3 de julho de 2014

NÃO DIGA QUE NÃO PODE

TEXTO: Jz 6.11-16

11 Então, veio o Anjo do Senhor, h e assentou-se debaixo do carvalho que está em Ofra, i que pertencia a Joás, abiezrita; e Gideão, j seu filho, estava malhando o trigo l no lagar, para o pôr a salvo dos midianitas. 12 Então, o Anjo do Senhor lhe apareceu e lhe disse: m O Senhor é contigo, homem valente. n 13 Respondeu-lhe Gideão: Ai, senhor meu! Se o Senhor é conosco, por que nos sobreveio tudo isto? E que é feito de todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o Senhor subir do Egito? Porém, agora, o Senhor nos desamparou e nos entregou nas mãos dos midianitas. 14 Então, se virou o Senhor para ele e disse: Vai nessa tua força e livra Israel da mão dos midianitas; porventura, não te enviei eu? 15 E ele lhe disse: Ai, Senhor meu! Com que livrarei Israel? Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu, o menor na casa de meu pai. o 16 Tornou-lhe o Senhor: Já que eu estou contigo, p ferirás os midianitas como se fossem um só homem.


Introdução
A história do povo de Deus tem nos revelado fatos impressionantes da atuação de Deus por meio de homens que ficaram famosos. Um deles foi Gideão. Ele era o filho caçula de Joás, um camponês da tribo de Manassés. Era um jovem marcado pelo sofrimento. Seus dias de juventude eram consumidos no trabalho árduo no campo, morando em cavernas para se proteger dos midianitas. Sentia-se esmagado pelo peso da humilhação sofrida e pelo ódio que sentia por ver os midianitas saquearem sua plantação, roubando e/ou destruindo o fruto de sua sementeira. Em seu rosto estampava-se o semblante da desilusão pela perda da esperança em Deus que parecia ter abandonado sua família e seu povo. Seu horizonte era sombrio e sentia-se um homem sem futuro.
Como resposta ao clamor dos israelitas, Deus entrou em cena, vindo ao encontro de Gideão para chamar-lhe para uma missão muito difícil: libertar Israel do domínio dos midianitas. Embora tenha resistido a princípio, ele se dispôs a obedecer a Deus e essa atitude fez que ele voltasse a sonhar com a liberdade, com a dignidade e a prosperidade de sua família e de seu povo.
A experiência de Gideão nos leva a crer que o homem torna-se útil a Deus quando se submete à vontade soberana divina. Deus usa pessoas para realizar sua obra no mundo. Principalmente, os crentes comprometidos com Jesus são alvos da vocação divina. Lamentavelmente, muitos crentes autênticos estão inoperantes, porque algum complexo de inferioridade os domina de tal forma que não acreditam que sejam úteis e, portanto, a timidez os marginaliza.
Meu irmão e minha irmã, presta atenção a algo muito sério que vou te dizer. Nenhum cristão é desnecessário a Deus. Se tu professas ser realmente cristão, então, Deus precisa de ti. À luz da experiência de Gideão, vou te apresentar dois motivos para creres que Deus te considera útil e precisa de ti:

1.  Deus precisa de ti porque ele te valoriza ainda que os homens te desprezem – “O Senhor é contigo, homem valente!” (v. 12).
Deus atribui valor àqueles a quem os homens consideram inúteis. O maior exemplo é o próprio Jesus. Por ser galileu, era discriminado pelos judeus; e, pior ainda, era nascido em Nazaré. O apóstolo João narra que, quando “Filipe encontrou a Natanael e disse-lhe: Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de José. Perguntou-lhe Natanael: De Nazaré pode sair alguma coisa boa? Respondeu-lhe Filipe: Vem e vê” (Jo 1.45-46). Provavelmente, por causa do preconceito, ele foi apelidado de “Nazareno”.
        Jesus foi um personagem histórico que, no seu contexto, comportou-se como um agente heterodoxo de contra-senso. Por isso foi confrontado pelos fariseus como subversivo. "Assim houve uma dissensão entre o povo por causa dele. Alguns deles queriam prendê-lo; mas ninguém lhe pôs as mãos. Os guardas, pois, foram ter com os principais dos sacerdotes e fariseus, e estes lhes perguntaram: Por que não o trouxestes? Responderam os guardas: Nunca homem algum falou assim como este homem. Replicaram-lhes, pois, os fariseus: Também vós fostes enganados? Creu nele porventura alguma das autoridades, ou alguém dentre os fariseus? Mas esta multidão, que não sabe a lei, é maldita. Nicodemos, um deles, que antes fora ter com Jesus, perguntou-lhes: A nossa lei, porventura, julga um homem sem primeiro ouvi-lo e ter conhecimento do que ele faz? Responderam-lhe eles: És tu também da Galileia? Examina e vê que da Galileia não surge profeta" (Jo 7.43-52).
Os galileus eram indoutos (At 4.13), talvez até considerados como gentalha. Mas foram eles que, usados de forma extraordinária por Deus, revolucionaram o mundo do seu tempo, abalando as estruturas do império romano.
Deus usa poderosamente aqueles a quem os homens rejeitam. Um exemplo disso foi Davi, o filho mais moço de Jessé. Quando o exército de Israel, sob o comando de Saul, estava frente a frente com os filisteus, Golias, um dentre os guerreiros inimigos, um gigante de 3m de altura, desafiou os valentes do exército de Israel, para um duelo, mas nenhum israelita teve coragem. Saul, o homem mais forte e o mais alto de todos os guerreiros de Israel, era o homem que deveria enfrenta-lo, mas isso não aconteceu, porque ele amarelou e gelou. Ele chegou a oferecer sua filha e parte do seu tesouro para que algum voluntário enfrentasse o gigante filisteu, mas ninguém se apresentou. Então Deus levantou e usou Davi. Mesmo não tendo idade para ser alistado no exército por ser ainda pouco mais que um pirralho, ele foi um poderoso instrumento nas mãos de Deus. Aos olhos dos guerreiros de Israel, ele era motivo de riso e chacota. Aquilo parecia ridículo, mas Deus usou aquele guri para enfrentar e derrotar o gigante Golias, sem uso de armas nem armaduras.
As coisas de Deus fogem à lógica humana. Não se trata de força, competência, habilidade humanas; mas da ação de Deus por meio de quem Ele escolhe. Meu irmão e minha irmã, quando contemplares tua imagem em algum espelho e esse espelho te fizer acreditar que és ridículo, tenha a ousadia de declarar a ele: “você é um grande mentiroso”. E assevere: Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são (1Co 4.13).

2.  Deus precisa de ti porque ele em ti um potencial que os homens não veem (v. 14-16).
As nossas limitações são superadas pelos recursos de Deus. Quando Gideão recebeu o chamado de Deus, sua reação imediata foi apresentar as razões pelas quais ele considerava ser incapaz de fazer o que Deus lhe mandava: E ele lhe disse: Ai, Senhor meu! Com que livrarei Israel? Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu, o menor na casa de meu pai. Tornou-lhe o Senhor: Já que eu estou contigo, ferirás os midianitas como se fossem um só homem” (v. 15-16).
Deus não chama homens capazes; Ele capacita os que ele chama e lhes fornece os meios e os recursos para realizar sua obra. Quando Jesus chamou alguns pescadores para serem seus discípulos, ele disse: “Vinde após mim, e farei que vos torneis pescadores de homens” (Mc 1.17). O apóstolo Paulo, testemunhando de sua própria experiência, declarou: “não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus, o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança...” (2C 3.5). Ele ainda disse mais: Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus que está comigo(1Co 15.10).
O poder de Deus se manifesta quando reconhecemos as nossas limitações. Jamais esqueci da frase do Pr. Oliveira de Araújo que não somente renovou minha motivação, mas também fez mudar meu ministério: “As nossas dificuldades não são maiores do que as possibilidades de Deus”. O chamado de Deus não se fundamenta nas virtudes e nos recursos humanos.
Deus não chama um homem pelo que ele é, mas por aquilo que pode ser em suas mãos. Um grande exemplo que se pode citar é Moisés. Quando Deus o chamou para confrontar Faraó, o rei do Egito, ele recusou ir, apresentando como justificativa sua incapacidade de se expressar. Então disse Moisés ao Senhor: Ah, Senhor! eu não sou eloquente, nem o fui dantes, nem ainda depois que falaste ao teu servo; porque sou pesado de boca e pesado de língua. Ao que lhe replicou o Senhor: Quem faz a boca do homem? ou quem faz o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego?. Não sou eu, o Senhor? Vai, pois, agora, e eu serei com a tua boca e te ensinarei o que hás de falar(Ex 4.10-12).

Um personagem que ficou muito famoso no mundo é o australiano Nicholas James Vujicic, ou simplesmente Nick. Nascido sem braços e sem pernas, superou todas as limitações que herdou ao vir ao "mundo dos normais", para viver uma vida plena e cheia de fé.


Como palestrante motivacional, certa vez Nick se apresentou desta forma:

 "Terminei meus estudos de Comercio, Planificação Financeira e Contabilidade. Sou conferencista motivacional e amo viajar e compartilhar minha historia e testemunho em quantas oportunidades se apresentem. Tenho oferecido conferencias para animar e fortalecer a estudantes sobre tópicos que afetam aos jovens de hoje. Também sou conferencista no setor corporativo". 

Nick numa praia do Hawaii com sua esposa Kanea e o filho Kiyoshi

Conclusão
Meu amado irmão e minha amada irmã, se você é um daqueles que se julga um ser desprezível; ou, talvez, ache que ninguém acredita que você possa ser útil; e talvez até já tenha pensado que nem Deus acredita em você, eu quero lhe dizer que a voz de onde procede tal concepção é maligna. O único ser inútil para Deus é aquele que nunca se submete à vontade divina.
Não importam as circunstâncias em que viva, o homem é útil a Deus quando ele se submete à Sua vontade soberana. Muitos cristãos vivem derrotados por que recusam acreditar que Deus tem um plano na sua vida. Paulo disse que a vontade de Deus é boa, agradável e perfeita (Rm 12.2).
Deus não desistiu de você, ele te ama e quer fazer uso de tua vida. Submete, portanto, tua vida a Deus, porque ele te valoriza ainda que os homens te desprezem; porque ele em ti o potencial que os homens não veem e porque ele tem um plano para a tua vida, embora outros não acreditem. Vai ao altar da consagração agora e te põe à disposição de Deus. O Senhor seja contigo.




h h 6.11 O Anjo do Senhor: Ver Gn 16.7, nota c.
i i 6.11 Ofra... Joás, abiezrita: Encontrava-se em território de Manassés (ver Js 16.4, n.) e era diferente, portanto, da Ofra de Benjamim (cf. Js 18.23).
j j 6.11 Hb 11.32.
l l 6.11 Malhando o trigo: Ver Mt 3.12, n.
m m 6.12 O relato seguinte pode ser comparado, por um lado, com os da vocação de Moisés (Êx 3) e de Jeremias (Jr 1) e, por outro, com os de algumas manifestações do Senhor aos patriarcas (Gn 18.1-15; 28.10-22; cf. também Gn 16.7-14; 21.14-19).
n n 6.12 Lc 1.28; cf. Rt 2.4.
o o 6.15 Como Moisés (Êx 3.11), Saul (1Sm 9.21) e Jeremias (Jr 1.6), Gideão coloca pretextos para não aceitar uma missão cujo cumprimento lhe parece demasiado difícil. Mas Deus não se guia por critérios humanos e escolhe quase sempre, para a realização dos seus desígnios, aqueles que o mundo considera fracos e de pouca importância (1Co 1.25-31). Cf. Gn 25.23; 1Sm 10.17-24; 16.1-13; Rm 9.10-13.
p p 6.16 Eu estou contigo: Gn 26.24; 28.15; Êx 3.12; Js 1.9; Is 41.10.
o o 6.15 Como Moisés (Êx 3.11), Saul (1Sm 9.21) e Jeremias (Jr 1.6), Gideão coloca pretextos para não aceitar uma missão cujo cumprimento lhe parece demasiado difícil. Mas Deus não se guia por critérios humanos e escolhe quase sempre, para a realização dos seus desígnios, aqueles que o mundo considera fracos e de pouca importância (1Co 1.25-31). Cf. Gn 25.23; 1Sm 10.17-24; 16.1-13; Rm 9.10-13.

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