24 de agosto de 2014

ENVIADO POR DEUS E REJEITADO PELO HOMEM


TEXTO: 2Sm 16.5-14

“Tendo chegado o rei Davi a Baurim, eis que dali saiu um homem da família da casa de Saul, cujo nome era Simei, filho de Gera; saiu e ia amaldiçoando. Atirava pedras contra Davi e contra todos os seus servos, ainda que todo o povo e todos os valentes estavam à direita e à esquerda do rei. Amaldiçoando-o, dizia Simei: Fora daqui, fora, homem de sangue, homem de Belial; o SENHOR te deu, agora, a paga de todo o sangue da casa de Saul, cujo reino usurpaste; o SENHOR já o entregou nas mãos de teu filho Absalão; eis-te, agora, na tua desgraça, porque és homem de sangue.
Então, Abisai, filho de Zeruia, disse ao rei: Por que amaldiçoaria este cão morto ao rei, meu senhor? Deixa-me passar e lhe tirarei a cabeça. Respondeu o rei: Que tenho eu convosco, filhos de Zeruia? Ora, deixai-o amaldiçoar; pois, se o SENHOR lhe disse: Amaldiçoa a Davi, quem diria: Por que assim fizeste? Disse mais Davi a Abisai e a todos os seus servos: Eis que meu próprio filho procura tirar-me a vida, quanto mais ainda este benjamita? Deixai-o; que amaldiçoe, pois o SENHOR lhe ordenou. Talvez o SENHOR olhará para a minha aflição e o SENHOR me pagará com bem a sua maldição deste dia.
Prosseguiam, pois, o seu caminho, Davi e os seus homens; também Simei ia ao longo do monte, ao lado dele, caminhando e amaldiçoando, e atirava pedras e terra contra ele. O rei e todo o povo que ia com ele chegaram exaustos ao Jordão e ali descansaram”.

Introdução
O presente artigo é fruto de meu sentimento de humilhação e vergonha, escrito com minhas lágrimas.  Em minha experiência de ministério, sendo vítima da rejeição injusta por parte de algumas pessoas com quem me deparei em duas das igrejas que já pastoreei, cheguei a concluir que o perfil de algumas igrejas atuais é uma réplica do antigo Israel, da época dos profetas.
Algumas igrejas dos nossos dias estão tratando os seus pastores como os filhos de Israel trataram os homens que por Deus lhes foram enviados. A história se repete, manifestando duas realidades incontestáveis. A primeira é o envio de homens vocacionados para servirem como portadores de uma mensagem de procedência divina com o propósito de edificar o povo de Deus. A segunda é a rejeição vergonhosa e humilhante a tais profetas por parte dos que afirmam ser povo de Deus.
Todos os profetas, sem exceção de nenhum, foram rejeitados de forma humilhante e violenta pelo povo de Deus. “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados!” foi o clamor do Filho de Deus, com seu rosto banhado de lágrimas e seu coração dilacerado pela dor da rejeição que sofreu por parte do povo que ele amou e pelo qual morreu.
Davi, o rei de cuja descendência nasceu o nosso Salvador, foi também vítima de uma das mais desprezíveis atitudes de rejeição por parte de Simei, “um homem da família da casa de Saul”, o rei que antecedeu Davi e que, durante anos, o perseguiu com ódio e tentou assassiná-lo várias vezes.
Absalão, filho de Davi, depois de conspirar com diversos líderes, uniu forças militares para lutar contra seu próprio pai, a fim de usurpar-lhe o trono. O rei Davi, então, para não ter que enfrentar seu próprio filho em uma batalha, montado em um jumento (não em um cavalo) figurando um homem simples do povo, fugiu de Jerusalém, deixando atrás de si a opulência do seu palácio e a glória de sua coroa.
Ao atravessar as ruas da cidade de Baurim, Simei, proferindo maldições e lançando pedradas, contra Davi, vociferava com fúria incontrolável: Sai, sai, homem sanguinário, homem de Belial! ... O Senhor te deu a paga... eis-te agora na tua desgraça... homem sanguinário” (2Sm 16.7-8). Quando Absai, guerreiro fiel, pediu a Davi autorização para decapitar com sua espada o furioso e maldizente Simei, Davi recusou retribuir o mal com o mal. Sua reação foi: “Deixai-o; que amaldiçoe [...]. Talvez o SENHOR olhará para a minha aflição e o SENHOR me pagará com bem a sua maldição deste dia”. Que nobreza de atitude! Quanta virtude no caráter deste homem! Este é um dos aspectos da personalidade de Davi que o caracterizou como “o homem segundo o coração de Deus” (At 13.22).
Tal como o rei Davi e os profetas do Antigo Testamento, ainda hoje, alguns pastores são, às vezes, tratados com desprezo, sofrem humilhações e agressões verbais publicamente por parte de membros da igreja que se dizem ser "povo de Deus", sem que nenhuma medida disciplinar lhes seja aplicada, permanecendo na impunidade e servindo de “exemplo” para as gerações mais jovens.
A falta de respeito para com um ministro do evangelho é o testemunho vivo da “brutalidade espiritual” por parte daqueles que nunca tiveram temor a Deus. Diante de tal fato, questionamos: Como os verdadeiros homens de Deus devem reagir diante de tais humilhações? A experiência de Davi serve para nós, homens de Deus, como exemplo de como devemos proceder. Para tanto, analisemos os fatos e as respectivas atitudes dos dois personagens desta narrativa.

1. O ungido apedrejado

1.1. Apedrejado pelas palavras - "... atirava pedras... Amaldiçoando-o, dizia Simei: Fora daqui, ... homem de Belial" (v. 5)

Pedras e palavras têm algo em comum: elas servem tanto para construir como para destruir. Palavras podem ser proferidas tais como pedradas atiradas na alma de alguém com o propósito único de machucar. As palavras de Simei expressavam nada mais que violência verbal de desrespeito vergonhoso ao seu rei, uma autoridade instituída por Deus, que atravessava pelo pior de todos os momentos de sua vida, tornando-se vítima da incompreensão impiedosa por parte do tal Simei. Com sua alma angustiada pela dor que sentia por um filho assassinado, outro filho traidor que procurava mata-lo, deposto do trono, exilado de sua pátria, como fugitivo errante tentando sobreviver, Davi prosseguia em silêncio sem reagir.
As palavras de Simei eram fruto da ingratidão manifesto de forma cruel. Simei deveria ser grato a Davi por sua vitória sobre Golias pela qual o seu povo foi liberto da ameaça dos filisteus (1Sm 17.45-47). Simei deveria ser grato a Davi por duas vezes ter poupado a vida de Saul quando o teve em suas mãos. Davi não reagiu às agressões verbais de Simei. Aqui aprendemos um princípio: Ao sermos apedrejados pelas críticas e a maledicência de quem nos despreza, o silêncio é a nossa melhor defesa.


1.2.    Apedrejado pelos sentimentos

Não só as agressões verbais, mas também os sentimentos dos agressores apedrejam a alma de homens de Deus. Não somente as pedras lançadas por Simei, mas também suas palavras e seu sentimento de rejeição apedrejaram o rei Davi. A verdade que aqui aprendemos é: o sentimento de rejeição forja conceitos injustos - "fora, fora, homem de sangue" (v. 7). Pior que o sentimento de rejeição é o sentimento de desprezo que produz insultos e humilhação – “homem de Belial" (v. 7).
Simei rejeitava Davi por duas razões: Primeiro, porque ele estava comprometido com a liderança do rei antecessor, pois era “um homem da casa de Saúl”. Segundo, porque o exército de Saúl foi derrotado pelo exército de Davi na batalha que decidiu sobre a posse do reino. Como consequência disso, sua gratidão a Davi pela derrota dos filisteus transformou-se em ódio mortífero, produzido pela inveja.


1.3.     Apedrejado pelas atitudes

A narrativa diz que "Simei ia ao longo do monte, defronte dele, caminhando e amaldiçoando, e atirava pedras contra ele, e levantava poeira" (v. 13). Quanta brutalidade! Que atitude infame! Como um insano, Simei havia descido às raias da bestialidade, própria dos seres destituídos de racionalidade. Davi estava sendo agredido e desafiado, quando deveria ser servido. Estava sendo ofendido e humilhado, quando deveria ser honrado. Tudo isto que Davi sofreu nos leva a aprender um princípio: Quem antes já nos honrou pode hoje nos apedrejar.


2.       O ungido resignado

Resignação e silêncio, e nada mais, foi tudo que restou a Davi. Com esta atitude tão nobre, embora dolorosa, Davi deixou para nós, homens de Deus, uma grande lição: é na resignação que repousa a serenidade da alma que nos leva a recusar a vingança (v. 9-10). Houve duas razões para Davi optar pela resignação (a não-vingança). A primeira é que ele admitia a possibilidade de estar sendo julgado por Deus - "Ora, deixai-o amaldiçoar; pois, se o SENHOR lhe disse: Amaldiçoa a Davi, quem diria: Por que assim fizeste? [...] Eis que meu próprio filho procura tirar-me a vida, quanto mais ainda este benjamita? Deixai-o; que amaldiçoe, pois o SENHOR lhe ordenou. Talvez o SENHOR olhará para a minha aflição e o SENHOR me pagará com bem a sua maldição deste dia." (vv. 10-12). 
         A segunda razão pela qual Davi optou pela resignação é que ele compreendia os sentimentos de seus adversários (v. 11). Em razão disso, dois grandes princípios Davi deixou para nós como legado. Primeiro, nenhum homem é agente da justiça divina. Segundo, a tolerância é o veículo que nos conduz à resignação.
Outro grande fato na experiência de Davi, ou de qualquer verdadeiro homem de Deus, é que o ungido resignado aguarda esperançoso a justa retribuição divina - o Senhor olhará para a minha aflição, e me pagará com bem a maldição deste dia (v. 12). Os verdadeiros homens de Deus agem assim porque reconhecem que a justiça é um ato da competência exclusiva divina e acreditam que Deus é o juiz de nossos atos e o Senhor de nosso destino.


Conclusão

Nenhum justo está isento de sofrer as mazelas oriundas da malevolência humana. Nem Jesus, o Filho de Deus, escapou; e o próprio Deus é a maior vítima, pois ele está sendo aviltado pelo pecado humano, o qual consiste não só numa atitude de rebeldia ofensiva ao Criador, mas também agride de forma brutal e infame a santidade divina. Até quando permitiremos que homens de Deus sejam agredidos e humilhados por quem arroga para si o direito de pertencer ao “rebanho de Cristo”? 
A igreja, quando se cala e se omite da responsabilidade de disciplinar tais “crentes”, ou quando ela mesma é autora da rejeição e humilha os homens de Deus, perde a identidade de Corpo de Cristo. Quando os que se dizem justos se calam e permanecem passivos, então seu silêncio diante do erro só tem duas explicações: covardia ou cumplicidade.
Acredito que nada resta ao ungido do Senhor, vítima de tais situações abusivas, senão, acreditar que nada escapa ao conhecimento divino e aguardar em silêncio a retribuição de Deus.





28 de julho de 2014

MISSÃO INTEGRAL - A NATUREZA MISSIONÁRIA DA IGREJA - 2ª PARTE




Introdução
No estudo anterior – A NATUREZA MISSIONÁRIA DA IGREJA (1ª PARTE) – abordamos os dois primeiros tópicos que foram: 1) A eleição e a vocação universal da igreja; 2) A missão de Jesus como padrão para a missão da igreja. Continuando o assunto, veremos neste estudo os dois tópicos seguintes que nos levarão a ter uma ideia do que realmente constitui a natureza missionária da igreja.


3. A igreja como extensão encarnacional de Cristo (Ef 1.15-23)
Na perícope de Ef 1.22-23, especificamente no último versículo, o apóstolo Paulo revela que a igreja, como corpo, é a extensão encarnacional da plenitude de Cristo. Uma vez que a igreja encarna a plenitude do ser de Cristo, há três implicações que decorrem deste grande mistério.
Em primeiro lugar, a igreja deve manifestar ao mundo a integridade do caráter de Deus. A comprovação deste fato se dá através de quatro fatores: a) Cristo é a reprodução perfeita da natureza e caráter de DeusEle é “a imagem do Deus invisível (Cl 1.15); “Nele habita, corporalmente, toda a plenitude da divindade (Cl 2.19); b) Cristo, como imagem perfeita de Deus, está em nós (Rm 8.10; 2Co 13.5) e se constitui em padrão de integridade para todo verdadeiro cristão (Ef 4.13; Rm 8.29); c) A essência do ser de DeusPai, Filho e Espírito Santo – habita em nós (Jo 14.23; Ef 4.6; 1Co 3.16-17); d) A imagem de Deus, avariada pelo pecado, está sendo restaurada em todos os regenerados (2Co 3.19). Desta forma, a conclusão a que se pode chegar é que a igreja, como corpo de Cristo, é o projeto da habitação da plenitude divina. Quando Deus tiver definido o estado eterno da humanidade e da criação, então, ele será tudo em todos (1Co 15.28).
Em segundo lugar, a igreja é no mundo a detentora da autoridade divina. Três aspectos da igreja manifestam tal autoridade: a) a igreja é portadora das chaves do reino dos céus (Mt 16.19; 18.18); b) a igreja é a embaixada do reino de Cristo no mundo dos homens (2Co 5.19); c) a igreja é reino sacerdotal no mundo das nações (1Pe 2.9).  A igreja é instância da autoridade sobrenatural de Deus no mundo. Os principados e potestades, que “capturaram” a humanidade e transformaram o mundo emimpério das trevas”, estão subjugados pelo poder do Soberano do Universo que domina sobre tudo e todos como cabeça da igreja, a qual é o seu corpo e “a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas (Ef 1.23).
Em terceiro lugar, a igreja concretiza no mundo os eternos desígnios de Deus. A razão de existir da igreja é a missão que ela exerce no mundo, para concretizar os desígnios de Deus. Isto significa que a igreja deve: a) servir como agência de salvação para o mundo (Mt 16.18); b) mediar a reconciliação do mundo com Deus (2Co 5.18-19); c) viabilizar o projeto de reconstrução da humanidade (Ef 4.22-24; Cl 3.9-10). O propósito último de Deus visa reconstruir toda a criação, começando pelo homem. Na primeira criação, Deus começou com o mundo físico e terminou com o homem; na segunda, ele começa com o homem, transformando-o em nova criatura (2Co 5.17), e termina com o “novo céu e a nova terra” (Is 65.17; 66.22; Ap 21.1, 5).

4. A razão da missão cristã no mundo
A razão principal que justifica a intervenção de Deus no mundo, antes por meio de Jesus e agora por intermédio da igreja, é o estado de perdição do mundo. O mundo está perdido espiritualmente, “pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). Como resultado, o pecado produziu a degeneração da raça e a condenação do mundo (Rm 1.18-32).
O mundo está perdido socialmente, pois a sociedade distanciou-se de Deus, invertendo os valores éticos, desrespeitando a lei divina e violando os direitos humanos estabelecidos pelo Soberano Legislador do universo. Por esta razão, “a ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça (Rm 1.18).
O mundo está perdido economicamente. Todos se curvam sob o peso de um sistema explorador, onde o acúmulo excessivo de riquezas por parte de alguns produz o estado de alienação, pobreza e miséria em que vive a maioria da população mundial. Por esta razão, a exploração assolou todos os níveis das relações econômicas e o trabalhador é a sua maior vítima, como denunciou Tiago: Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos e que por vós foi retido com fraude está clamando; e os clamores dos ceifeiros penetraram até aos ouvidos do Senhor dos Exércitos (Tg 5.4). Em sua crítica à situação cada vez mais agravante e caracterizada por uma crise socioeconômica e política do mundo contemporâneo, onde a igreja se acomoda mesmo diante do antagonismo de valores, Padilla é de parecer que quando a igreja se acomoda ao espírito da época para evitar o conflito, ela “perde a dimensão profética de sua missão e se converte em guardiã do status quo. Torna-se sal que perdeu seu sabor”.[1]

Conclusão
Não pode haver missão sem que a igreja assuma aquilo que ela realmente é em sua natureza: a extensão encarnacional de Cristo. Por outro lado, qualquer que seja a comunidade cristã local que não estiver plenamente ciente da razão de estar no mundo, ocupar-se-á com qualquer atividade religiosa, deixando de ser um empreendimento divino, para tornar-se um clube religioso. Jamais esqueçamos do propósito para o qual a igreja foi instituída por Deus: servir como agência de salvação para o mundo.







[1] René PADILLA. Ibdem, p. 69.

15 de julho de 2014

NA ESPERANÇA DO PERDÃO



TEXTO: Sl 51.1-19

Introdução

O rei Davi foi um homem extraordinário. Era um homem sobre quem Deus fez repousar o Seu Espírito. As Escrituras o descrevem como um homem segundo o coração de Deus. Devemos a ele a autoria da maior parte dos salmos da Bíblia. Ele foi um poeta e músico apaixonado pelo louvor a Deus. Mas, lamentavelmente, houve um dia em que ele cometeu um pecado hediondo, um dos mais infames, que somente os homens mais desprezíveis atrevem-se a cometer: o rapto de uma mulher casada, Bat-Seba (em hebraico significa “filha de um juramento”), a qual, inescrupulosamente, estuprou e, para apoderar-se dela definitivamente, planejou e realizou, de forma traiçoeira, vergonhosa e covarde, a morte de Urias (seu nome, em hebraico, significa “Deus é minha luz”), esposo de Bat-Seba, um dos mais bravos e fiéis guerreiros do exército de Israel.

Esmagado pelo sentimento de culpa, Davi escreveu o Salmo 51, implorando o perdão de Deus. Isto nos leva a crer que qualquer filho de Deus está sujeito a uma queda brutal, mas, caso se arrependa verdadeiramente, pode alcançar o perdão divino. Perdão é o ato gracioso divino pelo qual Deus se recusa a executar o juízo de condenação sobre um pecador arrependido. Perdão é o ato da bondade divina pelo qual Deus, somente por sua infinita misericórdia, poupa o mais miserável de todos os pecadores de sua justa condenação. O arrependimento é o recurso mais valioso do qual o pior dos pecadores dispõe para alcançar o perdão de Deus. Quando em nós se manifesta um arrependimento legítimo, adotamos três atitudes, como segue.

        A gravidade do nosso pecado é expressa de duas formas. Em primeiro lugar, o pecado é uma atitude de agressão a Deus – “Pequei contra ti, contra ti somente...” (v. 4). Não importa o que seja, o mal que fazemos a alguém agride a santidade divina, pois todo ser humano é portador da imagem do seu Criador.
Primeira atitude: reconhecemos a gravidade do nosso pecado

Em segundo lugar, o pecado, ainda que o consideremos inofensivo, é – e sempre haverá de ser – fruto pernicioso da maldade humana – “... fiz o que é mau perante os teus olhos...” (v. 4-5). Lamentavelmente, somos pessoas más. Jesus disse: “Ninguém é bom, senão um, que é Deus” (Mc 10.18).

Segunda atitude: apelamos com ansiedade pela misericórdia de Deus
        “Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias(v. 1). Somente a misericórdia de Deus pode trazer alívio para a alma esmagada pelo sentimento de culpa. Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim(v. 3). O remorso é um peso esmagador da alma culpada que rouba a paz e atormenta a consciência. Portanto, nada além da misericórdia de Deus nos move à busca do perdão.

A misericórdia de Deus livra a alma da sentença do juízo divino – “... serás tido por justo no teu falar e puro no teu julgar” (v. 4). Quando somos alcançados pela graça de Deus, nosso Pai amoroso, nada além do mais profundo alívio espiritual inunda nossa alma, removendo de nós a dor da consciência. Perdão, mais do que alívio, é consolo, é refrigério para alma.

Terceira atitude: acreditamos no poder transformador de Deus.
         Enquanto o pecado corrompe o caráter, corrói a alma e esmaga a consciência, a sublime graça e o maravilhoso perdão divino têm efeito restaurador, renovando o interior do homem – Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito estável(v. 10). Mais que isso, o poder transformador divino restaura a alegria do espírito deprimido – Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que se regozijem os ossos que esmagaste (v. 8) – Restitui-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário(v. 12). Finalmente, o poder transformador de Deus nos oferece a oportunidade de uma compensação, a de servirmos a Deus com dedicação – Então ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e pecadores se converterão a ti (v. 13).

Conclusão
        Não nos iludamos, o pecado é produto da maldade humana que agride a santidade de Deus. Quão triste e horrível é viver com o peso esmagador de uma consciência culpada. Não importa quão graves tenham sido os nossos atos e quão destruidores os danos que eles causaram, há para todos nós a maravilhosa esperança do perdão. Nada, além do perdão divino, pode eliminar os efeitos que o pecado produz na alma humana. Somente o perdão, como ato da bondade divina, pode trazer alívio para a alma esmagada pela culpa, renovando o interior do homem e reconduzindo-o ao serviço a Deus. Arrepende-te, agora! Corre para o altar de Deus! Chora a miséria dos teus pecados e, pela mediação de Jesus, Deus enxugará dos teus olhos toda lágrima, pois ele exclamou aos arrependidos: “Bem-Aventurados os que choram, porque eles serão consolados” (Mt 5. 4).  A graça do Senhor Jesus seja contigo.



13 de julho de 2014

O HOMEM COMO ALVO DA MISSÃO DIVINA

TEXTO: Mt 9.35-38


Introdução
O IBGE, no senso de 2010, registrou que 86,8% (164,92 milhões) da população brasileira adota a religião cristã, sendo que 64,6% (122,74 milhões) dos brasileiros são católicos e 22,2% (42,3 milhões) são evangélicos. Embora os índices sejam tão elevados, a população “cristã” em nosso país não vive de acordo com os princípios e valores propugnados pelas Escrituras. Isto justifica e demanda por um investimento maior de recursos (humanos, materiais e financeiros) que as igrejas batistas podem e devem fazer na obra missionária.
Na era apostólica, o testemunho do evangelho era o modus vivendi dos pioneiros da fé cristã. Eles conseguiram abalar as estruturas do Império Romano sem a disponibilidade de recursos materiais e financeiros que hoje temos. Deus tem em nossas mãos todos os recursos necessários não somente para campanhas missionárias (propaganda), mas principalmente para a ação. Uma vez que “a seara é grande e os ceifeiros são poucos” (Mt 9.37), o envio destes obreiros requer aplicação de recursos para o sustento dos mesmos.
O texto de Mateus 9.35-38 chama nossa atenção para a maior prioridade de Jesus: a missão. E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino, e curando toda sorte de doenças e enfermidades(Mt 9.35). A agenda missionária de Jesus continha três atividades missionárias indispensáveis: proclamação, discipulado e serviço. O mesmo ele exige de nós hoje: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo 20.21). Isto nos leva a crer que cada discípulo de Jesus já está designado para o exercício da missão. Uma vez que nem todos podem abandonar tudo para viver exclusivamente na missão, então, temos uma premissa a adotar: Quem não vai deve mandar um substituto. Mas o que nos motiva a enviarmos a fazermos isso? A resposta, creio eu, encontra-se em Mateus 9.35-38. A experiência de Jesus nos leva a prender três verdades inesquecíveis:

1. A missão consiste na conquista de pecadores que vivem sem Deus “E percorria Jesus todas as cidades e aldeias...” (v. 35).
Tal como Jesus, precisamos percorrer todas as cidades e aldeias do nosso Estado por duas razões:
a) O pecador não vem a Cristo, precisa ser trazido – “... percorria Jesus todas as cidades e aldeias...”
b) O pecador está perdido e precisa ser encontrado – “como ovelhas que não têm pastor”.

2. A missão se justifica pelas necessidades das almas carentes de DeusVendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque andavam desgarradas e errantes, como ovelhas que não têm pastor (v. 36).
O homem sem Deus é uma alma que padece:
a) Vive sem paz em busca de alívio – “aflitas e exaustas”.
b) Vaga sem direção em busca do caminho certo – “ovelhas que não têm pastor”.

Todo ser humano tem quatro necessidades que só Deus pode suprir:
a) O caminho certo que o conduza ao destino desejado - Jesus é o caminho (Jo 14.6);
b) O alimento adequado que fortaleça seu espírito - Jesus é o pão da vida (Jo 6.35);
c) A solução eficaz para os males que o atormentam - Jesus é alívio para os oprimidos (Mt 11.28);
d) Um refúgio seguro que o resguarde dos perigos e temores - Jesus é o abrigo (Mt 7.24-25).

3. A missão é realizada por crentes comprometidos com DeusEntão disse a seus discípulos: Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara (vv. 37-38).
O desempenho da missão depende de dois tipos de crentes:
a) Dos que oram e sustentam a obra – “Rogai ao Senhor da seara...”
b) Dos enviados que executam a obra – “... que mande trabalhadores para a sua seara”.

Conclusão
    Deus tem uma estratégia missionária para a execução do seu plano redentivo e ela consiste em usar homens que vivem com Deus para conquistar os homens que vivem sem Deus. Este é o cerne da missão. Se você vive com Deus é um escolhido para a missão. Você tem duas opções: ou vai ou sustenta os que vão. Quem não está na missão é o principal alvo dela.  Se você estiver fora da missão, lembre-se que alguém vai estar orando e contribuindo, Deus mandará um substituto e você estará de fora por toda a eternidade. Jesus disse: “Quem não é por mim, é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha” (Mt 12.30). Proponho que, nesta campanha de Missões Estaduais, você vá pessoalmente ou contribua com uma oferta generosa para mandar um substituto em seu lugar. A bênção do Senhor esteja sobre você e sua casa.


8 de julho de 2014

COMPREENDENDO O SIGNIFICADO DA MISSÃO


TEXTOS: Jo 17.18; 20.21; Mt 9.35-38

"Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviarei ao mundo" (João 17.18).


Introdução

     Deus criou o homem para que o homem vivesse com Deus. Mas, ao pecar, o homem perdeu o direito à vida com Deus e, condenado à morte, vive no mundo sem Deus. Para salvá-lo, o próprio Deus se tornou homem através da pessoa de Jesus e realizou uma missão no mundo. Sua missão, ainda inacabada, consiste na regeneração dos pecadores e na reconstrução do mundo. Os textos bíblicos acima citados nos apresentam duas coisas fundamentais a considerar: os princípios norteadores da missão e o homem como alvo da missão de Deus.


I - PRINCÍPIOS NORTEADORES DA MISSÃO (Jo 17.18; 20.21)
Após sua ressurreição, Jesus apareceu aos discípulos e disse-lhes: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo 20.21). Ao dizer tais palavras, Jesus definiu que sua missão estava entregue aos seus discípulos para realizá-la como ele a realizou. Portanto, Deus tem uma missão para ser realizada no mundo por meio do seu povo.

1. Deus é o sujeito da missão que requisita o nosso serviço
Sua missão consiste na restauração de toda a criação (o homem e o universo) atingida fatalmente pelo pecado e subjugada às hostes do mal. A execução de sua missão ocorre pelo envio de seu Filho ao mundo como mediador da reconciliação do homem com Deus (2Co 5.19).

2. A missão da igreja fundamenta-se na autoridade divina
A segunda verdade oriunda das palavras de Jesus, em Jo 20.21, é que a missão da igreja fundamenta-se na autoridade soberana de Deus e de Cristo. Ao ser exaltado à destra do Pai, o Filho de Deus se torna o Soberano Árbitro do Mundo (cf. Mt 28.18). O mundo, após a glorificação de Cristo, passa a ter um Novo Chefe que envia sua igreja como serva ao mundo; o mesmo mundo que o Pai ama com amor imensurável (Jo 3.16).

3. A missão da igreja deve estar pautada na missão de Jesus
A terceira verdade é que o ministério da igreja deve estar pautado no ministério de Jesus. As causas e o propósito da missão de Cristo e da igreja são respectivamente iguais. Por conseguinte, a missão de Jesus é padrão e modelo para a missão da igreja. Isto quer dizer que cada cristão é um enviado de Cristo assim como Cristo foi o apóstolo do Pai.


II - O HOMEM COMO ALVO DA MISSÃO DE DEUS (Mt 9.35-38)

A experiência missionária de Jesus nos ensina três lições:

1. A missão consiste na conquista de pecadores que vivem sem Deus (v. 35)
Tal como Jesus, precisamos percorrer todas as cidades e aldeias do mundo por duas razões:
a) pecador não vem a Cristo, precisa ser trazido – “percorria Jesus todas as cidades e aldeias...”
b) pecador está perdido e precisa ser encontrado – “ovelhas que não têm pastor”.

2. A missão se justifica pelas necessidades das almas carentes de Deus (v. 36)
O homem sem Deus é uma alma que padece:
a) Vive sem paz em busca de alívio – “aflitas e exaustas”.
b)  Vaga sem direção em busca do caminho certo – “ovelhas que não têm pastor”.

Todo ser humano tem quatro necessidades que só Deus pode suprir:
a) O caminho certo que o conduza ao destino desejado - Jesus é o caminho (Jo 14.6);
b) O alimento adequado que fortaleça seu espírito - Jesus é o pão da vida (Jo 6.35);
c) A solução eficaz para os males que o atormentam - Jesus é alívio para os oprimidos (Mt 11.28);
d) Um refúgio seguro que o resguarde dos perigos e temores - Jesus é o abrigo (Mt 7.24-25).

3. A missão é realizada por crentes comprometidos com Deus (vv. 37-38)
O desempenho da missão depende de dois tipos de crentes:
a) Dos que oram e sustentam a obra – “Rogai ao Senhor da seara...”
b) Dos enviados que executam a obra – “... que mande trabalhadores para a sua seara”.

Conclusão
                       
        Deus tem uma estratégia missionária para a execução do seu plano redentivo e ela consiste em usar homens que vivem com Deus para conquistar os homens que vivem sem Deus. Este é o cerne da missão. Se você vive com Deus é um escolhido para a missão. Você tem duas opções: ou vai ou sustenta os que vão. Quem não está na missão é o principal alvo dela.  Se você estiver fora da missão, lembre-se que alguém vai estar orando, Deus mandará um substituto e você estará de fora por toda a eternidade; pois quem não trabalha para Deus dá trabalho. Jesus disse: “Quem não é por mim, é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha” (Mt 12.30).