7 de junho de 2014

ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA - CAPÍTULO III - PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO





Resumo mesclado de diversas fontes, sendo a principal, CARVALHO, Antônio Vieira de. Planejando e administrando as atividades da igreja. São Paulo: Hagnos, 2004.


1.       Introdução à atividade de planejamento estratégico em geral
Um dos fenômenos mais intrigantes de administração tem sido a continuidade do conceito e prática do planejamento estratégico (PE), desde o final da década de 70 até os dias de hoje. Com exceção da chamada “revolução do computador”, no final do século passado, e agora com a “internet”, poucas técnicas de gestão têm marcado sua presença nas organizações privadas e governamentais de modo tão rápido e completo quanto o PE. Antes de continuarmos analisando a função de PE propriamente dita, abordaremos a importância e o alcance de seus dois componentes básicos: planejamento e estratégia.
 










1.1.    Planejamento, o que vem a ser?
Na sua obra clássica “Princípios de Administração”, Koontz e O’Donnell definem a atividade de planejamento como sendo “a função administrativa que compreende a seleção de objetivos, diretrizes, processos e programas, a partir de uma série de alternativas. É uma tomada de decisões que afeta ocurso futuro de uma organização ou departamento”.[1]Billy E. Goetz, professor de administração e consultor para assuntos de planejamento nos EUA afirma, com razão: “o planejamento consiste fundamentalmente numa escolha, e um problema de planejamento surge quando se descobre um curso de ação diverso”.[2]
Planejamento é função que envolve todos os dirigentes, em qualquer nível da organização. De fato, a menos que um administrador execute algum tipo de planejamento, mesmo numa área de atuação bastante limitada, não pode ser considerado um gerente. Planejar é, essencialmente, um processo intelectual, onde o dirigente de uma organização ou de uma unidade dessa mesma organização, determina, de forma consciente, o curso de ação, a tomada de decisões com base em objetivos, fatos e estimativas submetidas a análise. De uma forma ou de outra, todos nós planejamos nossas atividades, mesmo que o façamos de modo inconsciente, como por exemplo:
a) Programar uma viagem: disponibilidade financeira e de tempo; roteiro a seguir; meios de transporte (carro próprio ou alugado; ônibus; trem; avião; navio etc.);
b) Dar uma palestra: definir o assunto; duração; ilustrações; número e nível dos participantes etc. 
C) Escrever um livro: escolher o tema; título e subtítulos; nº de páginas previstas; ilustrações; tempo previsto para elaborar originais etc.

Antes de ser uma função administrativa, o planejamento, na verdade, constitui-se numa atitude, num estado de espírito! Planejar é, pois, dar corpo às ideias e aos propósitos, de maneira a localizar, identificar e estruturar as atividades que nos levarão à consecução das metas a que o planejamento se propôs a atingir num determinado prazo, como um processo dinâmico, identificando os acontecimentos e transformando-os em decisões. Edward R. Dayton[3] apresenta os seguintes conceitos de planejamento:
a)   Planejar é um modo de pensar no futuro antes que ele aconteça. Todo passado já foi futuro e todo futuro será passado; e quando isso acontecer será impossível voltar atrás para consertar os erros que poderiam ter sido evitados e alcançar as metas que não foram definidas para direcionar a vida que vagou sem direção e não chegou ao destino desejado.
b)   Planejar é definir o que vamos fazer para chegarmos onde queremos. Deus nos criou com a capacidade de autogoverno e isto é o que chamamos de livre arbítrio. Para se chegar a algum destino é necessário que se percorra algum caminho. Para chegarmos ao destino certo precisamos percorrer o caminho certo. Portanto, planejar é construir a estrada que nos levará ao destino desejado.
c)    Planejar é definir os meios de concretizarmos nossos sonhos. Todo ser humano vive em função de alguma utopia. Utopia é o sonho em função do qual investimos todo o nosso potencial na esperança de vê-lo concretizado no futuro. Caminhamos na direção do amanhã, sempre na esperança de uma vida melhor e o fazemos por meio da fé. A fé é o poder do espírito que alimenta a esperança de concretizarmos nossos sonhos. Definir os meios e os recursos viáveis que tornarão isso possível é o que chamamos de planejamento.
d)   “Planejar é mover-se do agora para o ‘então’, daquilo que as coisas são para aquilo que queremos que elas sejam”. Planejar é a arte de descobrir os meios e os recursos para alcançarmos nosso propósito de vida. Podem haver várias maneiras de alcançar este propósito, mas a questão é: Qual o melhor deles? De acordo com Dayton, “planos são declarações de fé, pois estão ligados ao futuro”.[4] O futuro pode ser imaginado e podemos tomar as providências que irão nos trazer satisfação e que terão menos probabilidade de nos decepcionar.

1.2.    Estratégia: conceituação e dinâmica
O termo “estratégia” vem do grego strategia, “comando do exército”, e é tão antigo quanto a guerra. Contudo, o vocábulo só entrou em uso no século13, quando se aplicou apenas à condução das operações militares. Pouco a pouco, a política, os recursos demográficos e econômicos dos Estados foram também considerados como elementos da estratégia. No contexto da arte militar, a estratégia consiste no distribuir e aplicar sensatamente meios de ação disponíveis, no conjunto dos cenários de combate, de maneira que impeçam ou dificultem ao máximo as possíveis iniciativas do adversário e garantam a realização mais eficaz dos objetivos da campanha.

As principais qualidades exigidas para a concepção estratégica são:
·         Clareza e largueza de ideias.
·         Realismo combinado com imaginação.
·         Espírito de previsão e de síntese.
·         Senso de pesquisa e de interpretação de informações.
·         Apreciação espaço-temporal correta.

Os princípios tradicionais da estratégia dependem do simples bom-senso. Baseiam-se habitualmente em três preceitos gerais, os quais, aliás, nada têm de particularmente bélico e são aplicáveis a qualquer atividade humana:
a)       Adaptação dos meios aos fins ou dos fins aos meios;
b)       A liberdade de ação;
c)       A economia das forças.

Só a partir do início dos aos 70, o termo “estratégia” entrou no vocabulário corrente do mundo dos negócios. A estratégia de uma organização consiste em um conjunto de objetivos e de orientações de como atingir os objetivos estabelecidos. O alvo da estratégia de um organismo qualquer é garantir seu êxito em determinado prazo, no quadro de sua finalidade natural estabelecida por seus dirigentes. A estratégia é uma regra geral de tomada de decisões; é um eixo de orientação. Uma decisão estratégica dependerá da relação entre a organização e seu ambiente. A estratégia é a resposta coerente dada pelos dirigentes da organização à pergunta: “como queremos que seja nossa organização?”. As características essenciais de uma estratégia são:
a)     A dialética da empresa com seu ambiente econômico, político, tecnológico e social.
b)     A escolha de opções que empenhem o futuro, até o futuro remoto; trata-se de estratégia a longo prazo.

1.3.    O que é planejamento estratégico?
O Prof. Paulo Vasconcellos Filho, da Fundação Pinheiro Netto, de Belo Horizonte, ao conceituar o PE, começa dizendo o que ele NÃO É:
a)     PE não é planificação. Planificar é fazer planos para cumprir objetivos já estabelecidos.
b)  PE não é planejamento a longo prazo. Como ninguém pode prever oque vai acontecer daqui a cinco ou dez anos, o planejamento à longo prazo ameaça levar ao descrédito todo o processo de planejamento.
c)   PE não é administração por objetivos (APO), a qual é um instrumento administrativo e não diretivo. Uma organização pode ter PE sem ter APO, mas não pode ter APO sem PE.
d)   PE não é planejamento tático, sendo o objetivo deste otimizar uma área de resultado da organização e não a organização como um todo e, com isto, trabalhar com os objetivos e metas pelo PE”.[5]

Após listar o que não é PE, Vasconcellos Filho identifica-o como sendo uma “(...) metodologia de pensamento participativo, utilizada para definir a direção que a organização deve seguir, por meio da descoberta de objetivos válidos. O produto final desta metodologia é um documento escrito chamado Plano Estratégico”.

1.4.    Vantagens do planejamento estratégico
Entre as vantagens proporcionadas por um bem estruturado PE, merecem citação:
a)     Redução acentuada dos riscos da incerteza à tomada de decisões estratégicas.
b)    A organização passa a identificar e a usufruir com maior segurança as oportunidades que lhe são oferecidas pelo ambiente.
c)     Melhor adaptação da organização ao processo de mudança contínua do ambiente.
d)    O PE integrado permite que o conhecimento dos objetivos globais e setoriais seja um fator de aglutinação de esforços, visando a integração dos processos organizacionais.
e)   Possibilita aos dirigentes de todos os níveis ter uma visão da direção certa para onde a organização deve caminhar.
f)    Permite uma melhor seleção de recursos humanos, materiais e financeiros para as áreas de maiores resultados.
g)  O PE integrado pode ser empregado como parâmetro para a elaboração dos demais planos táticos e operacionais da organização.[6]

2.       Planejamento estratégico na igreja de Cristo
O PE tem alguma utilidade para nossas igrejas? Em caso positivo, qual? É possível desenvolver um programa de PE nas comunidades cristãs? Como? Essas e outras questões afins estão presentes no dia-a-dia das decisões eclesiásticas. Abordaremos a seguir alguns pontos tidos como essenciais para compreendermos o papel e a atuação do PE nas igrejas cristãs. O texto de apoio central para a implantação e acompanhamento de um PE na igreja está, como não poderia deixar de ser, nas Escrituras Sagradas. Elas têm tudo a nos dizer e a ensinar sobre a viabilidade ou não de um PE em nossa comunidade de fé.
Abrindo sua Bíblia nos dois primeiros capítulos do livro de Gênesis, você perceberá que, nas duas narrativas sobre a Criação (Gn 1.1-2.4 e Gn 2.4b-25), embora elaboradas em épocas bem distantes uma da outra, há, em ambas, uma sequência das ações de Deus que evidenciam um plano estratégico do Criador em relação à criatura, o homem. Por que será que o Todo-Poderoso agiu dessa forma, quando poderia ter criado o mundo de uma só vez? Pode-se inferir da leitura de Gn 1.27-31, que o Senhor fez oque fez com um determinado objetivo: criar o homem, à sua imagem e semelhança, para viver no Paraíso. Temos aí a primeira fase de um PE: determinação de objetivo e/ou objetivos.
Os textos bíblicos mostram a segunda etapa do PE divino: os procedimentos (como)empregados por Deus para atingir seu objetivo: 1º) criação dos céus e da terra; 2º) criação do mundo vegetal; 3º) criação dos períodos de tempo (dia e noite) com seus marcos; 4º) criação de animais marinhos, terrestres e aves; 5º) finalmente, criação do homem e da mulher.
A terceira fase do PE do Senhor é a atividade de controle, verificando se o objetivo (criação do homem e da mulher) está conforme previsto pelo Criador. De modo simbólico, Gn 3.8-13descreve o Criador exercendo um tipo de controle no diálogo com os primeiros pais. A narrativa de Gn 3 descreve como o pecado instalou-se no coração do primeiro casal.

2.1.    Por que precisamos planejar?
a)   Planejamos porque temos necessidades variadas e não podemos supri-las todas de uma vez.
b)   Planejamos porque nossa vida precisa de direção e destino, e todos desejamos alcançar um ideal. Planejamento estratégico é uma estratégia de vida; é o caminho mais viável para a concretização de um ideal.
c)    Planejamos porque Jesus nos fala sobre a prudência que tem aquele que planeja suas ações (Lc 14.28-32). Por esta razão, a obra de Deus não pode ser feita de improviso, mas com planos bem elaborados.

Mas a maior razão que justifica termos planos é que o próprio Deus nada fez e nada faz sem planejar. A Bíblia faz referências aos planos de Deus (Jr 29.11; 2Rs 19.25; Jó 42.1-2; Ef 2.10). A palavra de Deus nos faz duas importantes advertências sobre planejamento:
a)    “Maldito aquele que fizer a obra do Senhor com desleixo” (Jr 48.10). O improviso é algo que Deus abomina, pois reflete a atitude de quem está completamente indiferente ao que Deus pretende realizar. Os atos de Deus não são sem propósito; pelo contrário, são realizados segundo o seu eterno desígnio (Is 23.9; At 2.23).
b)    “O nobre projeta coisas nobres e na sua nobreza perseverará" (Is 32.8). A grandeza ou a mediocridade de um plano depende respectivamente da grandeza ou da mediocridade de quem planeja.

2.2.    A necessidade de planejar na igreja primitiva
Quando Jesus caminhava pelas estradas, cidades e aldeias da Palestina, um grupo de seguidores, a começar pelos doze apóstolos (Mt 4.18-22;Mc 1.16-20; Lc 5.1-11), o acompanhava para onde quer que fosse. Nascia, assim, a comunidade cristã. Já nessa época, Jesus Cristo estabeleceu para si mesmo e para seus discípulos, três grandes objetivos interdependentes, ou seja:
a)  Preparar os apóstolos e discípulos para a missão que iriam desempenhar (Mt 5 –7; Lc 6.20-23; Mt 8.18-22; 10.5-42; Mc 6.7-11;Lc 9.1-5 etc.).
b)    Proclamar a todo o povo a chegada do Reino de Deus entre os homens (Mt 10.7).
c)    Ensinar as verdades a respeito de Cristo a todas as pessoas que atendessem ao seu convite (At 5.42).

2.3.    Preparar + Anunciar + Ensinar
Foi com estes três verbos de ação – vividos plenamente por Jesus Cristo e seus discípulos – que novos seguidores foram se agregando àqueles que, desde o início, optaram por uma nova vida de arrependimento e conversão a Cristo.Com rápida expansão da comunidade cristã, surge a necessidade de Cristo dividir tarefas e responsabilidades com seus discípulos, conforme registro em Lc 10.1-20. Desse modo, Jesus promoveu uma estratégia de trabalho de evangelização. Primeiro, estabeleceu um objetivo claro: visitação preparatória às cidades e casas por onde Ele iria passar. Lc 10.1registra: “Depois disto, o Senhor designou outros setenta; e os enviou de dois em dois, para que o precedessem em cada cidade e lugar aonde estava para ir”. Logo em seguida, Jesus disse como os discípulos deveriam agir(atribuição de procedimentos) durante a missão evangelística que iriam fazer, conforme Lc 10.4-12. O texto de Lc 10.17-20 descreve a alegria dos discípulos pelos resultados alcançados.

2.4.    O que se busca com o planejamento estratégico na igreja?
É preciso pensar o PE na igreja como um estado de espírito, uma filosofia gerencial visando:
a)  Criar uma percepção clara em todos os níveis da comunidade com relação às condições, objetivos e questões estratégicas da igreja.
b)   Permitir às lideranças das comunidades cristãs entenderem a natureza das estratégias.
c)   Desenvolver planos em função das estratégias eclesiásticas selecionadas.
d)  Criar um estado de prontidão e alerta para reexaminar a direção estratégica da igreja, à medida que as condições ambientais se alterem.

Para que uma igreja tenha sucesso na consecução de seus objetivos é preciso, primeiramente, que ela permaneça em espírito de oração e dependência do Espírito Santo inspirando a prática dos dons pelos membros da comunidade. Nesse sentido espiritual, torna-se imprescindível que toda a igreja esteja alinhada numa mesma direção. Para tanto, em termos de PE, é necessário que:
a)  As estratégias sejam consistentes com a realidade da igreja e traduzidas sem planos e programas de ação;
b) As consequências operacionais e financeiras destes planos e programas possam ser detalhadas para toda a comunidade;
c)     As ações operacionais sejam congruentes com as estratégias e planos selecionados;
d)    Finalmente, que os resultados possam ser monitorados pela liderança da igreja, e avaliados continuamente.

3.       Elementos necessários a um planejamento eficaz
  • Descrever nossa identidade institucional (quem somos).
  • Definir nossa missão (para que existimos).
  • Construir uma visão clara e exata do futuro (perfil institucional a ser alcançado).
  • Definir o fundamento de nossa ação (nosso referencial, crenças, valores em que nos firmamos).
  • Fazer uma análise crítica da situação atual - diagnóstico:
·         Análise do ambiente interno – Debilidades e Fortalezas;
·         Análise do ambiente externo – Oportunidades e Ameaças;
  • Definir as prioridades – áreas de atuação determinadas pelas necessidades prementes.
  • Definir estratégias para cada área de atuação.
  • Definir os objetivos (alvos).
  • Elaborar um plano operacional (de ação) e um orçamento para um determinado período de tempo.
  • Avaliar periodicamente o plano para evitar desvios e distorções.
 
3.1.    Definição da identidade institucional
A descrição da identidade institucional é resposta precisa e exata à pergunta: Quem somos? Nossa identidade nos conduzirá com objetividade à descrição de nossa missão. Por outro lado, não podemos explicitar com clareza nossa missão se não temos uma visão clara daquilo que somos ou queremos ser. O que é ou o que deve ser a Igreja Batista...? Esta é a pergunta específica que deve ser feita. A resposta exata desta questão descreverá a identidade institucional.
Nossa identidade determina que valores haveremos de adotar e dos quais não podemos abrir mão. Tais valores precisam ser explicitados de forma clara e precisa, pois eles retratarão o caráter institucional que haveremos de revelar perante o mundo.

3.2.    Visão do futuro
Ao estado que uma organização deseja atingir no futuro chama-se visão. A intenção é propiciar o direcionamento do rumo que tal organização deve seguir. “Trata-se ainda da personalidade e caráter da organização. Assim, a declaração de visão de uma organização deveria refletir as aspirações da organização e suas crenças. A declaração de visão ajudará os membros a visualizar sua organização de uma forma mais pessoal e não apenas como algumas palavras em um pedaço de papel”.[7]

a)       Principais destaques [8]
  • O sucesso de uma organização é a imagem de sua visão de futuro, ou o futuro é o resultado da imagem da organização.
  • A visão é o resultado dos sonhos em ação.
  • As organizações com visão são capazes de muitas coisas. Organizações sem visão estão em perigo.
  • Toda organização que sobrevive tem algo importante a fazer no futuro.
  • Visão não é criada pelas massas, é estabelecida pela liderança.
  • A visão de um líder precisa ser compartilhada com sua equipe e ser apoiada.
  • A visão precisa ser positiva e inspiradora.
  • Os valores delimitam a visão.
  • Visão sem ação é sonho, ação sem visão é entretenimento, visão e ação podem mudar o mundo.
b)       A questão dos paradigmas [9]
  • É mais fácil fazer as coisas como sempre fizemos. É mais fácil, porém, mais perigoso.
  • O que nos impede de aceitar novas ideias?
  • Os paradigmas funcionam como filtros para as novas ideias.
  • Tentamos descobrir o futuro por meio de nossos velhos paradigmas.
  • Quando um paradigma muda todo mundo volta para o zero.
  • Seu passado glorioso bloqueará sua visão de futuro.
  • O que é impossível de se fazer hoje na organização, mas que, se for feito, será o padrão amanhã?

OBSERVAÇÃO: Nossa visão de futuro só poderá ser definida quando já tiver sido feita a análise da situação atual.

3.3.    Descrição da missão
A declaração de missão responde às seguintes perguntas: Qual a nossa razão de existir? Quem será beneficiado com o produto do nosso trabalho? O que especificamente expressa com clareza e precisão o fim último que desejamos alcançar? O que especificamente suscita em nós o senso de responsabilidade por sua execução?
De acordo com George Barna, “A declaração de missão é uma definição dos objetivos do ministério chave da igreja”. [10] A declaração de missão deve ser enunciada em uma frase curta que todos podem assimilá-la com facilidade. Um ótimo exemplo de declaração de missão foi dado por Jesus quando disse aos seus discípulos: “Bem como o Filho do Homem que não veio para ser servido, mas para servir, e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mateus 20.28).

3.4.    Valores
Uma vez definida a missão e identificada a visão a necessidade emergente agora diz respeito aos valores e às estratégias. Os valores são aquelas coisas em que a igreja acredita e pelas quais seus membros viverão e morrerão. As estratégias são definidas a partir das prioridades identificadas durante todo o processo. As estratégias são a forma como a igreja vai agir a partir de sua missão, visão e valores.
Valores são os referenciais pelos quais orientamos a vida; são nossas convicções mais fortes que determinam nosso modus vivendi. Eles são formados em nosso caráter pela família, escola, ambiente em que vivemos e, acima de tudo, pela Palavra de Deus. Os valores afetam áreas estratégicas do nosso dia-a-dia e, às vezes, lutamos cegamente por eles sem percebermos o motivo pelo qual estamos fazendo isso.
Toda igreja também tem valores. Eles podem estar escritos, mas quando as situações corriqueiras surgem, são eles que levam a igreja a tomar certas posturas. Campanhã, tentando ilustrar o real sentido de valores e como são aplicados, ele declara:
A igreja é capaz de investir 50% do seu orçamento em prédios e equipamentos e não oferecer um sustento digno para seus ministros. Este é um valor que está sendo expresso. É capaz de oferecer um sustento digno para seu pastor e um sustento deficiente para seus missionários. É outro valor. É capaz ainda de gastar muito dinheiro para trocar as luminárias do templo, mas deixar as crianças em salas paupérrimas. É outro valor.[11]


Que procedimentos devem ser adotados para a definição dos valores?

Compreendendo que, na igreja de Cristo, todos são ministros, o caminho mais eficaz para desencadear um processo de planejamento participativo, é envolver, em todas as etapas do processo, toda a liderança e voluntários de todas as faixas etárias (adolescentes, jovens e adultos), que evidenciam ser formadores de opinião. O pastor, imprescindivelmente, deve estar no comando; isto é, deve ser o gestor responsável pela orientação, instrução, treinamento e coordenação. Tendo feito a seleção do pessoal, os procedimentos seguintes devem ser adotados:
1)   O pastor compartilha sua visão estratégica para crescimento da igreja e o desempenho da missão com todo o seu pessoal;
2) Como gestor do processo de planejamento, o pastor promove um seminário sobre Planejamento Estratégico do qual deverão participar todos os líderes e/ou representantes de todas as organizações, departamentos, equipes de ministério, etc.;
3)  Durante o seminário, o pastor inicia a primeira etapa do processo de planejamento: a elaboração de um diagnóstico da igreja local que, como “radiografia”, servirá como ponto de partida para construção de uma visão de futuro – uma imagem projetada do modelo de igreja desenhado por Jesus e seus discípulos – que definirá a identidade institucional (missão, visão e valores).
4)   O pastor formará grupos de reflexão, os quais, à luz do diagnóstico elaborado, opinarão sobre o modelo ideal de igreja que pretendem construir. Presume-se que, como resultado, todos apresentarão os elementos-chave que servirão de base para a definição da identidade institucional: missão, visão e valores.


 4. Procedimentos para análise da situação atual –Diagnóstico

4.1. Descrever o ambiente interno, identificando:

a)   FRAQUEZAS – Quais são as nossas debilidades? Quais são as nossas limitações?Onde estamos falhando? Quais as causas?

b)   FORTALEZAS – Que elementos podem garantir nosso êxito? Em que aspecto e quais fatores estão contribuindo ou podem garantir o nosso bom desempenho? Em que áreas de atuação somos competentes?

4.2. Descrever o ambiente externo, identificando:

a)   OPORTUNIDADES – A despeito de nossas debilidades, que fatores externos poderão contribuir para nosso sucesso? Que portas estão abertas como fontes de subsídios para suprir nossas necessidades? Para onde poderemos expandir nossa área de atuação?

b)   AMEAÇAS – Que obstáculos situados fora de nosso domínio precisam ser vencidos? Que elementos, que se encontram em outra instância fora do nosso controle, podem ou poderão dificultar nosso desenvolvimento? O que exatamente frustrará nossos planos?

Uma vez identificados todos os nossos pontos fracos e fortes, as oportunidades e as ameaças, temos agora as informações que descrevem com detalhes a situação atual. É hora, então, de olhar para o futuro e, à luz de nossa declaração de missão, descrevermos a SITUAÇÃO DESEJADA. Os dados obtidos nesta etapa do processo haverão de ser submetidos a uma análise crítica, onde serão identificadas as causas de tal situação, com o fim de se definir as prioridades, os objetivos e as estratégias que serão utilizadas para o alcance dos mesmos. Uma vez alcançados tais objetivos, as causas que geraram a situação anterior já terão sido eliminadas.

OBSERVAÇÃO: Na página seguinte, há um modelo de folha de trabalho que poderá ser usada para a descrição e análise da situação atual.

5. Definição das prioridades e estratégias

5.1   O que são estratégias?
  • Estratégias são o conjunto de ações corretas que contribuirão para o alcance dos objetivos.
  • Estratégias são o conjunto de alternativas adequadas que viabilizam o alcance dos alvos e, consequentemente, tornarão possível o alcance do propósito.
  • Estratégias são os melhores caminhos que nos conduzirão ao destino desejado.

5.2. Como definir boas estratégias?

Precauções:

a)  A definição de boas estratégias requer que a análise do ambiente interno e externo tenha produzido um diagnóstico preciso da instituição.

b)  A definição de boas estratégias requer decisões sobre como viabilizar a execução da missão.

c)  As estratégias devem sempre ser definidas a partir das condições locais de uma igreja e não a partir de condições abstratas.

Procedimentos:

a)  Responder às seguintes perguntas: O que devemos fazer? Quais as melhores alternativas de que dispomos no momento? Que caminhos podem nos levar aos resultados pretendidos?

b)  Depois de identificadas as diversas alternativas que definirão as linhas de ação é necessário que todas essas estratégias sejam avaliadas, para se verificar se são viáveis. Para tanto, devemos responder às seguintes perguntas: Temos possibilidades de realizarmos isto? Que obstáculos nos impedirão de realizarmos tais ações?

c)  Para garantirmos a execução das ações planejadas é necessário que elaboremos um plano operacional.


6. Definição dos objetivos (propósitos)

A razão de existir de uma instituição é definida pela sua missão. Somente depois de ter sido definida a identidade institucional (visão e missão) será possível estabelecer propósitos e metas. Mas o que são propósitos ou objetivos?

 6.1. Conceito de propósito (objetivo geral)

a)  Propósito é um desígnio expresso pela vontade.

b)  Propósito é um “sonho” que desejamos realizar. Nossa visão de futuro definirá nosso propósito, isto é, nosso ideal maior. A definição de um propósito nos conduzirá à situação e ao padrão que desejamos alcançar. Ele define o destino onde haveremos de chegar.


6.2. Conceito de meta (alvo)

a)  Meta é um alvo de fé. Segundo Edward R. Dayton, “um alvo é uma declaração de como esperamos que as coisas sejam daqui a algum tempo”.[1]

b)  Metas são alvos de fé que nos direcionam aos resultados desejados. Dayton diz que “os objetivos nos capacitam a desviar a mente daquilo que é negativo – as dificuldades do presente – e focalizá-la no que é positivo – as possibilidades do futuro”.[2]

6.3. Qual a diferença entre objetivo (propósito) e meta?

a)  O objetivo (propósito) está firmado na visão do futuro e na declaração de missão, enquanto o alvo, nos resultados a serem alcançados.

b)  O objetivo (propósito) define a imagem da realidade desejada; os alvos, as partes desta imagem a ser construída por etapas.

c)  Um alvo é mensurável, mas um propósito, não.

6.4. Cinco variáveis para determinar uma meta

·    Especificidade – quanto mais específica for a definição de seu propósito mais direcionado estará seu caminho.

·     Mensurabilidade – deve ser quantificável, tornando-se objetiva e palpável.

·     Exequibilidade – tem que ser alcançável, possível, viável.

·     Relevância – meta tem que ser importante, significativa, desafiadora.

·     Tempo – muitas metas são bem definidas, mensuráveis, possíveis e importante, mas não estão definidas num horizonte de tempo.

EXEMPLOS:

v  Ser um grande alpinista é um objetivo (propósito). Escalar o Morro do Corcovado, em março, é um alvo.

v  Tornar-se um campeão olímpico é um objetivo (propósito). Participar da Maratona de São Silvestre, em 31 de dezembro, é um alvo.

v  Ser um empresário bem sucedido é um objetivo (propósito). Lançar dois novos produtos no mercado, nos próximos seis meses, é um alvo.

v  Levar a igreja a tornar-se ativamente missionária é um objetivo (propósito). Plantar uma nova igreja, nos próximos três anos, é um alvo.

v  Conquistar o padrão da excelência no ministério eclesiástico é um objetivo (propósito). Criar um centro de treinamento para líderes, até o final do ano, é um alvo.

6.5. Como fixar bons alvos

Antes de serem fixados os alvos, é necessário que o propósito já tenha sido definido. A definição do propósito reflete a imagem ou visão do futuro. Os objetivos podem ser definidos de duas formas: em primeiro lugar, podemos partir dos dados da análise da situação atual e definirmos posteriormente a situação desejada. As mudanças necessárias determinarão que alvos deverão ser fixados. A segunda forma de definirmos os alvos consiste em alistarmos as necessidades atuais e, em seguida, elegermos as prioridades. Os alvos serão definidos por essas prioridades.

 7. Como se elabora um plano operacional?

A elaboração do plano operacional, também chamado de plano de ação, exige que já estejam definidas as estratégias e, a partir destas, sejam estabelecidos os objetivos (alvos). As estratégias criam os alvos e estes, por sua vez, implementam as estratégias. De posse destes dados, levantamos as seguintes questões:

1)  QUE atividades devem ser realizadas para o alcance deste objetivo? Como resposta desta pergunta, precisamos alistar todas as possíveis atividades que julgamos adequadas.

2)  QUANDO essas atividades serão realizadas? A resposta especificará o período em que cada ação será executada. A definição do tempo pode ser expressa em períodos de dias, semanas, meses, trimestres ou anos.

3)  QUEM serão os responsáveis por cada uma dessas atividades? Aqui devem ser especificados os nomes das pessoas ou, se preferível, funções, departamentos, ministérios, etc., que haverão de FAZER ACONCETER.



[1]Edward R. Dayton. Ibidem, p. 39.
[2]Edward R. Dayton. Ibidem, p. 40.
[1] CARVALHO, Antônio Vieira de. Planejando e administrando as atividades da igreja. São Paulo: Hagnos, 2004, p. 15.
[2] CARVALHO, Antônio Vieira de. Op. Cit. p. 15.
[3] Edward R. DAYTON. Como aproveitar ao máximo o seu tempo e potencial, p. 95.
[4] Edward R. DAYTON. Ibidem, p. 95.
[5] CARVALHO, Antônio Vieira de. Op. Cit. p. 19.
[6] CARVALHO, Antonio Vieira de & SERAFIM, Oziléa Clen Gomes. Administração de recursos humanos. São Paulo: Pioneira, 1995, p. 40.
[7] GABY, Eliel; GABY, Wagner. Op. cit., p. 47.
[8] Josué CAMPANHÃ.Planejamento estratégico,p. 77.
[9] Josué CAMPANHÃ. Ibidem, p. 78.
[10] Josué CAMPANHÃ. Ibidem, p. 94.
[11] Josué CAMPANHÃ. Ibidem, p. 157.



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