfação, e encontra repouso em
Deus, e só nele, pois só ele é puro ser e ao vir a ser. Daí nas Escrituras Deus
ser muitas vezes chamado a Rocha...[5]
Sendo Deus imutável, como se
explica as aparentes mudanças nas intenções de Deus com
respeito ao seu povo? Há passagens bíblicas que nos deixam intrigados com
respeito às atitudes de Deus que, tendo decidido julgar o seu povo, desiste
diante das orações e do arrependimento do povo, apiedando-se e manifestando sua
misericórdia. Um exemplo disso é a intervenção de Moisés que intercedeu pelo
povo israelita quando Deus já havia pronunciado como sentença a destruição de
Israel (Ex 32.9-14). Outro exemplo é o acréscimo de anos de vida ao rei
Ezequias (Is 38.1-6). Um terceiro exemplo é o fato de Deus ter voltado atrás na
decisão de julgar Nínive por causa do arrependimento dos seus habitantes (Jn
3.4, 10). E o que dizer do arrependimento de Deus por ter criado o homem (Gn
6.6) e por ter constituído Saul como rei de Israel (1Sm 15.10)? A esta questão
Grudem responde assim:
Estes exemplos devem todos ser entendidos como
expressões verdadeiras da atitude ou intenção presente de Deus diante da
situação que existe naquele momento. Se a situação muda, então é claro que
a atitude ou expressão de intenção divina irá também mudar. Isto quer dizer que
somente Deus reage de modos diversos a
situações diferentes [...] Os casos do arrependimento de Deus diante da
criação do homem e do fato de ter feito Saul rei também podem ser entendidos
como expressões do descontentamento
presente de Deus diante da pecaminosidade do homem.[6]
[2] O conteúdo deste capítulo foi extraído da obra de Francisco
Lacueva CURSO DE FORMACIÓN TEOLÓGICA EVANGÉLICA, Tomo II, Um Dios Em Tres Personas. Algumas alterações foram feitas com a
inserção de conteúdo de outras fontes citadas nas notas de rodapé.
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