22 de junho de 2014

A RESPONSABILIDADE SOCIAL CRISTÃ - ESTUDO IV


A MOTIVAÇÃO CORRETA



Pr. José Vidigal Queirós


Introdução

Há uma questão que requer uma resposta clara: Quais devem ser as razões pelas quais somos requisitados para nos engajarmos no ministério social cristão? Somente um exame profundo das Escrituras haverá de nos fornecer os elementos essenciais que servirão como motivos justos para a prática das obras sociais. As Escrituras nos apresentam vários motivos que vamos expor no presente estudo.

1. A imitação a Cristo

A descrição mais breve sobre a vida e o ministério de Jesus foi feita pelo apóstolo Pedro, quando pregou o evangelho na casa do centurião Cornélio nos seguintes termos: “... concernente a Jesus de Nazaré, como Deus o ungiu com o Espírito Santo e com poder; o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do Diabo, porque Deus era com ele” (At 10.38).

Cristo veio ao mundo como servo e sua vida foi marcada pelo serviço. Ele confessou aos seus discípulos que “não veio para ser servido, mas para servir...” (Mt 10.28). Ele investiu sua vida na formação de discípulos que pudessem imitá-lo em tudo e a razão que ele apresentou a eles foi que “basta ao discípulo ser como o seu mestre e ao servo como seu senhor...” (Mt 10.25).

O apóstolo Paulo é contundente ao declarar que “se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Rm 8.9). Ter o Espírito de Cristo significa possuir o perfil do caráter santificado de Cristo e envolver-se nas obras da missão para a qual ele veio ao mundo. Da mesma forma, o apóstolo João, em sua primeira epístola declara que “aquele que diz estar nele, também deve andar como ele andou” (1Jo 2.6). Entendemos que a imitação a Cristo não se limita à conduta moral, mas também ao ministério e às causas pelas quais ele viveu e morreu.

A determinação pessoal de servir a Cristo implica no serviço em favor dos quais ele dedicou sua vida diariamente: os pobres e os oprimidos (Lc 4.16-20). Os imitadores de Cristo buscam cumprir a agenda missionária de Jesus que encerrou sua missão declarando aos seus discípulos: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio”(Jo 20.21). Herdamos dele não somente o estilo de vida, mas também seu modelo de ministério e as obras às quais ele se dedicou fervorosamente.

2. A fidelidade à vocação divina

O trabalho social cristão tem sua motivação não só na imitação da pessoa e do ministério de Jesus, mas também na convicção de que a igreja como corpo de Cristo é vocacionada para o exercício de uma missão no mundo, onde os valores do reino de Deus (justiça, equidade e paz) haverão de ser impregnados na vida cotidiana da sociedade.

Não os céus, mas o mundo é o campo de nossa missão. Não os céus, mas o mundo é o lugar aonde Deus enviou o seu Filho, para nele estabelecer o seu reino de justiça e paz. “Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviarei ao mundo” (Jo 17.18) foram as palavras de Jesus em sua oração sacerdotal a favor dos seus discípulos, para designar que a nossa vocação é a mesma do Senhor.

O “assim como” significa mais que pelas mesmas razões; deve significar para nós que a missão é a mesma. Portanto, as obras sociais às quais Jesus se dedicou são as mesmas a que fomos designados; e os pobres e oprimidos são os alvos prioritários de nossa missão.

O serviço social cristão deve brotar do interesse genuíno pela fidelidade à vontade de Deus. Nossa redenção é uma obra da graça divina, mas “as obras que Deus preparou de antemão para que andássemos nelas” (Ef 2.8-10) são o selo de autenticação de nossa fé, quando obedecemos ao chamado de Deus à prática das boas obras.

3. A convicção de que seremos julgados pelas obras

Virá o dia em que todos nós seremos julgados para recebermos a recompensa eterna. De acordo com as Escrituras, o critério de julgamento haverão de as obras (2Co 5.10; 1Pe 1.17; Ap 20.12-13). As obras identificam a real natureza humana, tanto do salvo como do perdido. Aquilo que o homem semear nesta vida colherá para a eternidade (Gl 6.7-8).

A fé salvadora haverá de ser confirmada ou anulada pelas obras, que serão trazidas a juízo, no último dia. O julgamento segundo as obras é uma forma através da qual Deus revelará em que e como cada pessoa terá investido sua vida. A qualidade e a utilidade da vida serão medidas pelo que dela foi produzido. As obras, que serão trazidas a juízo, são as obras que a fé ou a incredulidade tiverem produzido. No que se refere aos santos, as obras sociais estão em relevo como critério de julgamento que definirá o destino eterno de cada um de nós (Mt 25.31-46).

Conclusão

O que move um cristão a realizar obras sociais? Grande parte das igrejas e de grupos específicos de crentes que se dedicam a ação social são movidos pelo vazio interior ou sentimento de culpa; outros, por competição com outra igreja; outros, como isca evangelística; outros, por manipulação política; outros, por ativismo impensado.

Para nós, que nos firmamos nas Sagradas Escrituras, os motivos corretos que devem nos mover à ação social haverão de ser nosso dever de imitar a Cristo, nossa fidelidade à vocação que Deus nos deus e a convicção de que as obras serão o critério pelo qual seremos julgados, no último dia, e que definirão nosso destino eterno.



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