Pr. José Vidigal Queirós
Introdução
Há
uma questão que requer uma resposta clara: Quais
devem ser as razões pelas quais somos requisitados para nos engajarmos no
ministério social cristão? Somente um exame profundo das Escrituras haverá
de nos fornecer os elementos essenciais que servirão como motivos justos para a
prática das obras sociais. As Escrituras nos apresentam vários motivos que
vamos expor no presente estudo.
1. A imitação a Cristo
A
descrição mais breve sobre a vida e o ministério de Jesus foi feita pelo
apóstolo Pedro, quando pregou o evangelho na casa do centurião Cornélio nos
seguintes termos: “... concernente a
Jesus de Nazaré, como Deus o ungiu com o Espírito Santo e com poder; o qual
andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do Diabo,
porque Deus era com ele” (At 10.38).
Cristo
veio ao mundo como servo e sua vida foi marcada pelo serviço. Ele confessou aos
seus discípulos que “não veio para ser
servido, mas para servir...” (Mt 10.28). Ele investiu sua vida na formação
de discípulos que pudessem imitá-lo em tudo e a razão que ele apresentou a eles
foi que “basta ao discípulo ser como o
seu mestre e ao servo como seu senhor...” (Mt 10.25).
O
apóstolo Paulo é contundente ao declarar que “se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Rm
8.9). Ter o Espírito de Cristo significa possuir o perfil do caráter
santificado de Cristo e envolver-se nas obras da missão para a qual ele veio ao
mundo. Da mesma forma, o apóstolo João, em sua primeira epístola declara que “aquele que diz estar nele, também deve
andar como ele andou” (1Jo 2.6). Entendemos que a imitação a Cristo não se
limita à conduta moral, mas também ao ministério e às causas pelas quais ele
viveu e morreu.
A
determinação pessoal de servir a Cristo implica no serviço em favor dos quais
ele dedicou sua vida diariamente: os pobres e os oprimidos (Lc 4.16-20). Os
imitadores de Cristo buscam cumprir a agenda missionária de Jesus que encerrou sua
missão declarando aos seus discípulos: “Assim
como o Pai me enviou, eu também vos envio”(Jo 20.21). Herdamos dele não
somente o estilo de vida, mas também seu modelo de ministério e as obras às
quais ele se dedicou fervorosamente.
2. A fidelidade à vocação divina
O
trabalho social cristão tem sua motivação não só na imitação da pessoa e do
ministério de Jesus, mas também na convicção de que a igreja como corpo de
Cristo é vocacionada para o exercício de uma missão no mundo, onde os valores
do reino de Deus (justiça, equidade e paz) haverão de ser impregnados na vida
cotidiana da sociedade.
Não
os céus, mas o mundo é o campo de nossa missão. Não os céus, mas o mundo é o
lugar aonde Deus enviou o seu Filho, para nele estabelecer o seu reino de
justiça e paz. “Assim como tu me enviaste
ao mundo, também eu os enviarei ao mundo” (Jo 17.18) foram as palavras de
Jesus em sua oração sacerdotal a favor dos seus discípulos, para designar que a
nossa vocação é a mesma do Senhor.
O
“assim como” significa mais que pelas
mesmas razões; deve significar para nós que a missão é a mesma. Portanto,
as obras sociais às quais Jesus se dedicou são as mesmas a que fomos
designados; e os pobres e oprimidos são os alvos prioritários de nossa missão.
O
serviço social cristão deve brotar do interesse genuíno pela fidelidade à
vontade de Deus. Nossa redenção é uma obra da graça divina, mas “as obras que Deus preparou de antemão para
que andássemos nelas” (Ef 2.8-10) são o selo de autenticação de nossa fé,
quando obedecemos ao chamado de Deus à prática das boas obras.
3. A convicção de que seremos julgados pelas obras
Virá
o dia em que todos nós seremos julgados para recebermos a recompensa eterna. De
acordo com
as Escrituras, o critério de julgamento
haverão de as obras (2Co 5.10; 1Pe 1.17;
Ap 20.12-13). As obras identificam a real natureza humana, tanto
do salvo como
do perdido. Aquilo que
o homem semear
nesta vida colherá para
a eternidade (Gl 6.7-8).
A
fé salvadora haverá de ser confirmada ou
anulada pelas obras, que serão
trazidas a juízo, no último
dia. O julgamento
segundo as obras
é uma forma através
da qual Deus
revelará em que
e como cada
pessoa terá investido sua
vida. A qualidade
e a utilidade da vida serão medidas pelo que dela foi
produzido. As obras, que serão
trazidas a juízo, são
as obras que
a fé ou
a incredulidade tiverem produzido. No
que se refere aos santos, as obras sociais estão em relevo como critério de
julgamento que definirá o destino eterno de cada um de nós (Mt 25.31-46).
Conclusão
O
que move um cristão a realizar obras sociais? Grande parte das igrejas e de
grupos específicos de crentes que se dedicam a ação social são movidos pelo
vazio interior ou sentimento de culpa; outros, por competição com outra igreja;
outros, como isca evangelística; outros, por manipulação política; outros, por
ativismo impensado.
Para
nós, que nos firmamos nas Sagradas Escrituras, os motivos corretos que devem
nos mover à ação social haverão de ser nosso dever de imitar a Cristo, nossa
fidelidade à vocação que Deus nos deus e a convicção de que as obras serão o
critério pelo qual seremos julgados, no último dia, e que definirão nosso
destino eterno.
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