Resumo mesclado de diversas fontes, sendo a principal, CARVALHO, Antônio Vieira de. Planejando e administrando as atividades da igreja. São Paulo: Hagnos, 2004.
1.
Introdução à atividade de planejamento
estratégico em geral
Um dos fenômenos mais intrigantes de
administração tem sido a continuidade do conceito e prática do planejamento
estratégico (PE), desde o final da década de 70 até os dias de hoje. Com exceção
da chamada “revolução do computador”, no final do século passado, e agora com a
“internet”, poucas técnicas de gestão têm marcado sua presença nas organizações
privadas e governamentais de modo tão rápido e completo quanto o PE. Antes de
continuarmos analisando a função de PE propriamente dita, abordaremos a
importância e o alcance de seus dois componentes básicos: planejamento e estratégia.
1.1.
Planejamento,
o que vem a ser?
Na sua obra clássica “Princípios de
Administração”, Koontz e O’Donnell definem a atividade de planejamento como
sendo “a função administrativa que compreende a seleção de objetivos,
diretrizes, processos e programas, a partir de uma série de alternativas. É uma
tomada de decisões que afeta ocurso futuro de uma organização ou departamento”.[1]Billy
E. Goetz, professor de administração e consultor para assuntos de planejamento
nos EUA afirma, com razão: “o planejamento consiste fundamentalmente numa
escolha, e um problema de planejamento surge quando se descobre um curso de
ação diverso”.[2]
Planejamento é função que envolve todos os
dirigentes, em qualquer nível da organização. De fato, a menos que um administrador
execute algum tipo de planejamento, mesmo numa área de atuação bastante
limitada, não pode ser considerado um gerente. Planejar é, essencialmente, um
processo intelectual, onde o dirigente de uma organização ou de uma unidade
dessa mesma organização, determina, de forma consciente, o curso de ação, a
tomada de decisões com base em objetivos, fatos e estimativas submetidas a
análise. De uma forma ou de outra, todos nós planejamos nossas atividades, mesmo
que o façamos de modo inconsciente, como por exemplo:
a) Programar uma viagem: disponibilidade financeira e de tempo; roteiro a seguir; meios de transporte (carro próprio ou alugado; ônibus; trem; avião; navio etc.);
b) Dar uma palestra: definir o assunto; duração; ilustrações; número e nível dos participantes etc.
C) Escrever um livro: escolher o tema; título e subtítulos; nº de páginas previstas; ilustrações; tempo previsto para elaborar originais etc.
Antes de ser uma função administrativa, o
planejamento, na verdade, constitui-se numa atitude, num estado de espírito! Planejar
é, pois, dar corpo às ideias e aos propósitos, de maneira a localizar,
identificar e estruturar as atividades que nos levarão à consecução das metas a
que o planejamento se propôs a atingir num determinado prazo, como um processo
dinâmico, identificando os acontecimentos e transformando-os em decisões. Edward
R. Dayton[3]
apresenta os seguintes conceitos de planejamento:
a) Planejar
é um modo de pensar no futuro antes que ele aconteça. Todo passado já foi futuro e todo futuro
será passado; e quando isso acontecer será impossível voltar atrás para
consertar os erros que poderiam ter sido evitados e alcançar as metas que não
foram definidas para direcionar a vida que vagou sem direção e não chegou ao
destino desejado.
b)
Planejar
é definir o que vamos fazer para chegarmos onde queremos. Deus nos criou com a capacidade de
autogoverno e isto é o que chamamos de livre arbítrio. Para se chegar a algum
destino é necessário que se percorra algum caminho. Para chegarmos ao destino
certo precisamos percorrer o caminho certo. Portanto, planejar é construir a estrada que nos levará ao destino desejado.
c) Planejar
é definir os meios de concretizarmos nossos sonhos. Todo ser humano vive em função de alguma
utopia. Utopia é o sonho em função do qual investimos todo o nosso potencial na
esperança de vê-lo concretizado no futuro. Caminhamos na direção do amanhã,
sempre na esperança de uma vida melhor e o fazemos por meio da fé. A fé é o
poder do espírito que alimenta a esperança de concretizarmos nossos sonhos.
Definir os meios e os recursos viáveis que tornarão isso possível é o que
chamamos de planejamento.
d) “Planejar
é mover-se do agora para o ‘então’, daquilo que as coisas são para aquilo que
queremos que elas sejam”. Planejar
é a arte de descobrir os meios e os recursos para alcançarmos nosso propósito
de vida. Podem haver várias maneiras de alcançar este propósito, mas a questão
é: Qual o melhor deles? De acordo com Dayton, “planos são declarações de fé, pois estão ligados ao futuro”.[4] O
futuro pode ser imaginado e podemos
tomar as providências que irão nos
trazer satisfação e que terão menos probabilidade de nos decepcionar.
1.2.
Estratégia:
conceituação e dinâmica
O termo “estratégia” vem do grego strategia,
“comando do exército”, e é tão antigo quanto a guerra. Contudo, o vocábulo só
entrou em uso no século13, quando se aplicou apenas à condução das operações
militares. Pouco a pouco, a política, os recursos demográficos e econômicos dos
Estados foram também considerados como elementos da estratégia. No contexto da
arte militar, a estratégia consiste no distribuir e aplicar sensatamente meios
de ação disponíveis, no conjunto dos cenários de combate, de maneira que
impeçam ou dificultem ao máximo as possíveis iniciativas do adversário e
garantam a realização mais eficaz dos objetivos da campanha.
As principais qualidades exigidas para a concepção estratégica são:
·
Clareza
e largueza de ideias.
·
Realismo
combinado com imaginação.
·
Espírito
de previsão e de síntese.
·
Senso de
pesquisa e de interpretação de informações.
·
Apreciação
espaço-temporal correta.
Os princípios tradicionais da estratégia
dependem do simples bom-senso. Baseiam-se habitualmente em três preceitos
gerais, os quais, aliás, nada têm de particularmente bélico e são aplicáveis a
qualquer atividade humana:
a)
Adaptação
dos meios aos fins ou dos fins aos meios;
b)
A
liberdade de ação;
c)
A
economia das forças.
Só a partir do início dos aos 70, o termo
“estratégia” entrou no vocabulário corrente do mundo dos negócios. A estratégia
de uma organização consiste em um conjunto de objetivos e de orientações de
como atingir os objetivos estabelecidos. O alvo da estratégia de um organismo
qualquer é garantir seu êxito em determinado prazo, no quadro de sua finalidade
natural estabelecida por seus dirigentes. A estratégia é uma regra geral de
tomada de decisões; é um eixo de orientação. Uma decisão estratégica dependerá
da relação entre a organização e seu ambiente. A estratégia é a resposta
coerente dada pelos dirigentes da organização à pergunta: “como queremos que
seja nossa organização?”. As características essenciais de uma estratégia são:
a) A
dialética da empresa com seu ambiente econômico, político, tecnológico e
social.
b) A
escolha de opções que empenhem o futuro, até o futuro remoto; trata-se de
estratégia a longo prazo.
1.3.
O
que é planejamento estratégico?
O Prof. Paulo Vasconcellos Filho, da Fundação
Pinheiro Netto, de Belo Horizonte, ao conceituar o PE, começa dizendo o que ele
NÃO É:
a)
PE
não é planificação.
Planificar é fazer planos para cumprir objetivos já estabelecidos.
b) PE
não é planejamento a longo prazo. Como ninguém pode prever oque vai acontecer daqui a cinco ou dez
anos, o planejamento à longo prazo ameaça levar ao descrédito todo o processo
de planejamento.
c) PE
não é administração por objetivos (APO), a qual é um instrumento administrativo e não diretivo. Uma
organização pode ter PE sem ter APO, mas não pode ter APO sem PE.
d) PE
não é planejamento tático,
sendo o objetivo deste otimizar uma área de resultado da organização e não a
organização como um todo e, com isto, trabalhar com os objetivos e metas pelo
PE”.[5]
Após listar o que não é PE, Vasconcellos
Filho identifica-o como sendo uma “(...) metodologia de pensamento
participativo, utilizada para definir a direção que a organização deve seguir,
por meio da descoberta de objetivos válidos. O produto final desta metodologia
é um documento escrito chamado Plano Estratégico”.
1.4.
Vantagens
do planejamento estratégico
Entre as vantagens proporcionadas por um bem
estruturado PE, merecem citação:
a) Redução
acentuada dos riscos da incerteza à tomada de decisões estratégicas.
b) A
organização passa a identificar e a usufruir com maior segurança as
oportunidades que lhe são oferecidas pelo ambiente.
c) Melhor
adaptação da organização ao processo de mudança contínua do ambiente.
d)
O PE
integrado permite que o conhecimento dos objetivos globais e setoriais seja um
fator de aglutinação de esforços, visando a integração dos processos
organizacionais.
e)
Possibilita
aos dirigentes de todos os níveis ter uma visão da direção certa para onde a
organização deve caminhar.
f)
Permite
uma melhor seleção de recursos humanos, materiais e financeiros para as áreas
de maiores resultados.
g)
O PE
integrado pode ser empregado como parâmetro para a elaboração dos demais planos
táticos e operacionais da organização.[6]
2.
Planejamento estratégico na igreja de Cristo
O PE tem alguma utilidade para nossas
igrejas? Em caso positivo, qual? É possível desenvolver um programa de PE nas
comunidades cristãs? Como? Essas e outras questões afins estão presentes no dia-a-dia
das decisões eclesiásticas. Abordaremos a seguir alguns pontos tidos como
essenciais para compreendermos o papel e a atuação do PE nas igrejas cristãs. O
texto de apoio central para a implantação e acompanhamento de um PE na igreja
está, como não poderia deixar de ser, nas Escrituras Sagradas. Elas têm tudo a
nos dizer e a ensinar sobre a viabilidade ou não de um PE em nossa comunidade
de fé.
Abrindo sua Bíblia nos dois primeiros
capítulos do livro de Gênesis, você perceberá que, nas duas narrativas sobre a
Criação (Gn 1.1-2.4 e Gn 2.4b-25), embora elaboradas em épocas bem distantes
uma da outra, há, em ambas, uma sequência das ações de Deus que evidenciam um
plano estratégico do Criador em relação à criatura, o homem. Por que será que o
Todo-Poderoso agiu dessa forma, quando poderia ter criado o mundo de uma só vez?
Pode-se inferir da leitura de Gn 1.27-31, que o Senhor fez oque fez com um
determinado objetivo: criar o homem, à sua imagem e semelhança, para viver no
Paraíso. Temos aí a primeira fase de um PE: determinação de objetivo e/ou
objetivos.
Os textos bíblicos mostram a segunda etapa do
PE divino: os procedimentos (como)empregados por Deus para atingir seu
objetivo: 1º) criação dos céus e da terra; 2º) criação do mundo vegetal; 3º)
criação dos períodos de tempo (dia e noite) com seus marcos; 4º) criação de
animais marinhos, terrestres e aves; 5º) finalmente, criação do homem e da mulher.
A terceira fase do PE do Senhor é a atividade
de controle, verificando se o objetivo (criação do homem e da mulher) está
conforme previsto pelo Criador. De modo simbólico, Gn 3.8-13descreve o Criador
exercendo um tipo de controle no diálogo com os primeiros pais. A narrativa de
Gn 3 descreve como o pecado instalou-se no coração do primeiro casal.
2.1.
Por
que precisamos planejar?
a) Planejamos porque
temos necessidades variadas e não podemos supri-las todas de uma vez.
b) Planejamos porque
nossa vida precisa de direção e destino, e todos desejamos alcançar um ideal.
Planejamento estratégico é uma estratégia de vida; é o caminho mais viável para
a concretização de um ideal.
c) Planejamos porque
Jesus nos fala sobre a prudência que tem aquele que planeja suas ações (Lc
14.28-32). Por esta razão, a obra de Deus não pode ser feita de improviso, mas
com planos bem elaborados.
Mas a maior razão
que justifica termos planos é que o próprio Deus nada fez e nada faz sem
planejar. A Bíblia faz referências aos planos de Deus (Jr 29.11; 2Rs 19.25; Jó
42.1-2; Ef 2.10). A palavra de Deus nos faz duas importantes advertências sobre
planejamento:
a) “Maldito aquele que fizer a obra do Senhor com
desleixo” (Jr 48.10). O improviso é algo que Deus abomina, pois reflete a atitude
de quem está completamente indiferente ao que Deus pretende realizar. Os atos
de Deus não são sem propósito; pelo contrário, são realizados segundo o seu
eterno desígnio (Is 23.9; At 2.23).
b) “O nobre projeta coisas nobres e na sua nobreza
perseverará" (Is 32.8). A grandeza ou a mediocridade de um plano depende
respectivamente da grandeza ou da mediocridade de quem planeja.
2.2.
A
necessidade de planejar na igreja primitiva
Quando Jesus caminhava pelas estradas,
cidades e aldeias da Palestina, um grupo de seguidores, a começar pelos doze
apóstolos (Mt 4.18-22;Mc 1.16-20; Lc 5.1-11), o acompanhava para onde quer que
fosse. Nascia, assim, a comunidade cristã. Já nessa época, Jesus Cristo
estabeleceu para si mesmo e para seus discípulos, três grandes objetivos
interdependentes, ou seja:
a)
Preparar
os apóstolos e discípulos para a missão que iriam desempenhar (Mt 5 –7; Lc
6.20-23; Mt 8.18-22; 10.5-42; Mc 6.7-11;Lc 9.1-5 etc.).
b)
Proclamar
a todo o povo a chegada do Reino de Deus entre os homens (Mt 10.7).
c)
Ensinar
as verdades a respeito de Cristo a todas as pessoas que atendessem ao seu
convite (At 5.42).
2.3.
Preparar
+ Anunciar + Ensinar
Foi com estes três verbos de ação – vividos
plenamente por Jesus Cristo e seus discípulos – que novos seguidores foram se
agregando àqueles que, desde o início, optaram por uma nova vida de
arrependimento e conversão a Cristo.Com rápida expansão da comunidade cristã,
surge a necessidade de Cristo dividir tarefas e responsabilidades com seus
discípulos, conforme registro em Lc 10.1-20. Desse modo, Jesus promoveu uma
estratégia de trabalho de evangelização. Primeiro, estabeleceu um objetivo
claro: visitação preparatória às cidades e casas por onde Ele iria passar. Lc
10.1registra: “Depois disto, o Senhor designou outros setenta; e os enviou de dois
em dois, para que o precedessem em cada cidade e lugar aonde estava para ir”.
Logo em seguida, Jesus disse como os discípulos deveriam agir(atribuição de
procedimentos) durante a missão evangelística que iriam fazer, conforme Lc
10.4-12. O texto de Lc 10.17-20 descreve a alegria dos discípulos pelos
resultados alcançados.
2.4.
O
que se busca com o planejamento estratégico na igreja?
É preciso pensar o PE na igreja como um
estado de espírito, uma filosofia gerencial visando:
a) Criar
uma percepção clara em todos os níveis da comunidade com relação às condições,
objetivos e questões estratégicas da igreja.
b) Permitir
às lideranças das comunidades cristãs entenderem a natureza das estratégias.
c) Desenvolver
planos em função das estratégias eclesiásticas selecionadas.
d) Criar um
estado de prontidão e alerta para reexaminar a direção estratégica da igreja, à
medida que as condições ambientais se alterem.
Para que uma igreja tenha sucesso na
consecução de seus objetivos é preciso, primeiramente, que ela permaneça em
espírito de oração e dependência do Espírito Santo inspirando a prática dos
dons pelos membros da comunidade. Nesse sentido espiritual, torna-se
imprescindível que toda a igreja esteja alinhada numa mesma direção. Para
tanto, em termos de PE, é necessário que:
a) As
estratégias sejam consistentes com a realidade da igreja e traduzidas sem
planos e programas de ação;
b) As consequências
operacionais e financeiras destes planos e programas possam ser detalhadas para
toda a comunidade;
c)
As ações
operacionais sejam congruentes com as estratégias e planos selecionados;
d)
Finalmente,
que os resultados possam ser monitorados pela liderança da igreja, e avaliados
continuamente.
3.
Elementos necessários a um planejamento
eficaz
- Descrever nossa identidade institucional (quem somos).
- Definir nossa missão (para que existimos).
- Construir uma visão clara e exata do futuro (perfil institucional a ser alcançado).
- Definir o fundamento de nossa ação (nosso referencial, crenças, valores em que nos firmamos).
- Fazer uma análise crítica da situação atual - diagnóstico:
·
Análise
do ambiente interno – Debilidades e Fortalezas;
·
Análise
do ambiente externo – Oportunidades e Ameaças;
- Definir as prioridades – áreas de atuação determinadas pelas necessidades prementes.
- Definir estratégias para cada área de atuação.
- Definir os objetivos (alvos).
- Elaborar um plano operacional (de ação) e um orçamento para um determinado período de tempo.
- Avaliar periodicamente o plano para evitar desvios e distorções.
3.1.
Definição da identidade institucional
A descrição da identidade institucional é
resposta precisa e exata à pergunta: Quem somos? Nossa identidade nos
conduzirá com objetividade à descrição de nossa missão. Por outro lado, não
podemos explicitar com clareza nossa missão se não temos uma visão clara
daquilo que somos ou queremos ser. O que
é ou o que deve ser a Igreja Batista...? Esta é a pergunta específica que
deve ser feita. A resposta exata desta questão descreverá a identidade
institucional.
Nossa identidade determina que valores
haveremos de adotar e dos quais não podemos abrir mão. Tais valores precisam
ser explicitados de forma clara e precisa, pois eles retratarão o caráter
institucional que haveremos de revelar perante o mundo.
3.2. Visão
do futuro
Ao
estado que uma organização deseja atingir no futuro chama-se visão. A intenção é propiciar o direcionamento do
rumo que tal organização deve seguir. “Trata-se ainda da personalidade e
caráter da organização. Assim, a declaração de visão de uma organização deveria
refletir as aspirações da organização e suas crenças. A declaração de visão
ajudará os membros a visualizar sua organização de uma forma mais pessoal e não
apenas como algumas palavras em um pedaço de papel”.[7]
a)
Principais destaques [8]
- O sucesso de uma organização é a imagem de sua visão de futuro, ou o futuro é o resultado da imagem da organização.
- A visão é o resultado dos sonhos em ação.
- As organizações com visão são capazes de muitas coisas. Organizações sem visão estão em perigo.
- Toda organização que sobrevive tem algo importante a fazer no futuro.
- Visão não é criada pelas massas, é estabelecida pela liderança.
- A visão de um líder precisa ser compartilhada com sua equipe e ser apoiada.
- A visão precisa ser positiva e inspiradora.
- Os valores delimitam a visão.
- Visão sem ação é sonho, ação sem visão é entretenimento, visão e ação podem mudar o mundo.
b)
A questão dos paradigmas [9]
- É mais fácil fazer as coisas como sempre fizemos. É mais fácil, porém, mais perigoso.
- O que nos impede de aceitar novas ideias?
- Os paradigmas funcionam como filtros para as novas ideias.
- Tentamos descobrir o futuro por meio de nossos velhos paradigmas.
- Quando um paradigma muda todo mundo volta para o zero.
- Seu passado glorioso bloqueará sua visão de futuro.
- O que é impossível de se fazer hoje na organização, mas que, se for feito, será o padrão amanhã?
OBSERVAÇÃO: Nossa visão de futuro só poderá ser definida quando já
tiver sido feita a análise da situação atual.
3.3. Descrição
da missão
A declaração de missão responde às seguintes
perguntas: Qual a nossa razão de existir? Quem será beneficiado com o produto
do nosso trabalho? O que especificamente expressa com clareza e precisão o fim
último que desejamos alcançar? O que especificamente suscita em nós o senso de
responsabilidade por sua execução?
De acordo com George Barna, “A declaração de missão é uma definição dos
objetivos do ministério chave da igreja”. [10]
A declaração de missão deve ser enunciada em uma frase curta que todos podem
assimilá-la com facilidade. Um ótimo exemplo de declaração de missão foi dado
por Jesus quando disse aos seus discípulos: “Bem
como o Filho do Homem que não veio para ser servido, mas para servir, e dar a
sua vida em resgate de muitos” (Mateus 20.28).
3.4. Valores
Uma vez definida a missão e identificada a
visão a necessidade emergente agora diz respeito aos valores e às estratégias.
Os valores são aquelas coisas em que a igreja acredita e pelas quais seus
membros viverão e morrerão. As estratégias são definidas a partir das
prioridades identificadas durante todo o processo. As estratégias são a forma como a igreja vai agir a partir de sua
missão, visão e valores.
Valores são os referenciais pelos quais
orientamos a vida; são nossas convicções mais fortes que determinam nosso modus vivendi. Eles são formados em
nosso caráter pela família, escola, ambiente em que vivemos e, acima de tudo,
pela Palavra de Deus. Os valores afetam áreas estratégicas do nosso dia-a-dia
e, às vezes, lutamos cegamente por eles sem percebermos o motivo pelo qual estamos
fazendo isso.
Toda igreja também tem valores. Eles podem
estar escritos, mas quando as situações corriqueiras surgem, são eles que levam
a igreja a tomar certas posturas. Campanhã, tentando ilustrar o real sentido de
valores e como são aplicados, ele declara:
A igreja é capaz de investir
50% do seu orçamento em prédios e equipamentos e não oferecer um sustento digno
para seus ministros. Este é um valor que está sendo expresso. É capaz de
oferecer um sustento digno para seu pastor e um sustento deficiente para seus
missionários. É outro valor. É capaz ainda de gastar muito dinheiro para trocar
as luminárias do templo, mas deixar as crianças em salas paupérrimas. É outro
valor.[11]
Que procedimentos devem ser adotados para a definição dos valores?
Compreendendo que, na igreja de Cristo, todos
são ministros, o caminho mais eficaz para desencadear um processo de
planejamento participativo, é envolver, em todas as etapas do processo, toda a
liderança e voluntários de todas as faixas etárias (adolescentes, jovens e
adultos), que evidenciam ser formadores de opinião. O pastor,
imprescindivelmente, deve estar no comando; isto é, deve ser o gestor
responsável pela orientação, instrução, treinamento e coordenação. Tendo feito
a seleção do pessoal, os procedimentos seguintes devem ser adotados:
1)
O pastor
compartilha sua visão estratégica para crescimento da igreja e o desempenho da
missão com todo o seu pessoal;
2) Como
gestor do processo de planejamento, o pastor promove um seminário sobre
Planejamento Estratégico do qual deverão participar todos os líderes e/ou
representantes de todas as organizações, departamentos, equipes de ministério,
etc.;
3) Durante
o seminário, o pastor inicia a primeira etapa do processo de planejamento: a
elaboração de um diagnóstico da igreja local que, como “radiografia”, servirá
como ponto de partida para construção de uma visão de futuro – uma imagem
projetada do modelo de igreja desenhado por Jesus e seus discípulos – que
definirá a identidade institucional (missão, visão e valores).
4) O pastor
formará grupos de reflexão, os quais, à luz do diagnóstico elaborado, opinarão
sobre o modelo ideal de igreja que pretendem construir. Presume-se que, como
resultado, todos apresentarão os elementos-chave que servirão de base para a
definição da identidade institucional: missão, visão e valores.
4. Procedimentos para análise da situação atual –Diagnóstico
4.1. Descrever o ambiente interno, identificando:
a) FRAQUEZAS
– Quais são as nossas debilidades? Quais são as nossas limitações?Onde estamos
falhando? Quais as causas?
b) FORTALEZAS
– Que elementos podem garantir nosso êxito? Em que aspecto e quais fatores
estão contribuindo ou podem garantir o nosso bom desempenho? Em que áreas de
atuação somos competentes?
4.2. Descrever o ambiente externo, identificando:
a) OPORTUNIDADES
– A despeito de nossas debilidades, que fatores externos poderão contribuir
para nosso sucesso? Que portas estão abertas como fontes de subsídios para
suprir nossas necessidades? Para onde poderemos expandir nossa área de atuação?
b) AMEAÇAS
– Que obstáculos situados fora de nosso domínio precisam ser vencidos? Que
elementos, que se encontram em outra instância fora do nosso controle, podem ou
poderão dificultar nosso desenvolvimento? O que exatamente frustrará nossos
planos?
Uma vez identificados todos os nossos pontos
fracos e fortes, as oportunidades e as ameaças, temos agora as informações que
descrevem com detalhes a situação atual.
É hora, então, de olhar para o futuro e, à luz de nossa declaração de missão,
descrevermos a SITUAÇÃO DESEJADA. Os dados obtidos nesta etapa do processo
haverão de ser submetidos a uma análise crítica, onde serão identificadas as
causas de tal situação, com o fim de se definir as prioridades, os objetivos e
as estratégias que serão utilizadas para o alcance dos mesmos. Uma vez alcançados
tais objetivos, as causas que geraram a situação anterior já terão sido
eliminadas.
OBSERVAÇÃO: Na página seguinte, há um modelo de folha de trabalho que
poderá ser usada para a descrição e análise da situação atual.
5.1 O que são estratégias?
-
Estratégias são o conjunto de ações corretas que contribuirão para o alcance dos objetivos.
- Estratégias são o conjunto de alternativas adequadas que viabilizam o alcance dos alvos e, consequentemente, tornarão possível o alcance do propósito.
- Estratégias são os melhores caminhos que nos conduzirão ao destino desejado.
5.2. Como definir boas estratégias?
Precauções:
a) A
definição de boas estratégias requer que a análise do ambiente interno e
externo tenha produzido um diagnóstico preciso da instituição.
b) A
definição de boas estratégias requer decisões sobre como viabilizar a execução
da missão.
c) As
estratégias devem sempre ser definidas a partir das condições locais de uma
igreja e não a partir de condições abstratas.
Procedimentos:
a) Responder
às seguintes perguntas: O que devemos fazer?
Quais as melhores alternativas de que dispomos no momento? Que caminhos podem
nos levar aos resultados pretendidos?
b) Depois
de identificadas as diversas alternativas que definirão as linhas de ação é
necessário que todas essas estratégias sejam avaliadas, para se verificar se
são viáveis. Para tanto, devemos
responder às seguintes perguntas: Temos
possibilidades de realizarmos isto? Que obstáculos nos impedirão de realizarmos
tais ações?
c) Para
garantirmos a execução das ações planejadas é necessário que elaboremos um
plano operacional.
6. Definição dos objetivos (propósitos)
A razão de existir de uma instituição é
definida pela sua missão. Somente depois de ter sido definida a identidade
institucional (visão e missão) será possível estabelecer propósitos e metas.
Mas o que são propósitos ou objetivos?
a)
Propósito
é um desígnio expresso pela vontade.
b)
Propósito
é um “sonho” que desejamos realizar. Nossa visão de futuro definirá nosso
propósito, isto é, nosso ideal maior. A definição de um propósito nos conduzirá
à situação e ao padrão que desejamos alcançar. Ele define o destino onde
haveremos de chegar.
6.2. Conceito de meta (alvo)
a) Meta é
um alvo de fé. Segundo Edward R. Dayton, “um
alvo é uma declaração de como esperamos que as coisas sejam daqui a algum
tempo”.[1]
b) Metas são
alvos de fé que nos direcionam aos resultados desejados. Dayton diz que “os objetivos nos capacitam a desviar a
mente daquilo que é negativo – as dificuldades do presente – e focalizá-la no
que é positivo – as possibilidades do futuro”.[2]
a)
O objetivo
(propósito) está firmado na visão do futuro e na declaração de missão, enquanto
o alvo, nos resultados a serem alcançados.
b)
O objetivo
(propósito) define a imagem da realidade desejada; os alvos, as partes desta
imagem a ser construída por etapas.
c)
Um alvo
é mensurável, mas um propósito, não.
6.4. Cinco variáveis para determinar uma meta
· Especificidade – quanto mais específica for a definição de seu
propósito mais direcionado estará seu caminho.
· Mensurabilidade – deve ser quantificável, tornando-se objetiva
e palpável.
· Exequibilidade – tem que ser alcançável, possível, viável.
· Relevância – meta tem que ser importante, significativa,
desafiadora.
· Tempo – muitas metas são bem definidas, mensuráveis, possíveis e importante,
mas não estão definidas num horizonte de tempo.
EXEMPLOS:
v Ser um grande alpinista é um objetivo
(propósito). Escalar o Morro do Corcovado, em março, é um alvo.
v Tornar-se um campeão olímpico é um objetivo
(propósito). Participar da Maratona de São Silvestre, em 31 de dezembro, é um
alvo.
v Ser um empresário bem sucedido é um objetivo
(propósito). Lançar dois novos produtos no mercado, nos próximos seis meses, é
um alvo.
v Levar a igreja a tornar-se ativamente
missionária é um objetivo (propósito). Plantar uma nova igreja, nos próximos
três anos, é um alvo.
v Conquistar o padrão da excelência no
ministério eclesiástico é um objetivo (propósito). Criar um centro de
treinamento para líderes, até o final do ano, é um alvo.
Antes de serem fixados os alvos, é necessário
que o propósito já tenha sido definido. A definição do propósito reflete a
imagem ou visão do futuro. Os objetivos podem ser definidos de duas formas: em
primeiro lugar, podemos partir dos dados da análise da situação atual e
definirmos posteriormente a situação desejada. As mudanças necessárias
determinarão que alvos deverão ser fixados. A segunda forma de definirmos os
alvos consiste em alistarmos as necessidades atuais e, em seguida, elegermos as
prioridades. Os alvos serão definidos por essas prioridades.
A elaboração do plano operacional, também
chamado de plano de ação, exige que
já estejam definidas as estratégias e, a partir destas, sejam estabelecidos os
objetivos (alvos). As estratégias criam os alvos e estes, por sua vez,
implementam as estratégias. De posse destes dados, levantamos as seguintes
questões:
1) QUE atividades devem ser realizadas para o
alcance deste objetivo? Como resposta desta pergunta, precisamos alistar
todas as possíveis atividades que julgamos adequadas.
2) QUANDO essas atividades serão realizadas? A
resposta especificará o período em que cada ação será executada. A definição do
tempo pode ser expressa em períodos de dias, semanas, meses, trimestres ou
anos.
3) QUEM serão os responsáveis por cada uma dessas
atividades? Aqui devem ser especificados os nomes das pessoas ou, se
preferível, funções, departamentos, ministérios, etc., que haverão de FAZER
ACONCETER.
[1] CARVALHO, Antônio Vieira de. Planejando e administrando as atividades da igreja. São Paulo: Hagnos, 2004, p. 15.
[2] CARVALHO, Antônio Vieira de. Op. Cit. p. 15.
[3] Edward R. DAYTON. Como
aproveitar ao máximo o seu tempo e potencial, p. 95.
[4] Edward R. DAYTON.
Ibidem, p. 95.
[5] CARVALHO, Antônio Vieira de. Op. Cit. p. 19.
[6] CARVALHO, Antonio Vieira de & SERAFIM, Oziléa Clen
Gomes. Administração de recursos
humanos. São Paulo: Pioneira, 1995, p. 40.
[7] GABY, Eliel; GABY,
Wagner. Op. cit., p. 47.
[8] Josué CAMPANHÃ.Planejamento estratégico,p. 77.
[9] Josué CAMPANHÃ. Ibidem, p. 78.
[10] Josué CAMPANHÃ. Ibidem, p. 94.
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