16 de novembro de 2018

A PEDAGOGIA DE DEUS

(2Tm 3.10-17)

Introdução
     Precisamos trazer à memória uma verdade incontestável: tudo que sabemos é resultado de um processo de aprendizagem. Há apenas duas realidades que precisamos conhecer e das quais nossa existência depende: a realidade física, que é o ambiente do homem; e a metafísica, o ambiente de Deus. A primeira é conhecida por meio da ciência, onde a razão e a lógica predominam. A segunda é conhecida pela revelação, sendo a fé o dom pelo qual o Espírito de Deus nos dá entendimento do que foi revelado. Isto significa que temos dois processos de aprendizagem: a pedagogia humana e a pedagogia divina.
     Com referência à pedagogia de Deus, no texto que lemos, o apóstolo Paulo nos revela como ela funciona. Paulo exortou Timóteo a gerir sua vida e ministério, fazendo uso das Escrituras, como fonte de conhecimento adquirido através de um processo de aprendizagem contínuo. Mas o que isso tem a ver conosco? Tem muito; sabe por que? Porque, as Escrituras são o registro fiel e inerrante da revelação de Deus.
     Em sua exortação a Timóteo, o apóstolo Paulo descreveu as Escrituras como o recurso por meio do qual Deus haveria de cumprir sua vontade soberana na vida de seus eleitos. Agora preste atenção para a grande verdade que deve ser aplicada como princípio de regência para a sua vida: nosso crescimento espiritual resulta de um processo de aprendizagem definido pela pedagogia divina. Diante disto, uma questão precisa ser respondida: quais os componentes do processo pedagógico divino? Nesta epístola, Paulo nos revela que, na pedagogia de Deus, o processo de aprendizagem compõe-se dos seguintes elementos:

I- Os RESPONSÁVEIS pelo aprendizado - “sabendo de quem o aprendestes” (v. 14).
  • O pai e, em sua vacância, a mãe (At 16.1-3; 2Tm 1.5; cf. Dt 6.4-8).
  • Um discipulador - “Tu, porém, tens seguido de perto o meu ensino...” (v. 10).

II- O TEMPO necessário – o curso da existência
  • Começa na infância - “… desde a infância, sabes as sagradas letras...” (v. 15).
  • Continua por toda a vida - “...Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste...” (v. 14).

III- O CONTEÚDO a ser aprendido – As Escrituras
  • Fonte de conhecimento dos mistérios de Deus - “Toda a Escritura é inspirada por Deus...” (v. 16). Literalmente, significa que Deus sopra e o homem inala.
  • Guia espiritual para a salvação  - “… as sagradas letras que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (v. 15).
  • Recurso pedagógico para modelar nosso caráter - “… útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça...” (v. 16).

IV- Os RESULTADOS esperados
  • Plena maturidade espiritual - “… a fim de que o homem de Deus seja perfeito...” (v. 17).
  • Aptidão para o exercício do ministério - “… perfeitamente habilitado para toda boa obra” (v.17).

Conclusão

      A Palavra de Deus escrita é, e sempre haverá de ser, nossa única alternativa como fonte de conhecimento de Deus, de suas obras e de seus desígnios. Ela é o recurso pedagógico, provisionado por Deus, para a educação da criança e o treinamento do adulto. Por meio dela, Deus nos fala; portanto, ignorá-la significa descaso para com Deus que traz como resultado perdição eterna.
     Meditemos, estudemos, ensinemos e aprendamos incessantemente todo o conteúdo das Sagradas Escrituras, pois elas haverão de nos tornar perfeitos e perfeitamente habilitados para toda boa obra.

15 de novembro de 2018

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA TEOLOGIA

1. A Teologia Como Ciência


    É a Teologia uma ciência? Para respondermos tal questão, precisamos, em primeiro lugar, de um conceito de ciência. O que caracteriza qualquer ramo do conhecimento como uma ciência são os seguintes elementos: um objeto de estudo, a pesquisa, um método específico adotado no estudo e a sistematização das informações obtidas como resultado do processo de investigação. Aplicando à Teologia os elementos que caracterizam o conhecimento humano como ciência, podemos chegar à seguinte conclusão:

      a) O objeto de estudo da Teologia é Deus;
      b) A fonte de pesquisa é a revelação registrada nas Escrituras Sagradas;
    c) O método (ou métodos) de estudo é uma opção, dentre as várias alternativas que o teólogo dispõe no campo das ciências humanas;
     d) A sistematização consiste na organização lógica e temática do conteúdo da investigação bíblica, histórica, literária, geográfica, filológica, exegética, etc., que formulará o corpo doutrinário da Teologia como todo, ou de uma área da mesma.
       O papel da Teologia como ciência consiste em identificar as verdades e os fatos concernentes a Deus e sua obra, relacionando-os entre si e com outras verdades cognatas, bem como vindicá-los e mostrar sua harmonia e consistência.

2. Pressupostos Básicos da Teologia

      Todo ser humano, de forma consciente ou inconsciente, age e se relaciona no contexto em que está inserido conforme sua visão de mundo. Seus pressupostos fundamentais definem não só sua cosmovisão como também suas crenças sobre Deus. Desta forma, os ateus e agnósticos, firmados nos seus respectivos pressupostos da inexistência de Deus ou da impossibilidade humana de Deus ser conhecido, encaram o mundo, a humanidade e o futuro de modo de forma diversa de um teísta. Se há uma possibilidade de Deus ser conhecido, então os sistemas formados por tais concepções caem por terra. O teísta, convicto da existência de Deus, junta evidências que confirmam e apoiam sua crença. Suas convicções sobre Deus têm consistência em sua fé. Os trinitarianos (cristãos) acreditam na existência de um Deus tripessoal, que pode ser conhecido e se relaciona com os seres humanos. Convictos de que a Bíblia é o registro da revelação de Deus, os cristãos formam sua cosmovisão a partir dos ensinos das Sagradas Escrituras. Estes, portanto, são os pressupostos iniciais para o estudo da teologia.
      Se a mensagem da Bíblia não for verdadeira, então o triunitarismo é falso, Jesus Cristo não é quem afirma ser, e todos os cristãos estão iludidos, alimentados por falsas esperanças. Não é possível que tenhamos certeza de que os ensinos da Bíblia sobre Deus (sua pessoa, suas obras e seus desígnios) sejam verdade a menos que acreditemos que nossa fonte seja digna de confiança. Por esta razão, o pressuposto básico e central da teologia é de que a Bíblia é o registro fiel da revelação de Deus.

3. O Método Teológico

      A tarefa do teólogo na busca da verdade consiste em interpretar com precisão e clareza a revelação divina, utilizando-se das Escrituras Sagradas como fonte principal de informação. A abordagem bíblica requer, portanto, instrumentos de investigação literária, exegética e hermenêutica. Daí a necessidade de um método adequado. O método indutivo é universalmente utilizado, com poucas exceções. Descrevendo o método indutivo, Hodge aponta três componentes do processo de investigação que todo e qualquer cientista segue com rigor: pressupostos básicos, investigação e deduções.

3.1. Pressupostos básicos

       O cientista, na investigação do objeto em estudo, pressupõe o seguinte:
       a) A fidedignidade de seu senso perceptivo;
       b) A fidedignidade de suas operações mentais;
      c) A confiança na infalibilidade daquelas verdades que são aprendidas da experiência, mas comunicadas à constituição de nossa natureza.

3.2. Investigação sistemática

     Aqui o cientista, fundamentado em seus pressupostos básicos, passa a perceber, reunir e combinar seus fatos. Tais fatos não são manipulados, nem modificados, mas são tomados como realmente são achados. Apenas, certifica-se, com precaução, da absoluta garantia de que sejam reais, e dos quais possa fazer alguma inferência ou teoria que sobre eles elabore.

3.3. Deduções da investigação e análise

      Uma vez completa sua etapa de investigação e análise, o cientista deduz as leis pelas quais os fatos são determinados. Deve-se observar que essas leis ou princípios gerais não derivam da mente nem são atribuídos aos objetos, mas derivam e deduzem-se dos objetos e são impressas na mente.

4. O Método Indutivo Aplicado à Teologia

     Segundo Hodge, “a Bíblia é para o teólogo o que a natureza é para o cientista. Ela é seu depósito de fatos, e seu método de averiguar o que a Bíblia ensina é o mesmo que o filósofo natural adota para averiguar o que a natureza ensina. O teólogo procede tal como o cientista no estudo de seu objeto de investigação e conhecimento [...] O teólogo acredita na validade das leis de crença que Deus imprimiu na natureza humana. Essas leis, no entanto, não devem ser arbitrariamente pressupostos. Isto significa que nenhum homem tem o direito de impor suas opiniões pessoais, por mais seguras que elas pareçam ser, nem considerá-las verdades essenciais da razão e fazer delas fonte ou teste das doutrinas cristãs. Somente aquilo que seja auto-evidente pode ser universalmente crido; e o que é auto-evidente se impõe na mente de todo ser inteligente” 1.

4.1. A busca dos fatos

      Na coleta dos fatos investigados na Bíblia, o teólogo segue as regras que regem a conduta do cientista em sua investigação. As duas principais regras que direcionam e determinam a boa qualidade de um estudo científico sério são:
      a) Coleta dos fatos com diligência e prudência, para que o resultado não incorra em falsas teorias ou doutrinas derivadas de equívocos.
      b) A coleta de fatos deve ser abrangente e, se possível for, exaustiva, pois uma indução imperfeita ou parcial conduz a erros graves e imperdoáveis.

4.2. Princípios ou leis que se deduzem dos fatos

      Hodge declara que, “tanto na teologia como na ciência natural, os princípios se derivam de fatos, e não são impressos sobre eles. As propriedades da matéria, as leis do movimento, do magnetismo, da luz, etc., não são ordenados pela mente. Não são leis da imaginação. São deduções de fatos". 2
    O investigador vê, ou averigua pela observação, quais são as leis que determinam o fenômeno material; ele não inventa essas leis. Suas especulações sobre questões de ciência não têm valor, a menos que sejam sustentadas pelos fatos". 3
    No que diz respeito à Teologia e ao teólogo, os fatos da revelação são registros inalteráveis que carregam em seu bojo o teor da verdade que tanto se deseja conhecer. Portanto, o investigador das Escrituras deve lembrar que sua obrigação não é apresentar seu próprio sistema da verdade (que não tem a menor importância), mas averiguar e exibir qual é o sistema de Deus que realmente tem valor e utilidade. S   e ele não crê nos fatos que a Bíblia pressupõe serem verdadeiros, ele deve com toda honestidade confessá-lo. Quando os homens se recusam a aplicar o princípio da indução no estudo da Palavra de Deus, a Teologia torna-se uma mistura de especulações humanas inúteis.

5. A Semântica e o Fundamento da Teologia

    Etimologicamente, Teologia, do grego Theos (Deus) e Logos (palavra, discurso, estudo), significa “um discurso sobre Deus”; ou ainda, “o estudo cujo objeto é Deus”. Desta forma, a Teologia se apresenta como a ciência por meio da qual o homem busca conhecer a Deus, no que diz respeito ao que ele é, o que faz, como se comporta e qual a sua relação como homem e o universo.
      Um conceito muito comum é o que caracteriza a Teologia como a ciência da religião. Isto significa que a Teologia está diretamente ligada à experiência de relação que o homem mantém com Deus por meio da fé. Mas aqui há um grande risco de erro: o de se fundamentar a Teologia na experiência religiosa humana e não na revelação. O verdadeiro fundamento da Teologia é a Palavra de Deus, à luz da qual a religiosidade humana é interpretada e julgada; e não o contrário. Para que seja preservada a integridade da teologia é necessário que sua esfera de domínio esteja restrita aos fatos da revelação divina, até onde esses fatos dizem respeito a Deus e à nossa relação com ele.

6. A Questão da Autoridade

      O estudo da teologia cristã é norteado pelo seguinte princípio: a autoridade de Deus é a norma suprema para a verdade. Entretanto, a forma como a autoridade divina é compreendida e expressa pelos teólogos varia consideravelmente no âmbito acadêmico cristão. Três ramificações teológicas firmam concepções divergentes sobre a autoridade: a liberal, a neo-ortodoxa e a conservadora.

6.1. Concepção de autoridade no liberalismo teológico

     A característica principal dos teólogos liberais é o subjetivismo. Mesmo assim, o enfoque dessa subjetividade diverge entre eles. A ideia de que a Bíblia inclui qualquer ato de Deus pelo qual a comunicação entre Deus e o homem ocorre é difundida pelos teólogos liberais. Estes pensadores opinam que a comunicação entre Deus e o homem é processada por meio da razão, dos sentimentos ou da consciência humana.
       A razão é o fator predominante do liberalismo teológico. A esfera da razão é o campo onde os conceitos são formados; ela é o canal de fluência da verdade tanto para quem fala como para quem ouve. Atualmente, o liberalismo estabeleceu a razão humana como o juiz da verdade e, às vezes, a fonte legítima da verdade. Na autonomia da razão reside a autoridade maior, embora limitada por sua finitude e falibilidade.
     Em resposta ao racionalismo, Schleirmacher (1768-1834) formulou sua teologia dos sentimentos. Com ênfase na análise das experiências religiosas, ele baseou a religião nos sentimentos ou na consciência. Isto fez que sua teologia fosse desenvolvida no campo de duas ciências: a antropologia e a psicologia. Foi por esta razão que Karl Barth considerou Schleirmacher como a expressão máxima do liberalismo religioso.
      Outra vertente de expressão do liberalismo teológico concebe a consciência como a base da autoridade. Sendo o conhecimento limitado, este não pode ser confiável. Consequentemente, os instintos morais básicos da alma humana são considerados como o fundamento da autoridade. Esta ideia foi encabeçada por Immanuel Kant (1724-1804), considerado como o pai do agnosticismo. Isto fez que a teologia fosse reduzida à antropologia por considerar a natureza humana como fonte da verdade religiosa. Esta vertente de liberalismo teológico encara a Bíblia como produto da razão humana, a fonte das ideias a respeito de Deus, do próprio ser humano e do mundo.

6.2. Concepção de autoridade segundo a neo-ortodoxia

     A corrente teológica neo-ortodoxa foi formada por teólogos mesclaram a teologia liberal com a conservadora. Eles romperam com o liberalismo teológico ao propugnar que Deus, e não o homem, deve ser origem da revelação. Apesar disso, os adeptos desta concepção continuaram propagando uma visão liberal das Sagradas Escrituras. Karl Barth (1886-1968), o expoente da neo-ortodoxia, difunde a ideia de que a base da autoridade é a Palavra (o “Verbo”, na versão bíblica da ARA). Substancialmente, a Palavra é Cristo. O testemunho da Palavra através da Bíblia ocorre de modo falível e tal proclamação reduz-se a uma palavra a respeito da Palavra.
     Deus, como ser soberano, é o autor e fonte da revelação, que em Cristo alcançou o seu clímax. Não há autoridade absoluta na Bíblia; sua autoridade é apenas instrumental, uma vez que serve apenas como instrumento falível por meio do qual o ser humano pode encontrar Cristo, a Palavra (o Verbo vivo). Mesmo havendo objetividade na soberana iniciativa divina da auto-revelação, Barth professa a subjetividade humana nas experiências individuais de encontros de fé.

6.3. Concepção de autoridade segundo a teologia conservadora

      A teologia conservadora reconhece que a base da autoridade é objetiva e externa ao homem. Mas há duas correntes distintas, que são o catolicismo romano e o protestantismo. Segundo o catolicismo, a igreja é a única detentora da autoridade final e da legítima interpretação da Bíblia. Além das Sagradas Escrituras, a igreja romana estabelece que as tradições e os pronunciamentos dos concílios ecumênicos, promulgados pelo seu Sumo Pontífice, são fontes da revelação divina, portanto, infalíveis, cabendo aos membros da igreja a obrigação de cumpri-los fielmente.
       O protestantismo conservador, por sua vez, descarta por completo não só as bases da autoridade humanística e subjetiva do liberalismo como também elimina a igreja como detentora da autoridade. Por esta razão, é correto dizer que o protestantismo conservador é a ala do cristianismo que limita o escopo da autoridade religiosa à Bíblia Sagrada, a única que contém a revelação subjetiva de Deus. Apesar disso, o protestantismo admite que a revelação de Deus na Bíblia envolve o processo racional de uma mente redimida. Isto reflete um compromisso de fé nas questões omitidas pela revelação, que transcendem o discernimento da razão, ou seja, questões cujo entendimento decorre do ministério do Espírito Santo. Somente assim haverá uma consciência clara diante de Deus comprovada através das lições ensinadas pela história.


1 HODGE, Teologia sistemática, 2001, p. 8.
2 HODGE, op. cit. p.10.
3 HODGE, op. cit. p.10.





SANTIDADE COMO PADRÃO DA VIDA CRISTÃ

(1Pe 1.1-21)

Introdução
     Esta passagem bíblica está dividida em duas partes. A primeira, contida nos versículos de 1 a 12, descreve o que a igreja é em relação a Deus; a segunda, contida nos versículos 13 a 21, descreve como a igreja vive no seu relacionamento com Deus. A mensagem central desta perícope nos revela com clareza que a igreja é o povo que Deus Pai escolheu, pelo qual o Filho morreu e ressuscitou, e o Espírito Santo conduz em santidade de vida.
     O versículo 16 estabelece o princípio que rege nosso relacionamento com Deus: “Sede santos, porque eu sou santo”. Assim sendo, afirmamos com convicção que santidade é o atributo divino que define o que somos para Deus e como devemos nos relacionar com ele. Em outras palavras, santidade é atributo que Deus compartilha conosco, para definir nossa personalidade e nossa conduta. Vejamos o que o apóstolo Pedro nos ensina a respeito desta verdade.

I- SANTIDADE DEFINE O QUE SOMOS EM RELAÇÃO A DEUS (v.v. 1-9)
1. Somos os escolhidos de Deus“eleitos” (v. 2; cf. Ef 1.4; 1Ts 2.13).
  • Uma escolha antecipada – “segundo a presciência de Deus Pai” (v. 2).
  • Uma escolha proposital – “em santificação do Espírito, para a obediência” (v. 2).
2. Somos povo redimido por Deus“nos regenerou para uma viva esperança” (v. 3).
  • O motivo de Deus – “segundo a sua muita misericórdia” (v. 3).
  • O recurso de Deus – “mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (v.3).
  • O propósito de Deus – “para uma herança incorruptível” (v. 4).
3. Somos o povo preservado por Deus“que sois guardados pelo poder de Deus” (v. 5).
Preservação que garante:
  • Segurança inviolável (v. 5).
  • Ânimo nas provações (v. 6-7).
  • Deleite espiritual (v. 8-9).
Aplicação: Santidade é o atributo que qualifica os crentes que Deus escolheu, redimiu e preserva para usufruir da sua glória.

II- SANTIDADE É O PADRÃO DO NOSSO RELACIONAMENTO COM DEUS (v.v. 13-21)

1. Mente renovada“cingindo o vosso entendimento” (v.13).
  • Que nos habilita à sensatez – “sede sóbrios” (v. 13).
  • Que alimenta nossa esperança – “esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo” (v. 13).
2. Obediência espontânea“Como filhos da obediência” (v. 14).
  • Repúdio à moralidade depravada – “não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância” (v. 14).
  • Integridade de caráter manifesta na conduta – “tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento” (v. 15).
3. Pleno temor a Deus“portai-vos com temor durante o tempo da vossa peregrinação” (17)
  • Sujeitos à disciplina corretiva de Deus – “aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo as obras de cada um” (v. 17).
  • Reconhecendo o valor do sacrifício de Cristo – “pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo” (v. 19).
Aplicação: Santidade é o padrão de vida que exige de nós mente renovada, obediência espontânea e pleno temor a Deus.

Conclusão
    Quero resumir numa frase tudo que aprendemos nesta passagem bíblica: santidade é atributo que Deus compartilha conosco, para definir o nosso caráter e a nossa conduta. É este atributo que define o que somos para Deus e como devemos nos relacionar com ele. Eleitos por Deus Pai, resgatados por Jesus e santificados pelo Espírito Santo, cultivemos uma mente renovada e vivamos em obediência com temor e tremor.
     O verdadeiro cristão é uma pessoa, cujo vínculo com Deus jamais pode ser rompido. Ninguém, mas somente o pecado e nada mais, impede nossa comunhão com Deus. Uma vez que não há pecado que não possa ser perdoado, então, nunca é tarde para começar uma nova vida em um novo relacionamento com Deus. Se você professa ser cristão, mas vive indiferente para com Deus, sua fé pode ser falsa. Portanto, arrependa-se agora, para andar em santidade de vida.

29 de fevereiro de 2016

A EXEMPLARIDADE DE UM MINISTRO DE DEUS


TEXTO: At 20.17-38


INTRODUÇÃO
O apóstolo Paulo foi um homem extremamente zeloso não somente pela sua carreira, mas também por todos os que, juntos com ele, se envolveram no ministério. O texto bíblico que acabamos de ler é o registro do discurso de sua despedida dos presbíteros da igreja de Éfeso. Uma vez que aquele era seu último encontro com aqueles ministros de Deus, Paulo aproveitou a oportunidade para fazer-lhes algumas exortações e deixar como legado seu exemplo de vida. Ao expor seu testemunho de vida, o apóstolo Paulo ensinou aos componentes do presbitério de Éfeso que a dignidade do ministério manifesta-se pela exemplaridade da vida de quem o exerce.  
Nesta era pós-moderna, caracterizada pelo pluralismo ideológico, cultural e religioso, a igreja tem sido a maior vítima do desgaste da imagem de um homem de Deus, em consequência do profissionalismo e mercantilismo religioso que barateiam o evangelho e aviltam o caráter divino. O contexto em que vivemos demanda com urgência por pastores, cujo exemplo de vida faça jus à dignidade do ministério que exerce. Como podemos identificar, nos dias atuais, um ministro de Deus exemplar? O apóstolo Paulo nos revela que a exemplaridade de um ministro de Deus manifesta-se de três formas:


I-  Pela relevância do seu caráter

O caráter de um ministro exemplar é assinalado pelas seguintes virtudes:
1.  O amor profundo que ele tem por Jesus – “... servindo ao Senhor com toda a humildade, e com lágrimas e provações” (v. 19).
2.  A força exuberante de sua coragem – “constrangido no meu espírito, vou a Jerusalém, não sabendo o que ali acontecerá” (v. 22-23).
3.   A disposição ao sacrifício da própria vida – “Mas em nada tenho a minha vida por preciosa” (v. 24).
4.   O senso do dever a cumprir – “contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor” (v. 24).

II-   Pela relevância do seu discurso

O discurso de um ministro exemplar é relevante pelas seguintes razões:
1.   Nada omite do que deve ser dito – “jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa” (v. 20).
2.   Direciona a mensagem sem discriminar os ouvintes – “tanto a judeus como a gregos” (v. 21).
3.   Focaliza os objetivos definidos por Deus – “o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo” (v. 21).
4.    Fundamenta-se nos eternos desígnios de Deus – “todo o conselho de Deus” (v. 27).

III- Pela relevância dos seus atos

As atitudes de um ministro exemplar põem em relevo suas maiores virtudes:
1.   Seu zelo intenso pelos colegas de ministério – “Agora, pois, encomendo-vos ao Senhor e à palavra da sua graça” (v.18).
2.     A honra de ser inocente, isento de qualquer suspeita – “De ninguém cobicei prata, nem ouro, nem vestes” (v. 33).
3.    A magnitude sublime de sua generosidade – “... estas mãos proveram as minhas necessidades e as dos que estavam comigo” (v.34).
4.     Atribuem-lhe o mérito de servir como exemplo – “Em tudo vos dei o exemplo..." (v. 35).

Conclusão
Amados, permitam-me reiterar a tese deste discurso: A dignidade do ministério manifesta-se pela exemplaridade da vida de quem o exerce. Lamentavelmente, um número acentuado de pastores é hoje motivo de vergonha. Em detrimento da honra, tais obreiros adotaram o padrão da mediocridade e, por esta razão, estão destituídos do mérito do ministério eclesiástico.
A dignidade do episcopado está reservada a homens, cuja exemplaridade de vida é manifesta pela relevância de seu caráter, de seu discurso e de suas obras. A credibilidade no que dizemos depende daquilo que nós somos e fazemos. Conclamo todos vocês a que sejamos ministros que honrem o ministério, sendo exemplares no caráter, no discurso e nas obras, para que as próximas gerações glorifiquem a Deus pelos ministros que tiveram.

3 de fevereiro de 2016

A LAVOURA DE DEUS


 

Texto: Mt 13.1-23


INTRODUÇÃO

A parábola do semeador faz parte de um conjunto de outras que Jesus contou para ensinar a respeito do reino de Deus. Ele estava na Galileia, onde sofreu muita hostilidade e não pôde realizar muitos milagres por causa da incredulidade dos galileus de corações empedernidos (Mt 13.58).
Parábola era um recurso didático muito eficaz, usado pelos antigos mestres, para dar entendimento ao conteúdo dos seus ensinamentos. Mas, apesar disso, a cegueira espiritual dominava os galileus que, além de não entenderem o que ouviam de Jesus, tornaram-se seus inimigos. Desta forma, neles estava se cumprindo um oráculo da profecia de Isaías - "Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, E, vendo, vereis, mas não percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido, E ouviram de mau grado com seus ouvidos, E fecharam seus olhos; Para que não vejam com os olhos, E ouçam com os ouvidos, E compreendam com o coração, E se convertam, E eu os cure". (Mt 13.14-17).
Através desta parábola, Jesus comparou sua pregação do evangelho com o trabalho de um lavrador que planta a semente e espera a germinação e a colheita. Jesus nos faz entender que o coração do homem é campo da lavoura de Deus. A verdade que ele nos comunica é seguinte: o evangelho é a semente que Deus planta no coração humano para germinar a salvação. Por esta razão, exorto a todos vocês a não sair daqui sem que Deus tenha lavrado seus corações. O cultivo do evangelho no coração de um pecador é labor divino que está condicionado a três fatores:

I- OS RECURSOS IMPRESCINDÍVEIS

1. Um pregador idôneo“O semeador” (Mt 13.3); “o semeador semeia a palavra” (Mc 4.14).

2. Uma mensagem autêntica“... a palavra do reino” (Mt 13.19); “a palavra de Deus” (Lc 8.11).

3. Ouvintes disponíveis“... todos os que ouvem a palavra do reino...” (Mt 13.19).

Aplicação: No mundo de hoje, os corações dos seres humanos estão entulhados com a semente maligna do pecado, que destrói suas vidas e leva suas almas para o inferno. Mas todos os que estão ao alcance desta mensagem são desafiados a dispor seu coração para que Deus cultive neles o evangelho que germina a salvação.

II- OS OBSTÁCULOS A SEREM VENCIDOS

1. Indiferença dos insensíveis que franqueiam o acesso ao diabo - "... vem o maligno e arrebata o que lhes foi semeado no coração" (v. 19).

Os indiferentes nunca demonstram interesse pelas mensagens de procedência divina. Mesmo que Deus lhes fale por meio de um pregador idôneo, eles ouvem a palavra, mas não lhe dão a devida importância, porque o diabo já teve acesso a seus corações, removendo a semente divina e roubando a sua esperança de vida eterna.

Aplicação: Quão terrível é a insensatez dos que ouvem a voz de Deus, mas não dão importância a ele. A insensibilidade para com Deus se manifesta pela dureza de coração. Que esperança há para pessoas assim? Por que fecham seus corações para aquele que os criou e os ama? A voz de Deus se faz ouvir pela boca dos pregadores idôneos. Portanto, ouve o que Deus te fala, antes que o diabo aprisione tua alma no calabouço do silêncio eterno.

2. A ilusão dos que se movem por sentimentos do coração - "... este é o que ouve a palavra, e logo a recebe com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca duração; e sobrevindo a angústia e a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza" (Mt 13.20-21).

Movidas pelo ímpeto das emoções, algumas pessoas ancoram sua esperança nos sentimentos do coração. Jesus disse que elas “ouvem a palavra e logo a recebem com alegria” (v. 20). Mas ele afirma também que essa alegria “é de pouca duração” (v. 21). Tudo nelas é superficial e efêmero. Expressam uma religiosidade emotiva, mas destituída de compromisso. Sua espiritualidade só dura enquanto duram as emoções. Nas primeiras tribulações não resistem, naufragam na fé e se perdem eternamente.

Aplicação: Quão enganoso é o coração humano! O profeta Jeremias proclamou: Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o poderá conhecer? Eu, o Senhor, esquadrinho a mente, eu provo o coração...” (Jr 17.9-10). Isto nos faz reconhecer que nada existe em nossa natureza que nos dê esperança de conquistar bens espirituais que garantam nossa segurança eterna.

3. A ambição dos que têm sede da glória que o mundo oferece - "... este é o que ouve a palavra; mas os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e ela fica infrutífera" (v. 22).

Pessoas que preferem as coisas terrenas desprezam valores espirituais. Elas pretendem fazer de Deus um trampolim para suas conquistas. Deus é, para elas, a chave do sucesso. Lamentavelmente, fisgadas pelo engodo do pecado e seduzidas pelas opções da sociedade moderna, levam uma vida mundana e tornam-se crentes nominais.

Aplicação: Quão frustrados estão aqueles que ouviram o evangelho, vieram para a igreja, mas seus corações permaneceram prisioneiros da ambição pelo mundo! Pessoas deste tipo cedo descobrem que estão destituídas do senso de compromisso com Deus. Elas estão fora do reino, porque Deus não governa seus corações. (Ver Tg 4.4).

III- AS CONDIÇÕES ADEQUADAS

1. Um coração atento“... o que ouve a palavra...” (v. 23).

2. Um coração receptivo“... ouve a palavra e a compreende..." (v. 23).

3. Um coração fértil“... este frutifica...” (v. 23).

Aplicação: Bem-Aventuradas são as pessoas que se importam com Deus por saberem que Deus se importa com elas. Seus corações são campo fértil para o cultivo do evangelho. Nelas, os frutos do arrependimento são a evidência maior de que seus corações foram lavrados por Deus. Como consequência disso, elas desfrutam de forma prazerosa da abundância de bens espirituais, oriundos da graça de Deus.

CONCLUSÃO

Ouvinte da palavra de Deus, escute o que vou lhe dizer agora! Se você acredita que tem uma alma, e sei que acredita; e que essa alma pode perder-se eternamente, e ela pode; então, a coisa mais importante a fazer é dispor seu coração para ser cultivado por Deus. Você é o único responsável pelo que faz da vida que Deus lhe deu. Portanto, sua fé ou incredulidade definem seu destino eterno. Portanto, não desperdice seu tempo de existência arruinando sua vida. A jornada de vida no pecado é o caminho mais curto para chegar mais cedo no inferno. Deixe Deus lavrar seu coração. Antes que seja tarde demais, permita que Cristo cultive em seu coração os valores do evangelho, a fim de que os frutos desta semeadura sejam colhidos pelo teu Criador. Amém.


25 de janeiro de 2016

O PLANO PEDAGÓGICO DE DEUS PARA O LAR

Texto Bíblico: Dt 6.1-9

Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou o SENHOR, teu Deus, se te ensinassem, para que os cumprisses na terra a que passas para a possuir; para que temas ao SENHOR, teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida; e que teus dias sejam prolongados. Ouve, pois, ó Israel, e atenta em os cumprires, para que bem te suceda, e muito te multipliques na terra que mana leite e mel, como te disse o SENHOR, Deus de teus pais. Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.


Introdução

A família é uma instituição divina e, por isso, Deus é o fundamento da vida familiar e a sua Palavra é o manual de regência do lar. O texto supra citado revela que Deus designou a família como a instituição responsável por fazer de cada indivíduo uma pessoa temente a Deus. A razão disso é que Deus, em sua aliança com Abraão, prometeu que através dele e de sua descendência haveria de abençoar todas as famílias da terra (Gn 12.1-3; 22.15-18). Como filhos de Abraão segundo a fé (Gl 3.6-9), todos os cristãos são os canais da bênção prometida a todas as famílias da terra.
Servir a Deus é o propósito de existência de todo ser humano e a família é o ambiente que Deus preparou para que isso aconteça. Todo indivíduo é aquilo que as estruturas da família produziram nele; e o lar é o ambiente onde sua personalidade é forjada. A família é uma instituição pedagógica divina designada para habilitar cada ser humano a ter um relacionamento ajustado com o seu Criador.
A necessidade do ensino bíblico no lar justifica-se pelo fato de que todo comportamento é resultado de um processo pedagógico de aprendizagem. Para isso, Deus definiu uma estratégia para que a família cumpra o seu papel educativo no plano de Deus. Trata-se, portanto, do plano pedagógico divino que consiste dos seguintes elementos:

1. A fonte do ensino a Palavra de Deus – “mandamentos, estatutos e juízos” (v. 1).

2. O propósito do ensino – o temor e a obediência a Deus – “... para que temas ao Senhor teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos, que eu te ordeno...” (v. 2).

3. Os aprendizes todos da família – “tu, teu filho e o filho de teu filho” (v. 2).

4. O conteúdo do ensino – a dedicação total da vida a Deus – “Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças” v. 5).

5. Os responsáveis pelo ensino – os pais – “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás aos teus filhos” (v. 7).

6. O ambiente propício – no lar e em qualquer lugar – “e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te (v. 7).

7. Os resultados esperados – as bênçãos de Deus – “para que bem te suceda e muito te multipliques” (v. 3).


Conclusão

A ignorância sobre Deus e seus desígnios tem sido a causa primária de vidas que se perdem, de casamentos desfeitos e de lares desmoronados. O plano pedagógico de Deus é a única alternativa que a família dispõe para evitar essa tragédia. Portanto, conheça a palavra de Deus e ensine-a seus filhos. Todo pai de família foi designado por Deus como sacerdote do lar e como mestre do seu filho. Portanto, se você, o chefe de sua família, não assumir esta função, saiba que o diabo se encarregará de prover um substituto em seu lugar. O resultado disso já sabemos qual será. Portanto, faça do seu lar a melhor escola do mundo e desfrute com sua família dos resultados maravilhosos, que são as bênçãos prometidas por Deus a todos os que adotam o plano pedagógico divino.




20 de janeiro de 2016

OS FALSOS E OS VERDADEIROS CRISTÃOS



TEXTO: Tiago 2.1-26


A fé sem obras é morta

Fé e Obras

 “Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso? Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta.  Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé. Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios creem e tremem. Queres, pois, ficar certo, ó homem insensato, de que a fé sem as obras é inoperante? Não foi por obras que Abraão, o nosso pai, foi justificado, quando ofereceu sobre o altar o próprio filho, Isaque? Vês como a fé operava juntamente com as suas obras; com efeito, foi pelas obras que a fé se consumou, e se cumpriu a Escritura, a qual diz: Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça; e: Foi chamado amigo de Deus. Verificais que uma pessoa é justificada por obras e não por fé somente. De igual modo, não foi também justificada por obras a meretriz Raabe, quando acolheu os emissários e os fez partir por outro caminho? Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta”. (Tg 2.14-26).


Introdução
Esta passagem bíblica é o âmago da Epístola de Tiago, cujo tema está diretamente relacionado à prática das obras como critério de legitimação da fé. Ele propugna a ideia de que somente através da prática de boas obras é que uma pessoa pode ser identificada como um verdadeiro crente.  Caso contrário, sua fé é espúria, inútil. Muitos cristãos cometem o erro fatal de acreditar que estão salvos por terem sido batizados após sua pública profissão de fé em Jesus. Não nossas palavras, mas nossos atos comprovam a legitimidade da fé que professamos. A verdade central desta passagem é a seguinte: a prática ou a omissão das obras identificam, respectivamente, os verdadeiros e os falsos cristãos. Como demonstração desta verdade, Tiago aponta detalhes que nos habilitam a fazermos a distinção entre os falsos e os verdadeiros cristãos.

1.   Características dos falsos cristãos (v. 14-19)
      
      1.1. A primeira é a hipocrisia de seu caráter (v. 14-17).

Tais pessoas nunca praticam aquilo que dizem. Afirmam com veemência “eu creio!” – e até são sinceras ao afirmarem isso – mas são omissas no que diz respeito às obras. “Qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo? (2.14). Esta é a questão fundamental levantada por Tiago. A resposta, embora implícita, não pode ser outra, senão: Nunca! Isso é impossível.
Mesmo afirmando veementemente que creem, os omissos manifestam sua hipocrisia por meio de sua falsa piedade. Ao ver pessoas pobres (até mesmo irmãos) desprovidos dos recursos básicos para sobrevivência – “carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano” (2.15) – tais pessoas, esforçando-se por parecer bondosas, dizem com cortesia: “Ide em paz” (palavra de bênção), “aquecei-vos e fartai-vos” (palavra de consolo), mas se eximem da responsabilidade de suprirem os necessitados, estando no seu alcance fazê-lo (2.16). Tais pessoas são testemunhas audazes de sua fé morta (2.17).

Princípio a ser aplicado: - Uma forma de vida que nada custa não vale nada.

1.2. A segunda característica do falso cristão reside no engano de sua falsa crença (v. 18-19).

Nos versículos 18 e 19, Tiago pressupõe a possibilidade de uma crença falsa predominar no seio da igreja. Suas palavras de argumentação nos levam a perceber que esta concepção errada é fatal para a vida eclesiástica. A razão disso é o possível surgimento de um antagonismo doutrinário divisor de opiniões entre extremistas defensores da fé, por um lado, e radicais defensores das obras, por outro. Eles já estão ativos em nossos dias. O que foi uma possiblidade no passado remoto hoje é realidade.
Sendo ambos irredutíveis, deixam-se levar por aquilo que os dominam: a carne. A rivalidade se estabelece quando alguém, fazendo uso das Escrituras, diz: “Tu tens fé, eu tenho obras” (2.18). Pronto, o conflito já se estabeleceu no campo da soteriologia: a doutrina da justificação. Agora, novos e diferentes conceitos serão atribuídos tanto à “fé” (como sendo de fonte divina) como também às “obras” (como sendo de fonte humana). Os ânimos são excitados e a polêmica prossegue: “... mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, mostrarei a minha fé” (2.18).
Segundo Tiago, a atitude dos adeptos da “fé sem obras” torna-os semelhantes aos demônios. “Crês tu que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios creem e tremem” (2.19). Ao levantar esta questão, Tiago não contempla o pecador perdido, necessitado de uma legítima conversão. Ele está se referindo a pessoas que professaram sua fé em Cristo (2.1), mas não deram nenhuma evidência de que são realmente regenerados. Tiago entende que tais pessoas são crentes de religião sem compromisso, de uma fé irresponsável. Crentes deste tipo têm algo em comum os demônios: ambos “creem”; mas apenas em um aspecto são distintos: os demônios “tremem” (2.19). Fé sem obras é passaporte para o inferno.
Desvios doutrinários só surgem quando emergem de uma interpretação eixegética e não exegética. O conflito aqui é semelhante ao antagonismo inconciliável entre calvinismo e arminianismo. Quando uma doutrina é mal interpretada na igreja, os danos são terríveis e o pior deles é a divisão, a facção que rompe a comunhão, excita o ódio dos radicais e a rebeldia dos insubmissos. Sentimentos e emoções exacerbados ocupam o lugar do bom senso e da razão, e o amor é substituído pela intolerância, culminando no ódio. Pela quebra da unidade, como resultado do conflito, duas novas “igrejas” emergirão dando origem a duas novas “denominações”: a igreja da fé e a igreja das obras. Cada uma delas, acreditando ser a detentora exclusiva da verdade, irá propugnar sua doutrina, visando ganhar novos prosélitos. Apenas uma coisa em comum ainda irão preservar: ambas vão usar a mesma Bíblia.
Uma vez que as Escrituras não se contradizem e a regra fundamental da Hermenêutica reza que a Escritura é interpretada pela Escritura, deduzimos que a teologia de Paulo da justificação pela fé (salvadora) sem as obras não é incompatível com a tese de Tiago, de que as obras dão legitimidade à fé (salvadora). Uma teologia (a de Tiago) complementa a outra (a de Paulo). São como duas faces de uma mesma moeda. O paradoxo é explicado pelo fato de que Paulo se refere ao pecador fora de Cristo, em seu estado de impiedade, antes da regeneração, enquanto Tiago se reporta ao pecador convertido, após a regeneração. Significa dizer que, embora sejamos salvos pela soberana graça divina, por meio da fé que nos é concedida como dom de Deus (Ef 2.8), e não por meio das obras para que ninguém se glorie (Ef 2.9), tal salvação implica, logicamente, num resultado imediato: a prática das “boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10). Assim, a visão de Paulo se harmoniza com a visão de Tiago.

Princípio a ser aplicado: A fé justifica a vida e as obras justificam a fé.

2.  Características dos verdadeiros cristãos (v. 20-26)

2.1.    A submissão e obediência a Deus (v. 21-23).
Dando prosseguimento a seus argumentos, Tiago apresenta dois exemplos de crentes verdadeiros, um homem e uma mulher, Abraão e Raabe. Ele descreve Abraão com o perfil de uma pessoa que manifesta verdadeira fé, citando a maior prova de submissão e obediência a Deus que um pecador pode dar: o sacrifício de seu próprio filho. Nos versículos 20 a 23, Tiago declara que pela atitude de Abraão, “a fé operava juntamente com as suas obras; com efeito foi com as obras que a fé se consumou” (2.22), dando cumprimento à Escritura que afirma: “Abraão creu em Deus e isto lhe foi imputado para justiça” (2.23). A exemplo de Abraão, os atos de obediência dos verdadeiros crentes justificam sua fé. Portanto, aprovados pela fé, são reputados como justos aos olhos de Deus.

2.2.    Uma vida transformada (v. 25)

Verdadeiros cristãos seguem o exemplo de Raabe. Ela era uma cananeia habitante de Jericó. Os cananeus eram descendentes de Canaã sobre quem Noé, seu avô, lançara uma terrível maldição (Gn 9.24-27). Raabe já tivera conhecimento de quem eram os hebreus e de como o seu Deus havia tratado os egípcios e os povos que se levantaram como inimigos dos hebreus. Ela sabia que o Rio Jordão se abriu para dar passagem a mais de meio milhão de homens armados para invadir sua cidade e destruir seu povo. O testemunho que ela deu aos dois espias é realmente impressionante: Bem sei que o Senhor vos deu esta terra, e que o pavor de vós caiu sobre nós, e que todos os moradores da terra se derretem diante de vós. Porque temos ouvido que o Senhor secou as águas do Mar Vermelho diante de vós, quando saístes do Egito, e também o que fizestes aos dois reis dos amorreus, Siom e Ogue, que estavam além de Jordão, os quais destruístes totalmente. Quando ouvimos isso, derreteram-se os nossos corações, e em ninguém mais há ânimo algum, por causa da vossa presença; porque o Senhor vosso Deus é Deus em cima no céu e embaixo na terra(Josué 2.9-11).
Sua única alternativa era refugiar-se no Deus de Israel. Portanto, num ato de verdadeira fé, ela apostou sua vida em Deus. Movida pela fé e pela esperança de compartilhar da bênção derramada sobre os hebreus, ela arriscou sua própria vida, protegendo os espiões enviados por Josué à cidade de Jericó. Fez isso como ato de abnegação, de verdadeiro altruísmo, pelo dever de obediência que sua fé em Deus lhe impunha.
Altruísmo é uma atitude de abnegação. O altruísta reconhece que o fim da conduta humana é o bem do outro e não o do seu próprio ser. O cristão altruísta sempre age motivado pelo senso do dever a cumprir, reconhecendo que as boas obras são uma imposição da fé em obediência a Deus. Por isso, as obras justificam (legitimam) a fé.
Há outro lado da vida de Raabe: a transformação completa de sua vida. Ao receber a promessa de abrigo e amparo para ela e toda a sua família, Raabe encontrou em Israel, o povo santo de Deus, um futuro melhor e uma vida totalmente transformada. Seu passado haveria de ser apagado da memória de todos que a conheceram como prostituta e a viram na miséria. Por causa de sua fé, seu passado infame foi sepultado pelo perdão de Deus no vale do esquecimento e ela se tornou uma mulher santa, tão santa quanto as mulheres israelitas. O perdão de Deus e sua santidade de vida deram-lhe uma nova reputação.
O melhor de tudo, em sua história de vida, é que Raabe se casou com alguém da família sacerdotal de Arão e seu nome aparece na lista dos ancestrais de Jesus, o nosso Salvador. Veja o que a Escritura diz: “... a Arão nasceu Aminadabe; a Aminadabe nasceu Nasom; a Nasom nasceu Salmom; a Salmom nasceu, de Raabe, Booz; a Booz nasceu, de Rute, Obede; a Obede nasceu Jessé; e a Jessé nasceu o rei Davi...” (Mt 1.4-6).

Princípio a ser aplicado: as obras testificam da fé de pecadores verdadeiramente convertidos.

Conclusão

Certos tipos de árvores produzem certos tipos de frutos. Assim também é nossa fé. Se estamos em busca de verdadeiros crentes, devemos procurar pessoas cujas obras proclamam a fé que professam ter; pessoas cujos atos são coerentes com suas palavras. O princípio que rege a carta de Tiago descreve a religião como pragmática. Sem as boas obras, nos diz Tiago, a fé dos que dizem ser crentes é inútil. Para ele, tais pessoas estão espiritualmente mortas. Elas e os demônios têm algo em comum: ambos creem; em apenas num aspecto são distintos: os demônios estremecem.
Tiago nunca acreditou que somos salvos pelas obras. Não há absolutamente nada que possamos dizer ou fazer que acrescente algo ao que Jesus já fez na cruz. Portando ele nos ensina que podemos reconhecer a fé salvadora por meio das obras que ela produz na vida dos que creem. Tiago nos desafia a examinarmos nossa consciência e avaliarmos os nossos atos para que nossa fé seja julgada e nossa identidade reconhecida. Sejamos cristãos autênticos, cujas obras testifiquem a veracidade da fé que professamos.


8 de dezembro de 2014

QUANDO O HOMEM SE COMPROMETE COM DEUS

TEXTO: Miquéias 6.1-8

1 Ouvi, agora, o que diz o Senhor: Levanta-te, defende a tua causa perante os montes, e ouçam os outeiros a tua voz. b
2 Ouvi, montes, a controvérsia do Senhor, e vós, duráveis fundamentos da terra, porque o Senhor tem controvérsia com o seu povo e com Israel entrará em juízo. c

3 Povo meu, que te tenho feito? E com que te enfadei? Responde-me!
4 Pois te fiz sair da terra do Egito e da casa da servidão te remi; e enviei adiante de ti Moisés, Arão e Miriã.
5 Povo meu, lembra-te, agora, do que maquinou Balaque, rei de Moabe, e do que lhe respondeu Balaão, filho de Beor, e do que aconteceu desde Sitim até Gilgal, d para que conheças os atos de justiça do Senhor. e

6 Com que me apresentarei ao Senhor e me inclinarei ante o Deus excelso? Virei perante ele com holocaustos, com bezerros de um ano?
7 Agradar-se-á o Senhor de milhares de carneiros, de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito f pela minha transgressão, o fruto do meu corpo, pelo pecado da minha alma?
8 Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus. g

Introdução
Constituído em uma sociedade teocrática, Israel era um país regido por leis divinas. A religião impunha um padrão de relações pelo qual as estruturas sociais, as esferas de poder e a vida econômica de Israel eram definidas pela Lei de Deus. Mas infelizmente, durante o período da monarquia, Israel se tornou uma nação degenerada. A imoralidade, a violência e a perversão do direito e da justiça atingiram níveis insuportáveis e a nação mergulhou numa crise espiritual sem precedentes, exigindo uma intervenção urgente de Deus. Esta é a razão pela qual Deus levantou o profeta Miquéias. Sua missão era restaurar espiritualmente a nação para que fosse restabelecida a ordem no país.
Miquéias anunciou com precisão o que Deus esperava de seu povo. “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus”. Com esta declaração, o profeta revelou a Israel que a verdadeira espiritualidade é fruto de uma relação comprometida com Deus.
Como se mede a espiritualidade de um crente? Que sinais indicam que uma pessoa apresenta a Deus um verdadeiro culto? A espiritualidade de um adorador não se mede pelo grau de sua emoção, nem pelos jargões que exclama, mas pelo padrão de sua relação com Deus e com as outras pessoas. Portanto, a mensagem que vou apresentar agora se resume nisto: o verdadeiro culto é a expressão humana de uma relação comprometida com Deus. Quando o homem se compromete com Deus, ele faz quatro descobertas:


1. Descobre que o pecado é o único elemento de controvérsia entre Deus e o homem (v. 1-2)
O propósito de Deus revelado na aliança do Sinai era fazer de Israel, uma nação santa para exercer uma missão sacerdotal no mundo. Mas o povo quebrou sua aliança com Deus, tornando-se uma nação perversa e rebelde.
Deus é santo e inimigo de toda injustiça. Santidade e retidão são atributos exigidos de quem se relaciona com Deus. Por esta razão, todo aquele que segue o caminho da desobediência se opõe ao desígnio de Deus e torna-se réu do juízo divino.

2. Descobre que a bondade do caráter divino traz à luz a perversidade da natureza humana (v. 3-5)
Deus está isento de qualquer responsabilidade pelos pecados do seu povo. Nada justifica a conduta ímpia do homem, uma vez que Deus sempre tem manifestado sua graça e sua misericórdia através de seus atos redentores.
Deus trouxe a lembrança do passado, de como ele libertou Israel da escravidão do Egito, de como cuidou dele durante a peregrinação no deserto e de como o abençoou, quando Balaão foi pago por Balaque para amaldiçoar Israel.
Deus é a essência do Supremo Bem e fonte de toda bondade. Uma vez que Deus fez o homem bom, nada além da liberdade humana justifica o pecado. A soberania de Deus não anula a responsabilidade humana. O homem é sujeito de seus próprios atos e, por isso, é culpado perante Deus. Pecado é a pretensão soberba do homem de viver independente de Deus.

3. Descobre que religião sem compromisso é abominação repugnante que avilta a santidade de Deus (v. 6-7)
O profeta questiona sobre qual o tipo de adoração e serviço é aceito por Deus. Estaria Deus interessado nas formalidades de um ritual religioso destituído da verdadeira espiritualidade? As perguntas do profeta eram uma declaração de que as oferendas de um falso adorador são a expressão da atitude blasfema de tentar subornar a Deus para torná-lo conivente com o pecado
Religião sem compromisso, além de ser inútil, é abominável perante Deus. A falsa adoração é uma atitude maligna e blasfema que consiste na tentativa humana de corromper a natureza e o caráter de Deus. Por isso, a alma de todo falso adorador, em vez de refletir a imagem de Deus, manifesta o caráter de Satanás. Jamais nos esqueçamos de que Deus é um ser incorruptível, santo, justo e perfeito em todos os seus atos e exige de nós santidade. "Sede santos, porque eu, o Senhor, sou santo" (Lv 20.7).

4. Descobre que o homem só goza de comunhão com Deus quando vive uma relação ajustada com o seu próximo (v. 8)
Deus responde às demandas do seu povo manifestando sua vontade, exigindo que cada adorador viva uma relação ajustada e correta com Deus e com o seu semelhante, sendo justo, misericordioso e humilde. Justiça e misericórdia são padrões éticos da relação do indivíduo com o seu semelhante, enquanto a humildade é o padrão que define o caráter da relação entre o homem e Deus.
Justiça é a expressão do dever individual humano de ver o outro como Deus o vê e tratar o outro como Deus o trata. Misericórdia é a expressão de bondade da natureza de Deus que deve fluir através do caráter humano. Humildade é virtude através da qual o homem abate o seu próprio orgulho para submeter-se à autoridade divina.
As Escrituras dizem que a vontade de Deus é boa, agradável e perfeita. Portanto, o interesse de um verdadeiro adorador consiste em agradar a Deus, realizando a sua vontade. O culto verdadeiro é a expressão de uma relação pessoal comprometida que o adorador mantém com Deus e com o seu semelhante. Quando o adorador pratica a justiça e usa de misericórdia para com o próximo, ele se torna parecido com Deus; e quando ele se humilha perante Deus, ele se torna parecido o homem idealizado por Deus.

Conclusão
Meu amado irmão, Deus sabe que tipo de adorador é você. Nunca tente disfarçar porque Deus é onisciente. Portanto, lembre-se de que você não conseguirá ir muito longe enganando a todos e a si próprio. Diante disso, quero reafirmar o que disse no início desta mensagem: a verdadeira espiritualidade é fruto de uma relação comprometida com Deus.
Somente uma relação comprometida com Deus leva o homem a descobrir que o pecado é o único elemento de controvérsia entre Deus e o homem; que a bondade do caráter divino traz à luz a perversidade da natureza humana; que religião sem compromisso é abominação repugnante que avilta a santidade divina; e, finalmente, o homem só goza da comunhão com Deus quando vive uma relação ajustada com o seu próximo.
Deus o ama e se recusa a deixá-lo como você está. Não mais a sua salvação, mas a sua espiritualidade é a maior preocupação de Deus agora. A não ser que você tenha de verdade uma relação pessoal comprometida e ajustada com Deus e o seu semelhante, você agora está sendo chamado a vir ao altar da consagração e começar uma nova relação com Deus e sua igreja.



6.1 Cf. Dt 32.1Sl 50.1-6Is 1.2.
6.2 Is 3.13-15Os 4.1-612.2.
6.5 Desde Sitim até Gilgal: Sitim foi o último lugar onde Israel acampou antes de cruzar o Jordão, e Gilgal, o lugar do seu primeiro acampamento a oeste desse rio. A frase refere-se a um período crítico e muito importante na história de Israel: o da entrada na Terra Prometida (cf. Js 3—4). Ver o Índice de Mapas.
6.3-5 Para realçar mais a infidelidade e ingratidão de Israel, enumeram-se algumas manifestações do Senhor a seu favor: a libertação do Egito (Êx 12.50-5120.2Dt 5.6); o chamado de Moisés, Arão (Êx 3.1—4.17,27-30) e Miriã (Êx 15.20); e a bênção de Balaão ao povo (Nm 22—24Dt 23.5).
6.7 Darei o meu primogênito: O sacrifício do filho primogênito, praticado algumas vezes pelos cananeus, estava terminantemente proibido em Israel (Lv 18.2120.2-5Dt 12.3118.10cf. 2Rs 16.321.6). O primogênito era objeto de uma bênção especial (Gn 27.1-4), e a ele correspondia uma porção dobrada da herança do pai (Dt 21.17).
6.6-8 Estes vs. resumem admiravelmente a pregação moral dos profetas. Miquéias retoma assim o conceito de justiça presente em Amós (Am 5.21-25), o conceito de fidelidade e misericórdia, em Oséias (Os 1—3) e os de fé e humildade, em Isaías (cf. Is 2.6-177.8-9). Deus rejeita aqueles sacrifícios que são práticas meramente exteriores (cf. 1Sm 15.22-23Pv 21.3Is 1.11-14Os 6.6Zc 7.9-10).
Sociedade Bíblica do Brasil. (1999; 2005). Bíblia de Estudo Almeida - Revista e Atualizada (Mq 6:8). Sociedade Bíblica do Brasil.